O governo Dilma sempre
se recusou a discutir a sério os problemas da economia. Escuda-se na alegação
de que o mercado de trabalho vai bem e que, sendo assim, não há que se falar em
fraquezas. O que dirão agora que a geração de empregos despencou no país?
Porta-vozes oficiais
têm adotado o mantra de que “PIB não enche barriga” no intuito de criar uma
narrativa que – com o fracasso de Dilma Rousseff na promoção do crescimento – desdenha
a importância da expansão econômica para o bem-estar da população. Mas, se PIB
não enche barriga, é o emprego que põe comida na mesa. Ou não?
Neste sentido, são muito
ruins os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados
ontem pelo governo. Em maio, foram criadas apenas 58,8 mil novas vagas de
trabalho em todo o país.
Parece bom? Uma
frase ajuda a qualificar o dado: foi o pior resultado para meses de maio desde
1992, tempo em que Fernando Collor ainda era presidente da República. Lá se vão
22 anos. Nem em tempos de crise brava, como foi 2009, fomos tão mal assim.
Nos cinco primeiros
meses deste ano, foram criadas 543 mil novas vagas de trabalho, com queda de
28% em relação ao mesmo período de 2013. Na comparação com os cinco meses
iniciais do primeiro ano da gestão Dilma, a queda é bem mais significativa: 55%
quando comparadas as médias mensais.
O segmento mais
penalizado pelos cortes é a indústria da transformação: em maio, 28,5 mil
postos de trabalho foram eliminados. É o segundo mês seguido com quedas no setor – em abril, o saldo fora negativo em 3,4 mil e, no
acumulado no ano, a redução no emprego industrial já é de 2% em relação a 2013.
No ano, até maio, a indústria
criou apenas 3,6 mil novas vagas de trabalho e caminha para fechar 2014
praticamente no zero a zero, na melhor das hipóteses. O pior é que, em geral,
os ciclos de demissões na economia começam pelo setor industrial, o que permite
acender luz amarela para o mercado de trabalho em geral nos próximos meses.
Ao mesmo tempo, a
atividade industrial deve ter queda no ano (-0,14%), conforme as previsões mais
recentes colhidas pelo Boletim Focus do
Banco Central. Frise-se que são os empregos industriais justamente os mais bem
remunerados e qualificados. O trabalhador brasileiro, portanto, empobrece.
São todos resultados
muito ruins para um país em véspera de Copa do Mundo, como era o Brasil em maio
passado. Se, dentro de campo, o Mundial de futebol está sendo um espetáculo,
fora dele os sinais são frustrantes, como ilustra o mercado de trabalho.
Deveríamos estar bombando, mas não.
O governo prefere
culpar empresários e seu “pessimismo”, como se humores e não dados da realidade
fossem o motor dos investimentos produtivos. Gente como Lula consegue ser ainda
mais irrealista, ao dizer
que Dilma está “mantendo a inflação na meta com manutenção de salário e
emprego”. Só se for em Marte...
A meta de criação de
1,4 milhão de vagas neste ano não deve se confirmar e deve ser oficialmente revista
pelo governo já no próximo mês. O governo Dilma diz que criou 5,1 milhões de
empregos. Não é verdade. Segundo o Caged, foram apenas 3,6 milhões. É bom, mas
é quase 30% menos do que a propaganda oficial apregoa.
A crise na criação
de empregos no país é mais um efeito da duvidosa política econômica da
presidente Dilma Rousseff. Se já tínhamos a mais perversa das combinações, com
inflação alta e crescimento baixo, agora adicionamos uma pitada a mais de
pimenta, com a forte perda de dinamismo do mercado de trabalho. O caldo
entornou.
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