É este o clima reinante
hoje no Brasil, e justamente às vésperas do que a propaganda oficial vendeu
como a maior festa de todos os tempos. A “Copa das Copas” só não é um fiasco
completo porque os jogadores da seleção de futebol se esforçam para manter acessa
a chama da esperança. Na vida cotidiana, está tudo uma dureza só.
Pesquisa do Datafolha
divulgada hoje confirma o clima de desânimo. Otimista inveterado, o brasileiro
caiu na real e tornou-se um pessimista empedernido. São maioria (36%) os que
acreditam que a situação do país na economia vai piorar. Parte relevante dos
que antes achavam que tudo continuaria como está agora enxerga o futuro com
viés negativo.
Teme-se a inflação,
que voltou a subir no acumulado em 12 meses – agora para 6,37%, conforme
divulgou o IBGE
nesta manhã. Segundo o Datafolha, a expectativa de alta nos preços voltou a seu
patamar mais alto: 64% dos entrevistados apostam nisso. Nesta semana, o Pew Research também listou a inflação como maior preocupação atual dos
brasileiros.
Teme-se também o
desemprego. Para 48% dos entrevistados pelo Datafolha, a falta de trabalho vai
aumentar no país. O patamar só é menor que o registrado em março de 2009, no
auge da crise econômica que se seguiu à quebra do banco americano Lehman
Brothers. Sintetiza a Folha de S.Paulo:
o pessimismo “bate recorde”.
Decerto não é “canalhice”,
como acusa
o falastrão Luiz Inácio Lula da Silva, a amarga constatação. Decerto a sensação
expressa nas pesquisas e vocalizada por formadores de opinião e empresários é a
mesma que acomete quem toma ônibus lotado, quem não obtém atendimento decente em
hospital e não consegue comprar na feira o mesmo que comprava no mês anterior.
Nossa gente parece
ter se cansado do blábláblá das autoridades. Chega de diagnóstico, chega de
promessas. Até porque ninguém mais que eles conhece tão bem o que os diagnósticos
expressam. Sabe tão bem o que as promessas não cumpridas acarretam em forma de
uma vida cada vez mais dificultosa.
Há esperança, porém.
O mesmo Datafolha mostra que as intenções de voto em Dilma Rousseff continuam mergulhando,
o que permite antever riscos concretos de derrota do projeto de reeleição que
ela encarna. Em quatro meses, dez pontos percentuais foram para o buraco,
levando junto a candidata-presidente.
O Datafolha constata
que a insatisfação com o governo petista ainda não se reverteu em votos para os
candidatos da oposição. De fato. Mas é de se ressaltar a enorme distância entre
os meios à mão do governo e os disponíveis àqueles que tentam apear Dilma do
poder. É abissal e ainda está longe de ser transposta.
A exposição das opções,
a partir de julho, na campanha eleitoral tende a fazer o quadro se alterar. É o
que quase sempre ocorre, com foi em 2010, neste caso a favor da hoje
presidente. Os brasileiros estão convictos de que é hora de mudar. Só precisam
de um pouco mais de informação e tempo para saber qual o rumo tomar. A mudança
chegará.
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