O governo prepara
para hoje o anúncio do que seria um “pacote de bondades” para aliviar a situação da economia, mais especificamente da indústria
e do setor exportador. Como boa parte do que acontece na atual gestão, as
medidas chegam com cheiro de improviso e, sem sombra de dúvida, com grande
atraso.
Pode ser tarde
demais para evitar o naufrágio, tanto econômico, quanto eleitoral – que é o
que, efetivamente, interessa à presidente da República e sua equipe neste
momento. O que move o governo é tentar minorar o mau humor de empresários e
investidores que não exibem ânimo para continuar aturando as más condições que
a gestão petista espalha pela economia.
O tal pacote
conterá, segundo informam os jornais de hoje, estímulo a exportadores, novas facilidades
tributárias e a manutenção de linhas de financiamento subsidiadas pelo BNDES.
São importantes, sim, para tentar injetar alguma adrenalina numa economia que
respira por aparelhos. Mas, possivelmente, são insuficientes para surtir o
efeito pretendido.
Pontualmente, é
válido que exportadores contem com um mecanismo de estímulo como o Reintegra no
mesmo momento em que o câmbio não os ajuda. Mas são as péssimas condições
gerais de competitividade da nossa economia que lhe tiram completamente o oxigênio
na hora de disputar mercado no exterior com concorrentes em situação muito
melhor para produzir.
Renegociação de
débito tributário, por meio do Refis, já deixou de ser uma forma de atenuar a
escorchante carga de impostos praticada no Brasil para se tornar um instrumento
para aumentar a arrecadação e evitar resultados fiscais mais catastróficos. Permitir,
pela enésima vez, que devedores parcelem e quitem suas dívidas deixou de ser
novidade.
A manutenção do
Programa de Sustentação do Investimento – há quem diga, como O Estado de S. Paulo, que é mais que isso, com o programa tornando-se
permanente como linha regular do BNDES – é um pleito dos empresários. O
problema tem sido a forma como se dá o processo de seleção dos (poucos) beneficiários.
O ideal é que os
juros “padrão BNDES” não fossem só para uns poucos eleitos, mas para os muitos no
país que precisam de fôlego financeiro para investir e fazer seu negócio
crescer. Subsídios são necessários, mas hoje sequer se conhece que benefícios
acarretam e quem paga ou deixa de pagar por isso. Poderiam ser muito melhor
empregados.
Pelo que se noticia,
exceto o Refis as novas medidas valeriam para o ano que vem. Ou seja, no duro
do real, o governo da presidente Dilma Rousseff vende o que não tem, porque seu
mandato acaba em 31 de dezembro próximo e as urnas ainda não lhe deram a
recondução – se é que lhe darão...
O que se constata é
que pode ser tarde demais para as bondades que o governo assaca agora da
algibeira a fim de tentar reanimar uma situação econômica que já se encontra em
estado tal que remendos não convencem, tampouco são suficientes. O buraco em
que nos metemos está bem mais embaixo.
Mais grave ainda é o
risco de, no afã de tentar manter-se no poder a qualquer preço, o atual governo
lançar-se em iniciativas irresponsáveis que comprometam ainda mais o futuro e
dificultem mais ainda a recuperação econômica. A inclinação petista a vender
terreno na lua é, mais que uma evidência, prática a que se lançam sempre que o
calo aperta.
Não se espera,
contudo, que o governo fique imobilizado. Mas, sim, que adote medidas
responsáveis e consequentes. Improvisar é tudo o que não se deve fazer numa
economia que caminha para seu quarto ano de anemia, consolidando-se, sob a
égide de Dilma Rousseff, como um dos patinhos mais feios entre todos os países
do mundo.
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