O país atravessa
hoje uma de suas mais graves crises de confiança. O futuro parece turvo, se não
para todos, para grande maioria. O brasileiro olha para a governante no Palácio
do Planalto e não enxerga nela quem possa lhe conduzir a um amanhã melhor. Afinal,
foi a mesma governante quem o trouxe a este presente penoso.
As expectativas estão
ruins. Do empresário que desiste de produzir ao consumidor que prefere não
comprar, passando pelo investidor que migra seu dinheiro daqui para bem longe. Dilma
e um monte de petistas acha que é pura birra de quem faz “beicinho”,
como decretou o ministro Paulo Bernardo há uns meses. Não entendem – ou não
querem compreender – como funcionam as coisas no mundo real.
Os indicadores de
confiança e expectativa estão todos apontando para baixo. Os da indústria, do
comércio e dos consumidores estão nos menores níveis desde a crise de 2008, ano
em que o mundo todo mergulhou numa profunda recessão. Ao contrário de antes,
contudo, o mau humor agora é propriedade nossa, exclusividade dos brasileiros.
A constatação é
reforçada por pesquisa feita pelo Pew Research Center divulgada ontem nos EUA. Os números são acachapantes. Para
começar, 72% dos brasileiros estão insatisfeitos com a situação do país. O
nível de insatisfação, porém, não é de agora: supera sistematicamente o de
satisfação desde 2012, embora o abismo entre um e outro tenha se acentuado
nestes últimos 12 meses.
A situação da nossa economia
é ruim para 67% dos pesquisados, numa situação completamente inversa à de um
ano atrás, quando 59% a avaliavam como boa. Neste caso, a reversão é total: desde
2010, quando o Pew Research fez sua primeira pesquisa nacional, até 2013, as
avaliações positivas sobre o ambiente econômico brasileiro sempre superaram as
negativas.
Os resultados
colhidos não decorrem de avaliações aleatórias. O brasileiro sabe exatamente o
que lhe incomoda: 85% apontam a alta de preços, a inflação, como principal problema
do país atualmente. Insegurança e falta de saúde aparecem logo na sequência, com
83%. Também preocupam a corrupção política (78%) e a perda de oportunidades de
trabalho (72%).
A visão que os
entrevistados professam em relação à forma com que Dilma Rousseff cuida dos
principais assuntos do país é amplamente negativa. O Pew Research apresentou
nove temas e áreas aos pesquisados e em absolutamente todos a relação é de, no
mínimo, dois que desaprovam para cada um que aprova, chegando a seis para um no
caso da corrupção, da segurança e da saúde.
“O atual nível de
frustração que os brasileiros expressam em relação à direção do seu país, a sua
economia e os seus líderes não tem paralelo nos anos recentes”, resumem os
pesquisadores. Segundo Juliana Horowitz, brasileira responsável pelo trabalho, o
instituto fez levantamentos em 82 países desde 2010 e só viu oscilações tão
acentuadas em lugares que passaram por crises ou rupturas institucionais, como
o Egito, registra O Estado de S. Paulo.
O que o Pew Research,
um dos principais institutos de pesquisa dos EUA, constata é algo que os que
vivemos no Brasil atestam cotidianamente. Tornou-se insuportável aceitar a
degradação das condições de vida, o desleixo com conquistas econômicas e
sociais, a corrosão de valores que se tornaram norma nos anos recentes. Já deu.
Que novembro chegue rápido, para enxotar o quanto antes esta gente do governo.
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