A Copa do Mundo está
logo ali na esquina, mas o Brasil está a milhas de distância do país que emergiria
do torneio, como, durante anos, prometeu o discurso oficial. A preparação para o
campeonato legará poucos benefícios duradouros à população. E o pouco que foi
feito exibe um padrão de qualidade muito abaixo da crítica.
As decepções começam
logo na porta de entrada do país. Com honrosas exceções, os aeroportos continuam
tão ruins quanto sempre foram. O cenário é quase de terra arrasada, como
descreve a Folha de S.Paulo em sua edição de hoje. Não parecemos um país às vésperas de
uma grande festa, mas sim um país depois da guerra.
Das 12 cidades
sedes, 11 têm aeroportos com falhas, obras inacabadas, muita sujeira e,
sobretudo, desorganização. Que cartão postal! Tem até obra que começou e foi
abandonada pelo caminho, por absoluta inépcia dos realizadores, como é o caso
do aeroporto de Fortaleza, substituído por um puxadinho.
Levantamento mais
amplo, divulgado
há três semanas, mostrou que apenas 41% das 167 obras previstas para a Copa,
conforme a chamada matriz de responsabilidade, estavam prontas. O número mais
atualizado dá conta de que o percentual subiu para 50%. Ou seja, sete anos
depois de escolhido sede do torneio, o Brasil do PT só fez metade do que
deveria. Quanta competência!
Não é apenas nas
obras relacionadas ao campeonato de futebol que este padrão lambão de fazer as
coisas transparece. Ele está presente também na gestão cotidiana do governo, no
comando das empresas públicas, no descompromisso com a boa aplicação do
dinheiro dos contribuintes, na forma errática de conduzir a economia. Dá para
sintetizar numa expressão: é o padrão Dilma de governar.
Neste padrão,
promessas só servem para não serem cumpridas e, um pouco mais à frente, serem oportunisticamente
recicladas. É o que acontece com as sucessivas fases de programas como o PAC, o
Minha Casa, Minha Vida, o Ciência sem Fronteiras e o Pronatec – todas anunciadas
ou por serem anunciadas muito antes de as metas originais terem sido atingidas,
quando o são.
O padrão Dilma envolve
não apenas inapetência, mas também o gosto pelo engodo. Tome-se o PAC. Sua segunda
versão, lançada no início de 2010, serviu para reembrulhar o muito que a primeira,
datada de 2007, não entregara. O expediente, claro, foi insuficiente para transformar
saliva e discurseira em realizações de verdade.
Das 49.905 obras do
PAC 2, apenas 12% foram concluídas nos três primeiros anos de governo Dilma.
Pior: mais da metade das obras (53%) sequer foram iniciadas, de acordo com
levantamento divulgado em abril pela revista Veja,
com base em dados da ONG Contas Abertas. A presidente, contudo, prepara-se para
anunciar a terceira fase do programa...
Este padrão chumbrega
também está na gestão de empresa como a Petrobras, onde investimentos
bilionários, como os da Abreu e Lima, em Pernambuco, são feitos nas coxas, na
base da “conta de padeiro”, no dizer de seu mais notório dirigente: o hoje presidiário
Paulo Roberto Costa. Não espanta que a refinaria – decidida à época em que Dilma
presidia o conselho de administração da estatal – tenha se tornado a mais cara
já feita em todo o mundo.
O retrocesso que o
país experimenta nos anos recentes, com crescimento anêmico e inflação
renitente, é produto direto deste método medíocre de gestão. O Brasil foi posto
na mão de aprendizes de feiticeiro que transformaram a nação num laboratório e
num mero detalhe de seu projeto de poder eterno. Com o padrão Dilma de governar,
fomos para o buraco. De lá, temos que sair rápido, antes que afundemos
irremediavelmente.
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