Dilma Rousseff foi
ungida no fim de semana como candidata à reeleição pelo PT com uma mistura de promessas
recicladas, velhos ranços e slogans inverossímeis. É a demonstração mais
evidente de que, em seu mandato, a presidente da República não produziu realizações
suficientes para justificar mais quatro anos de governo.
Um marciano que
descesse à Terra no sábado passado provavelmente concluiria que ali reunia-se um
partido em guerra para assumir pela primeira vez o comando do país. Imaginaria que
a mulher que discursava prometendo mundos e fundos jamais sequer passara perto
de sentar-se numa cadeira no Executivo.
O mesmo marciano provavelmente
levaria um susto ao saber que o partido que realizava sua rica e tecnológica convenção
governa o Brasil há quase 12 anos e já está prestes a completar sua terceira
gestão seguida no comando do país.
Nosso ET imaginário certamente
cairia para trás ao saber que a mulher tão pródiga em prometer ocupa há quase
quatro anos a cadeira de principal mandatária do país, além de ter participado,
durante todos os dias, dos dois governos que a precederam.
O marketing petista parece
crer na necessidade de tornar suas promessas mais vistosas. Para tanto, até criou
um novo rótulo para enfeixá-las: Plano de Transformação Nacional, que chega
para ocupar o vácuo do Programa de Aceleração do Crescimento. Um e outro se
assemelham: não passam de vento, intenções ao léu, cantilena sem efeitos
benéficos para a população.
O tal plano prevê desburocratização,
investimentos em educação, reforma do sistema político através de plebiscito,
revisão de pacto federativo e melhorias nos serviços públicos. “Aglutina
programas de governo que já existem com ideias genéricas que ainda estão em
discussão”, sintetizou a Folha de S.Paulo no domingo.
Aquilo que não é platitude
foi xerocado de propostas que a oposição vem sustentando há anos, como a necessidade
de arejar o Estado, desonerar o cidadão e reequilibrar direitos e deveres dos
entes nacionais. E também há excentricidades como o “Banda Larga para Todos”
num país em que metade da população nem esgotamento sanitário tem.
Se nos compromissos
a plataforma petista é enganosa, no tom é beligerante. A retórica nervosa e
agressiva deu o norte na convenção que ungiu a candidatura à reeleição. Para
alguém que hoje tem a atribuição de governar para todos os brasileiros, nada
mais explícito para comprovar o desequilíbrio da mandatária.
O PT vai insistir na
tese de que representa o bem e seus adversários são o mal encarnado. Mas os
petistas se julgam tão superiores que contra o “nós” deles cabem todos os
demais. Ou seja, será uma espécie de luta do “nós” (os petistas) contra todos –
tucanos, republicanos, democratas, pipoqueiros, indignados, taxistas, sindicalistas
e qualquer um que não diga amém.
Tomando por base o
que disse Dilma no sábado, ela e seu partido também não veem problema algum na
rota que o país vem trilhando nos últimos anos. Parecem crer que basta fazer
mais do mesmo, aprofundar a opção pela equivocada “nova matriz econômica” para
que as portas da esperança finalmente voltem a se abrir.
Como o espírito do
tempo não deixa margem a ignorar o sentimento de mudança que grassa na
população, os petistas não se furtaram a tentar apropriar-se dele: “Mais
mudança; mais futuro”, pede seu slogan. Impossível admitir que quem está aí há
tanto tempo, e é hoje o real responsável por problemas que remanescem sem
solução, seja o portador de qualquer transformação.
O que o PT não
entendeu é que o passado hoje são eles. Quando Dilma diz,
como fez ontem em Macapá, que programas como o Minha Casa, Minha Vida nasceram porque
“no passado não se dava importância à casa própria”, esquece-se
convenientemente que, quando o programa foi lançado, o PT já era governo há
seis anos.
Na campanha que se
aproxima, Dilma Rousseff terá que responder pelos seus atos, pelo governo que comandou,
pelas promessas que não cumpriu, pelo pouco que realizou. Na convenção que a escolheu
candidata, não fez nada disso. Certamente porque não tem resposta para nenhuma
destas questões.
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