O novo presidente da
Central Única dos Trabalhadores ameaça levar seus comandados às ruas para
protestar contra decisões do Supremo Tribunal Federal que lhe desagradem – ou seja,
que levem à condenação de alguns dos réus do mensalão. “Não pode ser um julgamento político. Se isso ocorrer, nós iremos para
as ruas. A CUT é um ator social importante e não vai ficar olhando”, disse
Vagner Freitas à Folha
de S.Paulo.
A atitude da CUT não
é novidade. À época em que o escândalo da compra de apoio parlamentar foi
revelado, em 2005, a central e outros satélites do PT também ameaçaram parar o
país para impedir alguma investigação mais séria sobre a conduta do então
presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A linha de ação é conhecida: acuar adversários,
coibir investigadores, salvar corruptos.
Curioso é que a mesma
CUT que se ocupa em defender réus num processo que lesou os cofres públicos em
milhões de reais não se anima a lutar por seus filiados do serviço público
federal, em greve há semanas. “A dúvida, hoje, é se a CUT vai para as ruas a
favor dos mensaleiros de Lula, contra o Supremo, ou se vai a favor dos trabalhadores”,
comenta Eliane Cantanhêde na Folha.
Não há dúvida de que
o PT vai usar todas as armas de que dispõe para conturbar o julgamento do
mensalão e levantar, o tempo todo, suspeitas sobre as decisões tomadas pelos ministros
do STF. A senha está dada: o que desagradar os petistas será tratado como manifestação
política e não técnica – e, portanto, passível de contestação.
Exatamente um mês
atrás, a meninada da UNE também deu seus urros ao ser instada pelo chefe da quadrilha
do mensalão – na definição da Procuradoria-Geral da República – a ir para as
ruas travar o que seria uma “batalha política”. Como se vê, tanto os estudantes
quanto os sindicalistas não aceitam as regras do Estado Democrático de Direito.
Se não lhes apetece, vociferam e ameaçam.
Desde já, não há dúvida
que toda e qualquer decisão contrária aos mensaleiros será vilipendiada pelo PT
e seus satélites. Para começar, a própria escolha da data do julgamento, que
coincidirá com o processo eleitoral, já tem servido de mote para o esperneio. Não
será surpresa se, por esta razão, todo o processo for posto em descrédito pelos
38 acusados e seus advogados.
O uso indiscriminado
de estruturas oficiais para coibir apurações e o trabalho da Justiça não é
novidade no PT, muito menos uma particularidade do mensalão. Também no caso dos
aloprados, a compra de falsos dossiês anti-tucanos em 2006, a mão pesada do
Estado foi acionada para impedir que as investigações chegassem aos peixes graúdos,
como mostrou a revista Veja
desta semana.
O bom da história é
que o Supremo já demonstrou que, às pressões, reage com atitudes firmes. Foi assim,
por exemplo, com a malfadada tentativa de Lula de intervir no processo,
postergando-o para 2013, quando algumas das penas já estariam prescritas. Mais que
depressa, os ministros retrucaram marcando o julgamento para já.
Enquanto o PT se
movimenta para colocar seus comandados a postos para parar o país, a maioria da
sociedade brasileira, que repudia a afronta que o mensalão representou, está
mobilizada para impedir que os arreganhos autoritários da turma de José Dirceu prosperem.
Chegou a hora de os mensaleiros acertarem as contas com a Justiça. Eles são réus,
não vítimas; e não há ameaça que mude isso.
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