Sete anos atrás, o
país tomou conhecimento de que, para perpetuar-se no poder, o PT estava usando
recursos públicos, desviados de contratos firmados por empresas estatais com
agências de publicidade, para garantir o voto de deputados no Parlamento. Nascia,
então, o mensalão, uma das maiores máculas da história política brasileira.
Uma das principais
fontes de recursos que alimentou o esquema foram contratos de publicidade
firmados entre o Banco do Brasil e a DNA Propaganda, agência de Marcos Valério,
o operador do mensalão. Dali saíram exatos R$ 152.833.475,00. Da Visanet, operadora
de cartões de crédito na qual o BB tem participação expressiva, também vieram
outros R$ 74 milhões, conforme pode ser lido no relatório
do ministro Joaquim Barbosa finalizado em dezembro.
Diante de tão
aterradoras provas de que o dinheiro do contribuinte foi surrupiado, o PT,
candidamente, insiste em dizer que, na realidade, tomou empréstimos bancários para
quitar dívidas de campanha. Seria, portanto, tudo legal e parte de mera
operação financeira. Entretanto, nem a instituição por onde a dinheirama da
corrupção foi movimentada corrobora esta torpe versão.
Em suas alegações
sobre o mensalão, o Banco Rural assegura que o dinheiro tomado pelo PT veio,
sim, de fontes públicas, conforme informa O
Globo em sua edição de hoje. Os recursos que irrigaram o “valerioduto”
chegavam ao Rural originados de créditos recebidos de instituições públicas por
outra agência de Valério, a SMP&B. Dali, saíam para engordar o bolso de
parlamentares.
A alegação do Rural –
que tem quatro dirigentes entre os réus do processo – é, apenas, mais uma
evidência de que o dinheiro do contribuinte, que deveria ser utilizado para
melhorar a vida dos cidadãos brasileiros, foi gasto para benefício do PT e de
seu projeto de poder. Um milionário esquema que só veio à tona porque um dos
comensais se sentiu prejudicado por embolsar menos do que lhe prometeram.
As provas de que o
mensalão existiu e de que se constituiu no maior duto de dinheiro público para
bolsos privados que se conhece na história do país são abundantes na denúncia
oferecida pelo então procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, em
2006. “Negar a existência do mensalão é uma afronta à democracia”, rememorou
ele, em maio, em entrevista à revista Veja.
Da perspectiva de
quem fez a denúncia e acompanhou o processo até 2009, Souza não tem nenhuma dúvida: o PT usou dinheiro público no seu organograma da corrupção. “Digo
que existe prova pericial mostrando que dinheiro público foi utilizado. Repito:
há prova pericial disso. E o Supremo, quando recebeu a denúncia, considerou que
esses fatos têm consistência”, afirmou o ex-procurador-geral na entrevista de
maio.
Não por acaso, a denúncia
da PGR indica a montagem, pelo PT, de uma “sofisticada organização criminosa” dentro
do aparelho estatal. Os 38 réus do processo respondem por acusações de crimes
de lavagem de dinheiro, corrupção passiva e ativa, peculato, evasão de divisas,
formação de quadrilha e falsidade ideológica. Muitos dos delitos já foram
reconhecidos e confessados pelos réus.
O PT, por meio de porta-vozes
da estirpe de José Dirceu e Delúbio Soares, bate na tecla de que o “valerioduto”
movimentou “apenas” recursos de caixa dois de campanha – o que configuraria, meramente, crime eleitoral, já prescrito. Contudo, do ponto de vista ético e jurídico, isso não altera nada: quando há apropriação de dinheiro público, não é a sua finalidade que vai descaracterizar o crime.
Não há a menor
sombra de dúvida de que, assim que chegou ao Planalto, o PT montou um esquema
para drenar os cofres do Estado e assegurar, assim, sua eternização no poder. O
mensalão foi descoberto e está prestes a ser punido pelo STF, no histórico
julgamento que começa na semana que vem. Não há versão ou tentativa de farsa que
conseguirá reescrever esta história.
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