Segundo o IBGE, a
indústria brasileira caiu 4,3% em maio na comparação com igual período do ano
passado. Foi a nona queda seguida nesta base de comparação e o pior desempenho
desde setembro de 2009. Num curto espaço de tempo, o setor retrocedeu tudo o
que conseguira avançar nos últimos anos.
A indústria
brasileira opera hoje no mesmo nível em que estava em fins de 2009. Isso significa
que toda a expansão registrada no pós-crise de 2008 foi anulada. Segundo O Globo, foram necessários apenas 14
meses de maus resultados – que praticamente coincidem com a duração do governo
Dilma Rousseff até agora – para fazer tamanho estrago.
No ano, a indústria brasileira
já encolheu 3,4%. O recuo é generalizado: em maio, houve queda em 17 das 27
atividades pesquisadas, em 46 dos 76 subsetores e em 430 dos 755 produtos
investigados pelo IBGE. Historicamente, entre 2003 e 2011, cerca de 60% dos
ramos industriais conseguiam manter-se em alta, mas agora apenas 40% estão
nesta privilegiada condição.
A partir dos novos
dados, a perspectiva do setor para este ano é de encolhimento. Para fechar 2012
no azul, a indústria brasileira teria de reverter completamente sua dinâmica
atual. Segundo a LCA Consultores, será necessário saltar da queda média de 0,6%
ao mês registrada até maio para uma alta média de 1,5% mensal entre junho e dezembro.
Parece difícil.
Um dos complicadores
é a dinâmica dos bens de produção – a fabricação de máquinas e equipamentos, que
indica a direção para a qual aponta o comportamento futuro do setor. Em maio,
também neste segmento houve queda de 1,8% em relação a abril e de 12,2% na
comparação com o mesmo mês do ano passado, revertendo seguidas altas que vinham
desde setembro de 2011. A perspectiva é nebulosa.
O que parece
evidente é que o caminho seguido pela gestão petista não está levando a lugar
algum. Foram anunciados nove pacotes de incentivos desde 2009. Destes, sete foram
adotados na gestão Dilma e, somados, representam R$ 102 bilhões em benefícios,
de acordo com O
Globo. Não se enxerga reação à altura.
A insistência do
governo federal em medidas pontuais, fragmentadas tem sido criticada pelos
analistas e pela oposição. Mas até mesmo órgãos oficiais já detonam a trilha perseguida
pelas gestões petistas. Ontem, o Ipea divulgou relatório em que considera “esgotado”
o modelo de crescimento baseado no incentivo ao aumento de consumo.
“Se o governo não
considerar essas medidas como parte de um plano maior, o que se
faz é apenas enxugar gelo, apagar incêndio ou tapar o sol com
a peneira. Ou seja: não faz nada”, disparou
Roberto Messemberg, coordenador do Grupo de Análise e Previsões do
Ipea.
A alternativa,
sugere o órgão, é alavancar os investimentos públicos. Mas está ocorrendo
justamente o contrário: dos R$ 80 bilhões aprovados no Orçamento para 2012, menos de R$ 17 bilhões foram executados até agora,
segundo informou a Tendências Consultoria na semana passada.
O país padece da
falta de uma agenda robusta voltada a reestabelecer a competitividade da nossa
economia, em especial do setor industrial. Entre 2000 e 2009, a produtividade
da indústria caiu 0,9% ao ano. Sem condições adequadas para produzir, com
dificuldades logísticas sérias, custos financeiros altos e carga tributária
muito onerosa, nossas fábricas curvam-se à concorrência externa.
O comportamento do
comércio exterior brasileiro comprova isso. O saldo acumulado no primeiro semestre
foi o mais baixo em dez anos, com recuo de 0,9% nas exportações e aumento de 4,6%
nas importações. Ou seja: demanda existe, mas ela está sendo suprida pelos
fornecedores estrangeiros e não pelas plantas locais.
Os novos resultados divulgados
pelo IBGE indicam que os pacotes lançados nos últimos anos não conseguiram impedir
sequer que os setores privilegiados por benefícios também sucumbissem. A indústria
brasileira tem condições de se soerguer, mas precisa, para tanto, de políticas públicas
estruturantes, uma espécie de agenda da competitividade. É tudo o que não se
viu nas gestões do PT até hoje.
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