As 50 mil páginas
dos 300 volumes que compõem o processo estão repletas de provas de que o
partido de Lula, Dilma e José Dirceu surrupiou dinheiro dos cofres públicos
para financiar um festival de crimes que vão de formação de quadrilha,
corrupção ativa e passiva a peculato, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e
gestão fraudulenta.
Em reportagem no
domingo, O
Globo estimou em “pelo menos” R$ 101,6 milhões o montante desviado pelo
PT para comprar apoio de parlamentares, corromper servidores públicos, lesar o erário,
driblar o fisco – enfim, praticar atos corruptos – a fim de perpetuar-se no
poder após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva.
A cifra resulta de
apurações feitas por investigadores da Polícia Federal, do Ministério Público
Federal e do Tribunal de Contas da União, mas pode ser ainda maior. Segundo a Folha
de S.Paulo, o mensalão teria mobilizado R$ 141 milhões em dois anos,
somando empréstimos bancários e recursos desviados de contratos com o setor
público.
A defesa dos
mensaleiros argumenta que não houve pagamento de mesada a parlamentares para
votar com o governo petista nos idos de 2003 a 2005. A realidade é que existiu
não apenas isso, como também coisa muito pior: a montagem de uma rede para corromper
o poder público, parasitá-lo, carcomer as estruturas da República. O mensalão é
isto.
“A palavra ‘mensalão’
dá a impressão de uma fila de pessoas que, ao fim do mês, vai receber alguma
coisa. Nada a ver com isso. Ali tem peculato, corrupção ativa, corrupção
passiva, formação de quadrilha e os crimes fiscal e financeiro”, resume o
ex-procurador-geral da República Antônio Fernando de Souza, autor da denúncia.
Ele assegura, em
entrevista a O
Globo publicada hoje, que há elementos de sobra para condenar os principais
envolvidos no esquema, como José Dirceu e Marcos Valério: “Eram provas, não
eram apenas indícios, que foram corroboradas depois com laudos periciais”.
Um dos laudos foi
feito pela Polícia Federal e comprova o uso de dinheiro do contribuinte para
irrigar os dutos da corrupção, como os saques de R$ 4,6 milhões realizados em
Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro que tiveram como fonte recursos que a
empresa DNA, de Valério, recebeu do fundo Visanet para prestar serviços de
publicidade ao Banco do Brasil. Outros R$ 7,2 milhões saíram da SMP&B, também
do publicitário.
O mensalão é a mãe
de todos os escândalos de corrupção que se seguiram no governo Lula, e se
estenderam também à gestão de Dilma Rousseff. Seu DNA está presente, por
exemplo, no recém-descoberto esquema de desvio de dinheiro no Banco do Nordeste,
usando os mesmos estratagemas espúrios.
“Pelo número e
importância das pessoas envolvidas, pela instância máxima do julgamento (STF) e
pela grande cobertura da imprensa, pode-se dizer que se trata da mais
importante denúncia de irregularidade da história da República”, define o
historiador José Murilo de Carvalho. “Acho que não tem nada parecido na
história do Brasil”, corrobora a cientista política Maria Celina d’Araújo, da PUC
do Rio.
“Trata-se da mais
grave agressão aos valores democráticos que se possa conceber”, descreveu a
Procuradoria-Geral da República na peça acusatória, apresentada em 2007. O mensalão
foi “o mais atrevido e escandaloso esquema de corrupção e de desvio de dinheiro
público flagrado no Brasil”, segundo o procurador Roberto Gurgel, a quem caberá
sustentar a denúncia da PGR no Supremo a partir do próximo dia 2.
Com esforço de milhões
de cidadãos, o Brasil vem dando, ao longo das últimas décadas, passos
importantes rumo à sua modernização, provendo melhores e mais dignas condições
de vida à sua população. Julgar o mensalão irá significar mais um passo importante
nesta caminhada. Se já restauramos a democracia, estabilizamos a economia e reduzimos
a pobreza, a hora, agora, é de extirpar a corrupção, que a tudo dizima.
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