O fracasso nesta
seara não é novidade. No ano passado, a desculpa da presidente foi a mudança de
gestão, que sempre atrapalha a continuidade das ações. Em 2011, os
investimentos federais caíram 6%, o equivalente a R$ 3 bilhões menos em relação
ao exercício anterior. Do Orçamento de 2011, somente 24,6% foram aplicados,
segundo informou a ONG Contas
Abertas em janeiro.
Mas o que já era
ruim ficou ainda pior agora. No primeiro semestre deste ano, a gestão Dilma só conseguiu
aplicar 21% do previsto para o exercício. Para simplificar: de cada R$ 5
reservados para investir neste ano, apenas R$ 1 saiu do caixa do governo federal
até agora. Vale perguntar: será que estão esperando o ano acabar para começar a
gastar?
Novamente de acordo
com a Contas Abertas, dos R$ 90,1 bilhões previstos para investimento no
Orçamento deste ano, a União aplicou apenas R$ 18,9 bilhões até junho. Desse valor,
nada menos que R$ 14,1 bilhões são restos a pagar – isto é, despesas herdadas de
outros exercícios, muitos ainda da gestão Lula. Ou seja, com o PT o investimento
chega sempre atrasado.
Um governo que
sequer consegue executar o próprio Orçamento a que se propõe – e que é aprovado
pela sociedade por intermédio do Congresso – não parece saber aonde quer
chegar. A peça orçamentária é a melhor indicação do que deveriam ser as
prioridades de uma gestão. Se é reduzida a uma obra de ficção, aponta, no mínimo,
pouca seriedade dos gestores.
Como 2011 foi péssimo
em termos de investimentos públicos, o governo Dilma até conseguiu aumentar um pouquinho
a execução no primeiro semestre deste ano, na comparação com o mesmo período do
anterior: a alta foi de 2,2%, quase uma irrelevância. Quando cotejados com
2010, porém, tais gastos caíram 13,7%, mostra hoje O
Estado de S.Paulo.
O pior desempenho é
o do Ministério dos Transportes, justamente o que lida com as principais áreas com
condão de auxiliar os empreendedores privados a alavancar os negócios e
reaquecer a economia brasileira. Foram R$ 2,5 bilhões a menos, uma queda livre de
41%, segundo o Valor
Econômico.
Os exemplos de incúria
na aplicação do recurso do contribuinte se acumulam, ao mesmo tempo em que nossa
infraestrutura se deteriora. Enquanto isso, a alternativa das concessões à
iniciativa privada continua travada – seja pelas obras nos aeroportos que não começam
por falta de autorização da Anac, seja pelas rodovias que permanecem sem ser licitadas.
Um dos casos mais emblemáticos
continua a ser o da ferrovia Norte-Sul, que tinha tudo para ser um belo marco e
transformou-se num feio nódulo da gestão petista. A ligação entre Tocantins e Goiás,
prevista para 2010, até hoje não saiu, ao mesmo tempo em que se acumulam as
constatações de absurdos sobrepreços na obra.
O desleixo resulta no
aumento dos custos logísticos e em prejuízos para sociedade como um todo. A
Fundação Dom Cabral calculou que a falta de investimentos públicos no setor de transportes
– portos, aeroportos, rodovias e ferrovias – provoca perdas de US$ 80 bilhões às
empresas brasileiras por ano, o que equivale a 4% do PIB, informa o Brasil
Econômico.
Resta claro que,
enquanto os investimentos definham, o governo Dilma gasta tempo demais tentando
corrigir o apagão da economia por meio de uma estratégia equivocada e malfadada
– o incentivo ao consumo por meio de seus sucessivos e inócuos pacotes de
benesses fiscais. Parece ter percebido, segundo a Folha
de S.Paulo, que os fios estão
desencapados, tanto que já se contenta com crescimento do PIB de 2%, mais uma piada
produzida pelo PT.
Se o governo petista
não executa os investimentos tão clamorosamente cobrados pela sociedade para tentar
reverter a situação, é porque não tem competência para transformar em realidade
o que, desde os anos Lula, continua apenas como discurso. Mais que isso, a “gerente”
Dilma Rousseff dá mostras de não ter a menor ideia de como sair desta corrente
contínua de más notícias que colocam sua gestão em xeque.
Nenhum comentário:
Postar um comentário