A função de quem,
pela vontade das urnas, não foi escolhido para governar é fiscalizar, apontar equívocos
e desacertos e sugerir alternativas. Até que a próxima eleição chegue, e o
eleitor novamente se manifeste, é este o papel que cabe aos partidos de
oposição. É esta a tarefa a que eles devem se dedicar, diuturnamente. Democraticamente.
Mas o exercício da
crítica incomoda bastante o PT. O partido de Lula, Dilma e José Dirceu convive pessimamente
com o contraditório, tem horror à contestação e lança-se com faca nos dentes a trucidar
qualquer obstáculo que se interponha no caminho de sua busca pela hegemonia a
qualquer preço. Excede-se numa luta que deveria respeitar, regiamente, os preceitos
da democracia.
As armas que o PT
maneja com incomparável maestria são a mentira e a mistificação. O partido dos
mensaleiros é pródigo em transmutar-se de réu em vítima, de acusado em
acusador. É o que está ocorrendo agora, por exemplo, quando a mais alta corte da
Justiça brasileira tem sentados no banco dos réus dez petistas, alguns deles da
linha de frente partidária nos seus mais de 30 anos de existência.
Qualquer partido
decente deveria envergonhar-se da situação. Mas o PT dá-se até ao descaro de
escalar o presidente da legenda para arrostar o Supremo Tribunal Federal e
acusar os ministros de estarem sendo partícipes de um “golpe grande”, como disse
Rui Falcão anteontem.
Onde foi feita a afirmação?
Em Osasco. Em qual circunstância? Durante evento em que os petistas foram obrigados
a lançar um novo candidato a prefeito depois que o original foi condenado a
passar alguns anos na cadeia por corrupção, peculato e lavagem de dinheiro. É este
partido que exibe os dentes e parte para cima de seus adversários, com a maior
sem-cerimônia do mundo...
A esperteza não é utilizada
pelo PT apenas como arma do embate eleitoral. O partido usa de muita fancaria
também para transmudar péssimas realidades em feitos extraordinários, por meio
de ilusionismos embalados em vistosas doses de marketing. O mundo petista é
muito diferente do mundo real, do mundo que gente de carne e osso tem de
enfrentar todos os dias.
Veja-se o que está
ocorrendo agora no processo de privatização da infraestrutura viária do país. Foram
anos de recusa petista a admitir a solução, ao mesmo tempo em que as condições
logísticas do país iam para o buraco, não decolavam ou trafegavam em marcha
lenta. Eis que, numa mágica, o PT alardeia agora que privatiza sem privatizar, apenas
para dizer que não tisnou suas carcomidas bandeiras ideológicas.
Indo a fundo, ver-se-á
que o PT não só privatiza, como o faz como nem o privatista mais renhido jamais
ousou fazer. Pelos jornais de hoje, fica-se sabendo que a presidente Dilma
Rousseff encontra-se num vai-e-vem infindo sobre o que fazer com a concessão
dos aeroportos, principalmente Galeão e Confins, e que, para atrair os
desejados operadores estrangeiros, tenciona entregar-lhes o negócio
praticamente de bandeja.
“Para convencer as
grandes operadoras, o governo oferece ao futuro sócio da Infraero total
liberdade para administrar os dois aeroportos”, informa a Folha
de S.Paulo. Note-se que o lance desesperado é agora cogitado pelo
governo porque o interesse dos investidores em serem sócios minoritários da
Infraero, num modelo de Professor Pardal inventado pelo Planalto, é quase nulo.
N’O
Globo, Ilimar Franco revela mais: as concessões serão
entregues a preço de banana, como se estivessem sendo ofertadas na hora da
xepa. “Para serem sócios na empreitada, os estrangeiros terão de entrar só com
know-how para administrar os aeroportos. O investimento será mínimo”. O modelo assemelha-se
ao que foi usado cinco anos atrás por Lula na concessão de sete lotes de
rodovias federais: tudo muito baratinho, tudo muito ordinário, com menos de 10%
dos investimentos
previstos realizados até hoje.
Outro retumbante, ultraprofundo
trololó é a dita autossuficiência brasileira em petróleo. Com o sucateamento imposto
nos últimos anos pelo PT à Petrobras, o Brasil compra combustível como nunca no
exterior e vê a produção interna e a produtividade da sua maior empresa
mergulharem ao fundo do poço, como mostram várias reportagens publicadas hoje
pela Folha.
O que vale apena
reter de tudo isso é que o PT e suas lorotas devem ser contrapostos com
destemor. Só numa situação em que as instituições vão sendo postas de pernas
para o ar e os valores são corrompidos sob as bênçãos de quem se arvora ser líder
máximo da nação, é que um partido com tamanha ficha corrida mete tanto medo. A cada
mentira deslavada que os petistas contarem, serão rebatidos com verdades cada
vez mais incômodas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário