Na sexta-feira, o IBGE
divulgou o resultado do PIB do segundo trimestre. O país avançou 0,4% na comparação
com os três primeiros meses do ano, quando o crescimento – agora revisto – fora
de apenas 0,1%. Pelo segundo ano consecutivo, o Brasil patina sem sair do lugar. As curvas,
todas elas, apontam para baixo.
A taxa de
crescimento acumulada nos últimos 12 meses foi de 1,2%. Para todos os efeitos,
é esta, portanto, a velocidade na qual a economia brasileira roda hoje. É interessante
observar como este indicador se comportou nos últimos tempos. As conclusões são
reveladoras.
Seu ápice coincide –
surpresa! – justamente com o período da eleição de Dilma. No terceiro trimestre
de 2010, o país acumulava 7,6% de crescimento em 12 meses. Desde então, sistematicamente
o indicador desceu ladeira abaixo até chegar ao 1,2% atual – vale registrar que
há apenas um ano estava em 4,9%.
O que isso
significa? Significa, muito claramente, o quanto a gestão petista acelerou artificialmente
o país para criar um clima de euforia e eleger a presidente. Resta claro que a
exaustão cobrou seu preço e o motor fundiu: o paradeiro atual é, evidentemente,
fruto da irresponsabilidade eleitoreira do PT.
Nos 18 primeiros
meses da gestão Dilma, o país cresceu apenas 2%, mostrou O
Globo. A presidente coleciona uma série nada invejável de recordes. O
PIB teve o pior semestre desde 2009, com alta de apenas 0,6%. São quatro
trimestres crescendo abaixo de 1%, patamar considerado mínimo para o país
decolar. Trata-se do “mais longo ciclo de baixo crescimento desde o Plano Real”,
na síntese da Folha
de S.Paulo.
Se o passado não brilha,
o futuro apresenta-se igualmente opaco. O investimento na expansão da capacidade
produtiva do país é cadente. Há quatro trimestres o indicador cai: desta vez, o
recuo foi de 0,7% frente ao primeiro trimestre e de 3,7% sobre igual período de
2011.
Em proporção do PIB,
a taxa de investimento desceu a 17,9%, quando se sabe que o Brasil precisa
investir, no mínimo, 25% – não custa lembrar que na China a parcela é de 45%
e na Índia, 34%. Parte importante deste mau resultado deve-se ao frustrante
desempenho das empresas estatais, que não conseguem executar o que o Orçamento
da União prevê.
Um dos componentes
mais fracos da economia hoje é a indústria, que caiu 2,5% no trimestre em relação
aos três primeiros meses do ano. O setor, que já respondeu por cerca de um
terço da nossa economia, agora se encolheu à dimensão que tinha antes da era JK:
a participação da indústria da transformação no PIB retrocedeu a 12,8%, menor
índice já registrado pelo IBGE, segundo o Valor
Econômico.
O setor externo é
outra decepção. Como a demanda ainda está aquecida, à base de estímulos oficiais
ao consumo, e a indústria fraqueja, o mercado é atendido por importações, que
cresceram 1,9% no trimestre. Ao mesmo tempo, as exportações brasileiras não
conseguem abrir espaço no mercado internacional, enquanto produtos em que o país
se saía bem – como minério de ferro, açúcar e café – vêem seus preços cair. Só isso
retirou 0,7 ponto percentual do PIB no trimestre.
Por um longo tempo, Lula,
Dilma, Guido Mantega e os porta-vozes oficiais disseram que o país era uma ilha
isolada do tsunami econômico que assola o mundo. Nunca foi. Agora, dizem que a
culpa pelos maus resultados do PIB é do exterior. Em parte. As condições internas
de produção no país estão piorando a olhos vistos.
Se fossem apenas as
condições externas que estivessem ruins, o Brasil não estaria crescendo tão
abaixo de todos os países de porte e perfil similares aos seus. Entre os
emergentes, decepcionamos; entre os Bric, somos os piores. Entre 35 países que
já divulgaram o resultado de seu PIB no segundo trimestre, perdemos para todos
os latino-americanos e ocupamos, na lista geral, apenas a 23ª posição, mostrou
a Austin
Rating.
No ano passado, o Brasil
cresceu decepcionantes 2,7%. Foi considerado um “pibinho”. Neste ano, mantido o
ritmo atual, não ultrapassará 1,6%, conforme levantamento
do Banco Central divulgado nesta manhã. Há muita gente competente achando que a
economia brasileira não superará 1,3% em 2012. Que nome dar a isso? Pibizinho?
Alguns meses atrás,
um banco estrangeiro, o Credit Suisse, previu que o Brasil só cresceria 1,5%
neste ano. Mantega, o ministro das lentes cor-de-rosa, estrilou. Ficou bravo e
disse que aquilo era “piada”. Deve estar agora rezando para que a pilhéria dos franceses
se concretize, para que a palhaçada que comanda não fique ainda mais sem graça.
Há muito tempo, o
governo do PT vem insistindo numa receita carcomida: o incentivo despudorado ao
consumo. O motor do desenvolvimento sustentado, porém, foi negligenciado: os
investimentos continuam em marcha lenta. O rol de ações para sair do atoleiro é
conhecido, com ações que melhorem a infraestrutura produtiva, desonerem a
produção e alavanquem o investimento privado.
Só recentemente,
depois de muita derrapagem, a gestão Dilma deu-se conta de que estava trilhando
a estrada errada. Algumas correções foram feitas, principalmente por meio da
opção pela privatização da infraestrutura viária. Ainda vai demorar muito,
contudo, para que o país retome um caminho seguro rumo a um futuro mais próspero.
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