Na sessão de ontem,
a 29ª do julgamento, nove réus ligados ao PP, ao PL (atual PR) e ao PMDB foram
condenados por terem levado grana para votar com o governo Lula. Confirmou-se,
assim, o ponto central do mensalão: dinheiro desviado dos cofres públicos pelo
PT foi usado pelo partido para comprar votos e apoio parlamentar no Congresso.
Com isso, outra das espúrias
e fantasiosas alegações apresentadas por Lula – e repetidas por José Dirceu e os
demais mensaleiros – também caiu por terra: a de que os recursos surrupiados foram
empregados na quitação de dívidas da campanha eleitoral de 2002. Desabou, pois,
a tese do caixa dois, nascida em 2005 na mais estapafúrdia das entrevistas
concedidas por um presidente da República na história brasileira, realizada num
jardim de Paris.
“Falar em recursos
não contabilizados como se tratasse de mera falha administrativa no processo
eleitoral é o eufemismo dos eufemismos. (...) Não se trata, evidentemente, de
meras irregularidades formais, mas de desvio de vultosos recursos públicos e
com o objetivo de obter apoio por parte dos parlamentares”, sentenciou
ontem o ministro Gilmar Mendes.
Recapitulemos,
portanto: em síntese, o governo do PT subtraiu dinheiro que deveria servir aos
cidadãos brasileiros para usá-lo na compra da obediência de deputados, que deveriam
retribuir na forma de votos no Congresso favoráveis ao projeto de poder petista.
Isso agora está provado, com todas as letras, pelo Supremo Tribunal Federal.
Nas etapas anteriores,
os ministros do STF já haviam comprovado o desvio de dinheiro dos cofres
públicos, notadamente do Banco do Brasil e da Câmara dos Deputados. Em seguida,
mostraram que operações financeiras fraudulentas foram montadas pelo PT junto a
bancos para tentar dar ares de legalidade à falcatrua, embalada, por sua vez, em
grossa lavagem de dinheiro.
Diante da
avassaladora condenação que o Supremo está impondo aos mensaleiros, Lula lançou
mão ontem novamente de seus costumeiros esperneios. Em mais um evento de sua
caravana do desespero, para tentar salvar candidatos petistas à beira do naufrágio,
o ex-presidente disse que seu governo notabilizou-se por “julgar e apurar” quem
é “suspeito de cometer algum erro”, informou a Folha
de S.Paulo.
Mas de que
investigação levada adiante por seu governo Lula está falando? O que temos em
marcha é o julgamento de um poder independente, o Supremo Tribunal Federal, que
analisa acusação feita pela Procuradoria-Geral da República. Do governo petista
não saiu uma gota de apuração. Pelo contrário.
No caso do mensalão,
o caudilho petista fez tudo para impedir que a averiguação prosperasse. Lançou-se,
ainda na condição de presidente da República, numa cruzada para “provar” que o
maior esquema de corrupção da história política do país era uma “farsa”. Depois,
tentou constranger o ministro Gilmar Mendes a postergar a apuração no STF para
as calendas. E, já na semana passada, levou o PT e outros cinco partidos da
base aliada a, sob coação, taxar de “golpismo” a legítima cobrança da oposição por
esclarecimentos acerca da denúncia de que ele chefiou o mensalão.
Lula leva a extremos
a tática petista de negar os fatos para se contrapor às revelações de seu
envolvimento com corrupção. “Montado numa máquina publicitária, apoiado por uma
miríade de intelectuais, orientado por competentes marqueteiros, o PT viverá em
escala partidária a aventura individual de Maluf: negar as evidências. Até o
momento nada indica que assumirá a realidade”, analisa, com argúcia, Fernando Gabeira
n’O
Estado de S.Paulo.
A despeito dos protestos
de Lula, o julgamento prosseguirá e persistirá no caminho traçado. Na próxima
segunda-feira, o STF concluirá a análise do capítulo atual, que trata das gordas
remessas de dinheiro para parlamentares, acusados de corrupção passiva, lavagem
de dinheiro e formação de quadrilha.
Terminada esta fase,
chegamos ao principal: quem operou o sistema de corrupção? No centro da cena
estarão José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares, gente que agiu dentro de “quatro
paredes de um palácio presidencial”, como descreveu o procurador-geral da
República. Certamente por isso é que Lula tanto vocifera. Certamente por isso,
o PT tanto teme. Está chegando a hora de quem semeou a corrupção acertar as
contas com a Justiça.
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