O Valor
Econômico publica hoje, em manchete, levantamento mostrando que os
grandes projetos prometidos pelo PT para os estados nordestinos acumulam
atrasos, veem seus custos escalarem e estão longe, muito longe de se transformar
em realidade. Sobraram promessas, faltou milagre. Para o petismo, o Nordeste continua
servindo apenas para proselitismo político.
Lá se vão dez anos
de governo petista, lá se vão quase seis anos do lançamento do Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC). Mas a situação, infelizmente, pouco mudou na
região. Os projetos mais esperados não foram concluídos e, possivelmente, não o
serão na gestão atual. Será que na próxima campanha o PT ainda terá coragem de
explorá-los eleitoralmente?
A lista de obras
malparadas é extensa: a transposição das águas do rio São Francisco, as
ferrovias Transnordestina e Oeste-Leste, as refinarias da Petrobras, a BR-101,
os metrôs das principais capitais nordestinas e até mesmo os malfadados navios petroleiros
que não conseguem navegar.
Segundo o Valor, a carteira de investimentos
federais na região soma R$ 116 bilhões. Na média, estes empreendimentos estão três
anos e meio atrasados. Mas há os que já nem entram mais na lista, pelas parcas
perspectivas de sair do papel – as refinarias Premium, por exemplo, só continuam
porque, diante de protestos no Ceará e no Maranhão, a Petrobras recuou de
cancelá-las.
Como se não
bastasse, a paralisação da exploração de petróleo em terra por produtores
independentes também golpeia a saúde econômica da região. Estas empresas concentram
sua atividade em locais pobres da Bahia, Sergipe, Alagoas, Rio Grande do Norte,
Maranhão e Piauí, mas estão fechando em razão da suspensão dos leilões da ANP.
Tem mais: no recente
pacote de privatizações lançado por Dilma, nem um único quilômetro de rodovia
ou de ferrovia situado nos noves estados da região foi contemplado pelo governo
do PT. É muita maldade para um Nordeste só.
A visão do PT sobre
o Nordeste é a dos coronéis que se locupletam com a pobreza na região. As obras
são usadas para ludibriar eleitores, cobrar-lhes fidelidade na hora do voto,
minar-lhes a autonomia. Vejamos o trato que o governo federal vem dando às intervenções contra a seca – que, neste ano, castiga os estados nordestinos como
não acontecia há mais de três décadas.
Tornou-se notório o
uso político de iniciativas que deveriam servir para atenuar o flagelo. O virtuoso
programa de construção de cisternas, por exemplo, cujo objetivo era instalar 1
milhão de equipamentos, foi desvirtuado e distanciou-se de sua meta. A transposição
das águas do São Francisco praticamente derreteu sob o sol inclemente.
Mas o que há de mais
abjeto é a exploração política da calamidade. Em sua edição de hoje, O
Estado de S.Paulo revela que o grupo político do ministro da Integração
Nacional usa água para angariar votos para eleger Fernando Coelho Filho, deputado
federal pelo PSB e filho do ministro, para a prefeitura de Petrolina (PE).
“Na Superintendência
da Codevasf em Petrolina, responsável por todo o estado, nada menos que 95% dos
pagamentos gerados a partir de emendas em 2011 (R$ 3,3 milhões) foram para
projetos apadrinhados pelo deputado”, ressalta o jornal. Reuniões da Codevasf
para cadastramento e capacitação de beneficiados com cisternas ocorrem no mesmo
imóvel em que funcionam comitês do candidato. Se isso não é o velho cabresto, o
que mais é?
O Nordeste tem quase
28% da população brasileira, mas continua participando com parcela desproporcional
da riqueza gerada no país: pouco mais de 13% do PIB. No discurso, o PT prometeu
reduzir este abismo, mas na prática apenas realimentou práticas que a sociedade
abomina e que o país busca deixar, definitivamente, no passado.
Deve ser pelo pouco
caso que tem dispensado à região que o partido de Lula, Dilma e José Dirceu está
prestes a tomar uma surra também dos nordestinos no pleito de 7 de
outubro. O desprezo e o desdém do PT em relação ao rol de promessas empenhadas
e não cumpridas terão resposta à altura dos eleitores.
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