Ontem, os ministros
atestaram a existência de uma lavanderia montada para dissimular a origem dos
recursos que o esquema surrupiou de empresas como o Banco do Brasil para molhar
a mão de políticos da base aliada ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Oito
dos dez réus acusados pela PGR foram condenados.
Os casos mais
vistosos são os de Marcos Valério e seus dois sócios na agência de publicidade
SMP&B. O operador do mensalão já soma o suficiente para passar,
pelo menos, 13 anos na cadeia. Equivalem à pena mínima por duas condenações por
corrupção ativa, três por peculato e uma por lavagem de dinheiro, calcula O
Globo.
O próximo elo da
cadeia – sem trocadilho – é comprovar que os recursos desviados dos cofres
públicos foram usados para comprar apoio parlamentar e dar sustentação ao projeto
de poder do PT. Disso, há evidências de sobra.
Por exemplo: um dos
depoimentos colhidos pelos promotores no processo, de um ex-tesoureiro do Rural,
atesta que, mal começado o governo Lula, os saques tornaram-se frenéticos e
vultosos na agência do banco em Brasília. Saíam de lá para os mensaleiros, como
o já condenado João Paulo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados.
Da rodada desta
semana no Supremo, restou provado que o PT montou uma Operação Paraguai para escamotear
a origem suja do dinheiro que usou para remunerar parlamentares e partidos que
lhe serviram de esteio em seu projeto de perpetuação no poder. Tudo bem longe
da vista do Banco Central e do Coaf, órgão de inteligência financeira do
governo.
Os “empréstimos”
concedidos pelo Banco Rural ao partido eram fajutos, fictícios, rolados em
condições a perder de vistas em prol de um devedor que sequer requisitos para obter
crédito na praça tinha. Pelas operações, passaram R$ 32 milhões, que, devidamente
lavados, irrigaram os bolsos mensaleiros.
“O dinheiro é, para
o crime, o que o sangue é para a veia. Se não circular, não temos esquemas
criminosos como esse. Há uma necessidade enorme de que existam instituições
financeiras que se prestem para situações como essa”, resumiu, com precisão, a
ministra Cármen Lúcia, ao concluir, ontem, pela existência de crime de lavagem
de dinheiro.
Na semana que vem, o
julgamento começa a chegar perto de quem realmente interessa: o núcleo político
que, entre quatro paredes de um palácio presidencial, manipulou todo o esquema
mafioso de assalto aos cofres do Estado e desvirtuamento da representação
legislativa. É a parte que realmente interessa.
A fatia do
julgamento referente à acusação de compra de apoio político envolve 23 réus,
tendo à frente o ex-ministro da Casa Civil do governo Lula José Dirceu. Pelas decisões
precedentes tomadas pelos ministros do Supremo até agora, ficará difícil para
eles provar que não sabiam que manipulavam dinheiro ilícito para fins
tenebrosos.
A cúpula petista já
percebeu que os magistrados não estão dispostos a deixar pedra sobre pedra no
julgamento do maior escândalo de corrupção da escola política do país – noves
fora as deprimentes exceções de Ricardo Lewandowski e José Antônio Dias
Toffoli, cada dia mais evidentemente devotados a amaciar para os criminosos. Estão
em pânico, porque se julgavam inimputáveis.
Como a desfaçatez do
PT não encontra limites, pode-se esperar que o partido dos mensaleiros tente de
tudo para desferir um contra-ataque. Mas a disposição dos ministros do STF de
fazer valer a justiça e reservar um cantinho na cadeia a quem lesou os cofres públicos
é razão suficiente para acreditar que quem mais deve mais pagará.
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