O Brasil fechará
este ano protagonizando o papel de país com a segunda menor expansão do PIB na América
Latina, superando apenas o crítico Paraguai. Resta claro que nossos problemas vão
muito além da desaceleração global que afeta a todos. Se crescemos menos que os
demais, é porque temos nossas próprias deficiências.
Tanto o Palácio do Planalto
quanto o Ministério da Fazenda gostam de repetir que as dificuldades devem-se a
fatores externos. Mas o maior preço que o país paga hoje é por desastradas decisões
internas – como as que travam os investimentos no setor de energia
– e pela já quase anedótica incapacidade do governo de bem gerir o dinheiro do
contribuinte.
A realidade é que a
gestão petista – seja a atual, seja a anterior – não exibe a menor competência
para investir os recursos que retira da sociedade na forma de impostos. O PT é
bom de saliva e de gasto supérfluo, mas péssimo de investimento, incapaz de plantar
as sementes que florescerão no amanhã.
No segundo ano da
gestão Dilma e no décimo da administração petista, a execução orçamentária
continua baixíssima. A despeito de o país depender cada vez mais da melhoria
das condições de infraestrutura e logística, o governo não consegue realizar os
investimentos públicos e, para piorar, ainda atrapalha o empreendedor privado.
Dos R$ 102,3 bilhões
disponíveis no Orçamento Geral da União para investimentos neste ano, somente
44% foram aplicados até setembro, ou seja, R$ 45 bilhões, segundo O
Globo. É assustador, mas o que já era ruim ficou pior: o valor aplicado
neste ano é proporcionalmente menor do que em 2011, quando nesta altura do ano
estávamos em 47%.
Do valor investido
até setembro, a maior parte – R$ 30 bilhões – refere-se a restos a pagar, despesas
de anos anteriores que estão sendo agora quitadas. Ou seja, do montante
efetivamente reservado para 2012, a gestão Dilma só conseguiu gastar cerca de
R$ 15 bilhões, ou 14,5% do aprovado pelo Congresso.
Ministérios como o da
Integração Nacional e o de Transportes só executaram um terço do Orçamento, o
que ajuda a explicar o fracasso das ações de enfrentamento à seca no Nordeste e
a penúria da nossa infraestrutura. Os resultados seriam bem piores não fosse o
cômputo dos subsídios do Minha Casa, Minha Vida como investimentos.
Saltam daí pelo
menos duas conclusões. A primeira é que, de fato, os governos do PT não sabem
transformar em realidade as prioridades expressas no papel. A segunda é que o
governo atual não consegue sequer ter suas próprias prioridades, já que vive de
honrar compromissos anteriormente assumidos. “Não tendo até agora encaixado uma
bola, ela [Dilma] corre risco de ficar carimbada como a presidente que não
produz e não deixa produzir”, analisa Melchiades Filho na Folha
de S.Paulo.
Há, atualmente, uma
sensação geral de desalento com o futuro próximo do Brasil. Depois do pau na
máquina que Lula deu na economia em 2010 para embalar o país num clima de falsa
euforia e forjar um ambiente favorável para a eleição de sua sucessora, o ritmo
geral em voga atualmente é decadente. O ambiente de negócios no Brasil não está
favorável.
Na média, a gestão
Dilma terminará seus três primeiros anos com crescimento de 2,4%, estima José
Roberto Mendonça de Barros em entrevista a’O
Estado de S.Paulo. Especialista em analisar o lado real da economia, ele
vê a mão peluda do Estado se metendo onde não deve e atrapalhando quem quer
produzir e investir.
“O desmonte do
investimento é o que mais me preocupa, porque o investimento de hoje é o
crescimento da economia amanhã. (...) É o avião que fica parado na pista, os 65
apagões, a falta de gasolina que começa a pipocar e vai piorar, a queda na
qualidade da telefonia. No curto prazo, tudo gera perda de eficiência na
economia e reduz investimentos”, resume ele.
Na outra ponta, de
janeiro a setembro a torneira das despesas de custeio jorrou dinheiro: elas cresceram
8,1% acima da expansão nominal do PIB em comparação com igual período do ano
passado, segundo dados divulgados pelo Tesouro Nacional.
Diante de um cenário
tão negativo, cabe questionar: onde está a “capacidade de planejamento” que a
presidente da República tanto alardeia possuir? Cadê a gestora eficiente que ao
longo de anos foi vendida pelo marketing petista ao Brasil? A constatação imediata
é de que até Tiririca aprendeu a ser deputado, mas Dilma Rousseff está longe de
se tornar a boa gerente que se apregoava. Pior do que está fica.
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