Aconteceu de novo na
sexta-feira, quando a Polícia Federal prendeu seis pessoas e indiciou mais 12,
acusadas de fraudar pareceres em pelo menos sete órgãos federais. Entre os
indiciados está a chefe de gabinete do escritório da Presidência da República
em São Paulo, Rosemary Novoa de Noronha, e o segundo na hierarquia da
Advocacia-Geral da União, José Weber Holanda Alves. Entre os presos, estão dois
diretores de agências reguladoras.
Rosemary é a peça
mais vistosa de mais esta rede de corrupção instalada no coração do poder
petista. Ocupa o cargo desde 2003, nomeada por Lula, a quem também sempre
acompanhava em viagens presidenciais e para quem marcava frenéticas reuniões com
empresários. Antes disso, durante 12 anos esteve ao lado de José Dirceu. Agora,
ela vai responder por corrupção ativa – quem sabe, com o desenrolar das
investigações, não venha a fazer companhia a Dirceu na cadeia?
Quando os policiais
chegaram ao apartamento de Rosemary, na região central de São Paulo, às 6h de
sexta-feira, a primeira providência dela foi ligar para Dirceu e pedir-lhe
socorro, conforme revelou a Folha
de S.Paulo ontem. O PT está em pânico com o que a mulher que mantém
estreitas ligações com a alta cúpula do partido dos mensaleiros pode vir a
revelar. É preciso ouvi-la.
“Rosemary é
conhecida por sua instabilidade emocional. Ela chora a todo instante. Em alguns
momentos, chega a fazer ameaças – conforme os relatos – dizendo que não vai
perder tudo sozinha e que não verá sua vida ser destruída sem fazer nada. ‘Não
vou cair sozinha’, avisou”, informa hoje O
Estado de S.Paulo. Há muito a ser desnudado.
Hoje O
Globo mostra ligações entre o esquema revelado na sexta-feira e o
mensalão. Um dos envolvidos, Paulo Rodrigues Vieira, diretor da Agência
Nacional de Águas (ANA), preso na sexta-feira e apontado pela PF como o chefe
da quadrilha, mantinha intensa troca de telefonemas com o deputado Valdemar
Costa Neto, recém-condenado pelo STF por corrupção passiva, lavagem de dinheiro
e formação de quadrilha. Foram pelo menos 1.179 ligações.
Paulo Vieira chegou
ao cargo depois de uma manobra espúria no Senado. Seu nome foi rejeitado pelos
senadores em duas votações, mas, numa iniciativa inédita, foi novamente levado
à apreciação do plenário, com as bênçãos de Lula. Em abril de 2010, Vieira
finalmente recebeu aval para instalar-se na ANA e tocar de lá sua rede de
negócios escusos.
Mas a agência das
águas não é o único órgão regulador envolvido nas maracutaias: Rubens Vieira, irmão de Paulo e diretor da
Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), também foi preso pela PF, sob
acusação de também criar dificuldades para vender facilidades. Registre-se que
lá, em novembro de 2010, Rosemary conseguiu emplacar sua filha, Mirelle, como
assessora da diretoria de Infraestrutura, conforme O
Globo.
Reconheça-se que Dilma Rousseff agiu certo ao exonerar e afastar, já no
sábado, os envolvidos na rede de escândalos. Mas não deixa de ser reprovável
que, antes de decidir o que fazer com Rosemary, a presidente
tenha primeiro “consultado” Lula, que teria “resistido” à ideia da demissão,
informou a Veja
Online.
“Não se explicou, claro, por que então a presidente manteve Rosemary no
cargo por dois anos e permitiu que os cúmplices dela dirigissem e dilapidassem
as agências reguladoras. Nada se falou, também, sobre Dilma ter transformado o
gabinete paulistano no bunker de onde avaliou as eleições municipais na
companhia de Lula e de cardeais do PT”, comenta Melchiades Filho hoje na Folha.
O que parece claro é que, atuando muito próximo das quatro paredes
presidenciais de onde de urdiu o mensalão, gente como Rosemary, os irmãos
Vieira e o segundo homem na
hierarquia da AGU – que há apenas 11 dias tinha sido nomeado por Dilma para um
órgão que irá movimentar bilhões de reais do fundo de previdência complementar
dos servidores públicos, como mostra hoje o Correio
Braziliense – tenham se sentido à vontade para também se locupletar.
Eles são apenas os
mais novos nomes de uma lista que tem Erenice Guerra, Valdomiro Diniz e muitos
outros. São o novo episódio de uma série que no ano passado levou sete
ministros a serem defenestrados sob suspeita de corrupção. São mais um capítulo
do assalto que o PT perpetra ao Estado. Quando o mau exemplo vem de cima, a
sujeira se espalha para todo lado.
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