Pelos resultados
divulgados ontem pelo Pnud
(Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), o país manteve-se em 85°
lugar, entre 187 nações, com IDH de 0,730. O índice é uma média geométrica que
reflete expectativa de vida de 73,8 anos, 7,2 anos de estudo e renda per capita
anual de US$ 10.152.
O nível de
desenvolvimento do Brasil no ano passado é inferior ao que países como Noruega,
EUA e Japão possuíam há 40 anos. Na edição anterior, divulgada em novembro
de 2011, havíamos subido uma posição no ranking, ultrapassando São Vicente e Granadinas.
Desta vez, nem isso: este notável produtor de bananas das Antilhas voltou a figurar
na nossa frente, na 83ª colocação. Uma pena...
O Pnud fez questão
de destacar que o Brasil tem tido desempenho positivo na melhoria da qualidade
de vida de sua população na história recente. Mas o órgão da ONU deixou claro:
este processo não é de agora, vem desde a década de 90. Talvez tenha sido isso o
que mais tenha irritado os petistas.
Com base no
levantamento da ONU, dá para ir ainda mais fundo na comparação entre períodos
recentes. Entre 1990 e 2000, a taxa média de crescimento do IDH brasileiro foi
de 1,26% ao ano. Foi o período de maior avanço desde que as Nações Unidas iniciaram
o levantamento, em 1980. E o que acontece no intervalo posterior, já de
predomínio dos governos petistas? Desde 2000, o ritmo caiu para 0,73% anual, ou
praticamente à metade.
O relatório da ONU
destaca políticas públicas que colaboraram para o avanço das condições de vida
no país. Estão lá o Plano Real e o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do
Ensino Fundamental (Fundef), criado em 1996 na gestão Fernando Henrique. Ah,
para completar o Pnud qualifica o Bolsa Família como “versão
otimizada” do Bolsa Escola, outra realização tucana. Deve ter sido demais
para a arrogância petista...
Infelizmente, os
avanços que começaram lá atrás estão agora se dissipando, notadamente na educação.
Entre os sul-americanos, nossa média de escolaridade (7,2 anos) só não é menor
que a do Suriname. No ritmo de avanço atual, o Brasil demandará uma geração
para atingir o nível educacional da Noruega (com 12,6 anos de estudos em média).
A situação
brasileira também revela-se vergonhosa quando o quesito é a desigualdade de
renda. Aí caímos para 97ª colocação do ranking. Entre os países classificados
como de desenvolvimento humano elevado, só não nos saímos pior que a Colômbia. Quando
se utiliza o índice de Gini (0,547), somos o 13° país mais desigual do mundo.
O ranking divulgado
ontem também permite outras conclusões pouco abonadoras para o discurso oficial
adotado pelo governo brasileiro na era Lula-Dilma. A ONU mostra que a melhora
nas condições de vida e a ascensão social, com a emergência de novas camadas
urbanas de classe média, é um fenômeno mundial. Nunca uma particularidade brasileira.
Constata-se, também,
que países que já exibem IDHs bem mais avançados e que, naturalmente, deveriam
estar evoluindo numa velocidade menor que a nossa continuam indo mais rápido
que a gente, como são os casos de Argentina, Chile e Uruguai, para fixar-se apenas
nos vizinhos. O hiato que nos separa dos chilenos no ranking, por exemplo, era
de 28 posições dez anos atrás e agora é de 44.
“Efetivamente, a situação do Brasil
no ranking do IDH piorou”, afirmou a’O
Globo o professor Flávio Comim, que já coordenou relatórios anteriores
do IDH no Brasil. Segundo ele, o último ano em que o Brasil esteve bem no
ranking foi 2005 (63° lugar).
O IDH é um ótimo espelho
para o país se enxergar e dar-se conta dos desafios, imensos, que ainda precisa
superar. As constatações decorrentes do relatório do Pnud deveriam ser
recebidas com serenidade pelo governo brasileiro, como o são em qualquer parte
do mundo. Mas, como suas incômodas conclusões conflitam com o Brasil virtual
que os petistas propagandeiam, a gestão Dilma preferiu vilipendiar o relatório.
Só falta dizer que a ONU é um aparelho tucano.
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