quarta-feira, 6 de março de 2013

Uma carga pesada demais

A nossa economia cresceu um tiquinho de nada no ano passado, mas o contribuinte brasileiro pagou mais um montão de impostos. É uma triste sina que se repete praticamente ano após ano desde o início da gestão do PT. Com isso, o Brasil torna-se um país cada vez mais caro, cada vez menos competitivo.

Segundo estudo divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), a carga de impostos, taxas e contribuições pagas pelos brasileiros em 2012 atingiu recorde de 36,27% do PIB, com alta de 0,25 ponto percentual em relação ao ano anterior.

Nunca antes na história se arrecadou tanto. Em valores, os contribuintes deixaram R$ 1,59 trilhão nos cofres dos fiscos federal, estaduais e municipais. Enquanto o pibinho brasileiro cresceu apenas 0,9%, a carga de tributos avançou 7%: só no ano passado, os contribuintes tiveram que recolher mais R$ 100 bilhões ao Leão.

Em média, segundo os parâmetros do IBPT, cada brasileiro pagou R$ 8.230 de impostos em 2012, o que equivale a um aumento de R$ 460 em relação ao valor recolhido um ano antes – já imaginou o tanto de coisa que daria para fazer com este dinheirinho a mais no bolso?

Segundo o IBPT, a cada dia os brasileiros pagaram R$ 4,36 bilhões em tributos. Calculado por hora, dá R$ 182 milhões; por minuto, R$ 3 milhões e, por segundo, R$ 50 mil. Oops, lá se foi mais um naco do meu, do seu, do nosso dinheiro...

Nos últimos dez anos, a carga cresceu 3,63 pontos percentuais do PIB. Ao longo da gestão petista, só não houve aumento anual em 2003 e 2009, segundo o IBPT. Uma das alternativas para aliviar este peso seria desonerar a cesta básica, como proposto pelo PSDB, mas vetado pela presidente Dilma Rousseff em setembro do ano passado.

De tudo o que se paga hoje no país em tributos, 70% ficam com o governo federal. Os estados abocanham cerca de 25% e os municípios, pouco mais de 5%. Apesar disso, são crescentes as atribuições dos entes subnacionais, enquanto o governo federal não cumpre suas atribuições como deveria, principalmente em áreas como segurança e saúde.

Na semana passada, a Exame.com divulgou estudo feito em 25 países que concluiu que o Brasil é onde se cobra mais tributos sobre os salários, encarecendo a contratação de mão de obra. Nas faixas mais altas, paga-se aqui valor 40 vezes superior ao da Dinamarca, país tido como um dos paradigmas do Estado de bem-estar social.

Num outro estudo divulgado em novembro por O Globo, o IBPT havia mostrado que, numa lista de 30 países, o Brasil é onde os cidadãos obtêm pior retorno em serviços públicos e bem-estar em comparação com a montanha de tributos que pagam. É imposto de ricaço, mas serviço de quinta...

Uma das vítimas desta sanha tributária é a competividade da economia brasileira. O Brasil tornou-se um país muito, muito caro, e, com isso, perde cada vez mais condições de disputar fatias do mercado mundial. Padecemos com uma infraestrutura caduca, custos de produção ascendentes, restrições sérias na oferta de mão de obra qualificada e uma estrutura educacional muito aquém da necessária.

Efeitos destas distorções aparecem no comportamento decadente da indústria nacional. Ontem, a CNI divulgou mais um dado que exprime a debacle: a participação dos produtos importados na economia brasileira voltou a subir no ano passado, bateu novo recorde e agora já chega a 21,6%, com alta de 2,1 pontos percentuais sobre 2011. É uma avalanche.

É preciso tornar o Brasil um país que tenha condições de voltar a investir e competir ombro a ombro com as demais economias, algo que hoje não conseguimos. Precisamos oxigenar a economia, tirar-lhe das costas o peso brutal de uma burocracia anacrônica, de impostos excessivos e de uma gestão pública que aplica mal o dinheiro do contribuinte. Em todos estes aspectos, manifesta-se um Estado balofo e ineficiente que não pode mais perdurar.

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