Na pesquisa CNI/Ibope
divulgada ontem, de nove áreas de atuação, em quatro a população mostra-se mais
insatisfeita do que satisfeita com as iniciativas do governo. São elas:
segurança pública, saúde, impostos e taxa de juros.
Em três, a aprovação
ao governo da presidente é majoritária (combate à fome e à pobreza, combate ao
desemprego e meio ambiente) e em duas há empate técnico (combate à inflação e
educação).
Na lista de temas
que a CNI afere, há alguns que são de percepção mais etérea por parte do eleitor.
Meio ambiente, combate à fome e taxa de juros nem sempre surgem como algo
diretamente identificado à vida das pessoas, embora o sejam. Pode-se dizer que
seus resultados numa pesquisa são menos fidedignos ao espírito popular.
Mas, em
contrapartida, se há temas sobre os quais qualquer cidadão tem sua própria visão
e sobre ela reflete constantemente, certamente são segurança e saúde. E nestes
quesitos o governo da presidente continua muito mal avaliado pela população.
Segundo a CNI/Ibope,
66% dos entrevistados desaprovam a atuação do governo petista na segurança pública,
num patamar que apenas oscilou em relação aos 68% de dezembro. Na outra ponta,
32% a aprovam – eram 30% no fim do ano passado. Ou seja, para cada um que
aprova o governo neste quesito mais de dois desaprovam.
Há razões muito
objetivas para tanto. O Brasil continua tendo uma das mais altas e renitentes taxas
de homicídios do mundo – de 20,4 por 100 mil habitantes. Em 2010, morreram aqui
39 mil pessoas vítimas de armas de fogo, mais que o registrado em quaisquer
conflitos armados ao redor do mundo, como mostrou O Globo recentemente.
Na saúde, dá-se algo
parecido: a desaprovação é de 67% e a aprovação, de 32%. Novamente, para cada um
que aprova mais de dois desaprovam a gestão Dilma. Neste quesito, porém, o
governo colheu melhora: em dezembro, a relação era de praticamente um para três,
ou seja, 25% aprovavam e 74% desaprovavam.
Note-se que a
pesquisa foi a campo entre 8 e 11 de março, período em que o governo já
desenvolvia intensa campanha na TV promovendo a distribuição gratuita de medicamentos.
Ou seja, é possível que o marketing oficial tenha cooperado para que, no quesito
saúde, a situação não piorasse.
É, aliás, a incessante
propaganda oficial que ajuda a sustentar os altos índices gerais de Dilma. O governo
vem de uma temporada de anúncios de medidas populares, como a redução das
tarifas de energia e dos impostos da cesta básica – este, diga-se de passagem,
coincide exatamente com o período de realização da pesquisa pelo Ibope.
Os resultados
divulgados ontem pela CNI deveriam ser menos motivo de comemoração por parte do
governo, e mais de preocupação quanto a aspectos da vida das pessoas que
precisam ser melhorados.
É claro que à fanfarra oficial, em ritmo de campanha eleitoral
24 horas, interessa mesmo é trombetear a aprovação da presidente. Mas, aos
brasileiros, o que importa é que os problemas que, recorrentemente, vêm sendo
apontados sejam vencidos.
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