Não se consegue
identificar nenhum critério de mérito que justifique os nomes escolhidos pela
presidente da República para cuidar da área que rende o maior volume de divisas
para o comércio exterior do país, para a pasta que deveria zelar pela
manutenção dos empregos dos brasileiros ou para o órgão que deveria impedir que
um apagão nos aeroportos leve o país a dar vexame na Copa do Mundo.
Mas, obviamente, é
fácil ver que dar um ministério mais parrudo ao PMDB, voltar a abrigar a ala
mais poderosa do PDT no governo e incluir mais um mineiro na Esplanada tem tudo
a ver com as aspirações eleitoreiras de Dilma Rousseff. O único objetivo é distribuir
nacos de poder, garantir apoios e tempo de TV na disputa do ano que vem.
Governar bem é o que menos importa.
“Nessa perspectiva é que se enquadram as mudanças que
equivocadamente são chamadas de reforma. Não mudam coisa alguma, não visam à
melhoria de desempenho, não atendem a um projeto delineado de país e a maioria
das pastas não tem importância”, comentou Dora Kramer n’O Estado de S.Paulo de ontem.
Pergunte-se, por
exemplo, o que esperar de Antônio Andrade. Sua pasta tem a função de
administrar a colheita da maior safra de grãos da história, mas mostra-se
incapaz de garantir a armazenagem dos estoques e não tem a mais vaga noção do
que fazer para enfrentar o apagão logístico que toma conta do país.
O que será que
Manoel Dias tem em mente para fazer com que o país passe a gerar oportunidades
de trabalho melhor remuneradas e não só empregos que pagam menos de dois
salários-mínimos? Teria o preposto de Carlos Lupi alguma proposta para evitar
que o FAT continue a ser sangrado para financiar empresas escolhidas pelos
donos do poder?
E Moreira Franco:
terá desenvolvido na sua antiga Secretaria de Assuntos Estratégicos planos tão
mirabolantes para ajudar o país que agora o credenciam a ser escalado para dar
um jeito nos aeroportos que não funcionam? Será que sua missão será inventar um
novo jeito de privatizar sem dizer que está privatizando e depois rasgar o
modelo para nunca mais usar porque só atraiu operador de quinta categoria?
Todas estas
perguntas podem parecer meras provocações, mas se justificam num governo que
atingiu o assombroso número de 39 ministérios, uma “burrice”, uma “loucura”,
uma “irresponsabilidade” que já foi longe demais, como disse Jorge Gerdau à Folha de S.Paulo na sexta-feira.
Para manter esta
mastodôntica estrutura, incluindo a da Presidência, só neste ano serão gastos
R$ 212 bilhões apenas em salários e outras despesas de custeio, como viagens,
alimentação e material de escritório, de acordo com a edição da revista Veja da semana passada.
Não há a menor
sombra de dúvida que o governo petista age, única e exclusivamente, para perpetuar-se
no poder. Uma máquina de 39 cabeças que engole duas centenas de bilhões de
reais todos os anos para existir não se presta a servir melhor à população. Presta-se
a produzir votos, apoios partidários e a manter o domínio de um grupo político
sobre o país. Custe o que custar.
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