Quando estreou como
aposta de Lula para sucedê-lo, Dilma Rousseff foi batizada “mãe do PAC”. Seria,
segundo a propaganda petista, o suprassumo da eficiência, capaz de promover a
“aceleração” do país. Na mitologia, fazer acontecer era com ela mesma. Na
realidade, seu governo lega ao país um cemitério de promessas não cumpridas e
obras inacabadas.
Dilma caminha para o
fim de seu mandato sem nenhuma grande obra concluída para mostrar. A presidente
faz vistorias, inaugura pequenos trechos, lança pedras fundamentais. Faz pose
para câmeras de TV. Mas obra pronta mesmo que é bom, nada; é um deserto.
Os exemplos se
sucedem. E até mesmo as parcas realizações acabam por ressaltar os muitos
fracassos. Nesta semana, a presidente anuncia que irá a Goiás e Tocantins
inaugurar um trecho da ferrovia Norte-Sul. Trata-se, com razão, de uma das
obras mais aguardadas do país.
Por isso, espera-se
que agora seja para valer. E não mais um teatrinho para produzir imagens para
campanha. Quem acompanha o dia a dia da administração federal deve se lembrar
que, ainda no governo Lula, o mesmo trecho que Dilma agora entrega – entre
Palmas e Anápolis – foi “inaugurado”
pelos petistas em 2010. Será que agora também é de mentirinha? Tem risco.
Segundo O Globo, neste ano a obra não vai ter impacto nenhum no transporte de
cargas do país. A ferrovia está incompleta. “Não tem pátio intermodal, não tem
onde conectar”, resume Rodrigo Vilaça, presidente da associação dos
transportadores ferroviários. Nem trilho para assentar o governo do PT consegue
comprar, informou O Estado de S. Paulo no domingo.
Também não há,
ainda, conexão entre a Norte-Sul e o porto de Barcarena, no Pará, que continua
a ser feita por caminhões. O trecho ao sul, até o estado de São Paulo, também
está atrasado: prometido para 2009, só vai ficar pronto seis anos depois – isto
se a promessa atual for mesmo cumprida.
Não se sabe sequer
quem irá operar o transporte de cargas na ferrovia porque a eficiente Dilma
postergou a definição deste detalhe. “Em ano eleitoral, o governo tem pressa em
inaugurar a obra, mas só na segunda-feira passada convocou as empresas
interessadas em operar a linha”, informa O
Globo.
A Norte-Sul não é
caso isolado. Todas as principais do PAC continuam no papel. É o caso da
transposição das águas do rio São Francisco, da ferrovia Transnordestina, da
refinaria Abreu e Lima, do Comperj, das BRs 101 e 163, para ficar apenas em
exemplos que o próprio governo classifica como prioritários e lhes dá o selo de
“estruturantes”.
Pior que não terem
ficado prontos, os empreendimentos subiram muito de preço. Segundo o Valor Econômico, o valor total de 12 grandes empreendimentos encareceu R$
42,7 bilhões desde dezembro de 2010. Trata-se de alta de 32%, bem acima da
variação da inflação no período.
São muitas as
explicações, mas nenhuma a justificativa: inépcia administrativa, falta de
planejamento, falta de projetos, desordem orçamentária, centralização
excessiva, contingenciamento de recursos – e diversos outros motivos que fogem
à compreensão de administradores sérios. Mas podemos chamar isso de “custo do
padrão Dilma de gestão”.
Diante de sua parca
carteira de realizações, Dilma dedica a maior parte de suas jornadas de
trabalho a entregar diplomas de ensino, máquinas para prefeitos e moradias aqui
e acolá. Não são ações desimportantes. Mas não passam nem perto dos
compromissos que, quando eleita, a petista se propôs a cumprir.
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