A Petrobras continua
sua triste sina de produzir maus resultados. A companhia que costuma ser vista
como símbolo do Brasil sofre as consequências de uma política que lhe impõe
sobrecargas demais e condições de competição de menos. Paga, em suma, o “custo
PT”.
A empresa encerrou
o primeiro trimestre de ano com lucro líquido de R$ 5,4 bilhões, 30% menor que o
do mesmo período de 2013. Continua a conviver com os mesmos problemas: a produção
que não reage, preços que lhe causam reiterados rombos no caixa e um plano de
investimentos que tem dificuldade de bancar.
A produção voltou a
cair, desta vez mais 2% na comparação com os primeiros três meses
do ano passado. A direção da companhia garante que conseguirá reverter a curva declinante, que vem desde 2012 e parece não ter um fim – nos últimos dois anos, houve duas quedas anuais consecutivas, algo inédito em pelo menos duas décadas de história da estatal.
do ano passado. A direção da companhia garante que conseguirá reverter a curva declinante, que vem desde 2012 e parece não ter um fim – nos últimos dois anos, houve duas quedas anuais consecutivas, algo inédito em pelo menos duas décadas de história da estatal.
A produção derrapa a
despeito de o pré-sal produzir cada vez mais, já na casa próximo aos 400 mil
barris diários. A desculpa oficial é sempre a mesma: paradas técnicas para
reformar plataformas antigas. Todo trimestre tem sido assim. O comando da
empresa assegura que entregará uma alta de 7% na produção deste ano. A ver.
A Petrobras fornece
um retrato pronto e acabado de uma gestão temerária. Sua dívida não para de
crescer, seus prejuízos com a importação de combustíveis não cessam e o plano
de investimentos onera o caixa da estatal num patamar muito acima do que a
companhia é capaz de gerar.
Desde o segundo
semestre do ano passado, a Petrobras é considerada a empresa não financeira
mais endividada do mundo. Mas isso não impediu que seu passivo voltasse a subir:
foram mais R$ 40 bilhões neste trimestre. O céu parece ser o limite. Afinal, nos
últimos quatro anos este valor praticamente quadruplicou – sem, contudo, gerar
uma gota de petróleo a mais.
A política de preços
que converteu a empresa no muro de arrimo da depauperada política de contenção
da inflação do governo Dilma gerou mais uma perda bilionária no trimestre. Por
vender combustíveis a preços menores do que paga por eles no exterior, a área
de abastecimento da Petrobras registrou R$ 4,8 bilhões de prejuízo em apenas três
meses.
Um dado resume o
descompasso entre as incumbências crescentes da empresa e os instrumentos de
que dispõe para torná-las realidade: no primeiro trimestre, a Petrobras
investiu R$ 20,4 bilhões – é responsável por cerca de metade dos investimentos
em capital fixo feitos no país – mas só conseguiu gerar R$ 9,4 bilhões de
caixa. Assim fica difícil.
Apesar de ter
ensaiado uma recuperação nas últimas semanas, na mesma medida em que decaíram as
chances de reeleição da presidente Dilma Rousseff, a Petrobras continua vendo minguar
seu valor de mercado. Desde o início da atual gestão, a perda chega a 35%. São cerca
de R$ 100 bilhões que evaporaram.
O que os frios dados
contábeis acabam por sintetizar são os rumos de uma gestão temerária que ainda
não conseguiu recolocar a companhia na direção do crescimento com equilíbrio. A
lista de negócios ruinosos é extensa e não para de crescer.
Nela estão Pasadena,
Okinawa, Abreu e Lima, Comperj e agora também a refinaria Premium I, projetada para
Bacabeira, no Maranhão. Prometida para 2010, hoje voltou à mera condição de “em fase
de projeto”. Não sem antes R$ 1,6 bilhão já terem sido torrados na obra, que
hoje se resume a um terreno baldio, terraplanado, conforme mostrou O Globo em sua edição de domingo.
São razões como
estas que justificam a necessidade de sérias e profundas investigações sobre as
decisões tomadas pela Petrobras nos últimos anos. Desmandos em série e o mais
deslavado uso político visto em toda a história da empresa não poderiam mesmo render
bons resultados. Nem a companhia, nem o país aguentam mais bancar o “custo PT”.
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