Dilma Rousseff está adernando.
E não é só a sua candidatura à reeleição. Também seu governo está indo para o
buraco. São estas as razões que levam os petistas agarrados ao poder a clamar
pela volta de Lula. São estes os motivos que levam cada vez mais brasileiros a
rejeitá-la. Seria até bom se o ex-presidente voltasse: de mãos dadas, ela e ele
afundariam juntos.
A onda pelo retorno
do ex-presidente cresce na mesma medida em que Dilma despenca nas pesquisas de
intenção de voto, como a divulgada ontem pelo instituto MDA,
sob encomenda da Confederação Nacional dos Transportes. Nela, Dilma perde
espaço e a oposição cresce a ponto de já provocar um segundo turno.
Segundo o
levantamento, a presidente caiu 6,7 pontos, para 37%. Aécio Neves subiu 4,6
pontos, para 21,6% e Eduardo Campos ficou estagnado, oscilando dentro da margem
de erro da pesquisa. Os percentuais de aprovação e desaprovação de Dilma já
se equivalem, aproximando o momento atual à situação de junho passado, no auge
das manifestações.
Ato contínuo, aliados
ameaçam pular do barco e o PT ressuscita suas teses mistificadoras, querendo,
mais uma vez, dividir o país entre bons – eles, claro – e maus – seus adversários,
quaisquer que sejam. A presidente lança-se numa estratégia alucinada para exorcizar
a sombra do antecessor. São todos sinais do desespero.
“Nada me separa dele
[Lula] e nada o separa de mim. Sei da lealdade dele a mim, e ele da minha
lealdade a ele”, afirmou
Dilma, numa conversa com editores de cadernos de esporte que a entrevistaram na
segunda-feira à noite no Palácio da Alvorada. Foi a tentativa da presidente de
dizer que vai até o fim com sua candidatura. Será?
Condições para
tanto, ela não exibe. Na entrevista de quatro horas, a presidente desnudou-se. Mostrou
que agarra-se num fio de bigode para levar adiante sua pretensão de manter-se
no cargo por mais um mandato. Revelou que sua candidatura é frágil como pluma:
o que mais, além da “lealdade” de Lula, sustenta o risco de o Brasil conviver por
mais quatro anos com tão mau governo?
Mas Dilma não ficou
só nas eleições durante a entrevista. Desfilou um rosário de impropriedades. A
começar pela sua avaliação sobre o que vem ocorrendo na Petrobras: para ela, as
agruras por que passa a empresa são fruto de “erros de funcionários”. A presidente
da República transfere a culpa pela péssima gestão justamente a quem tem impedido
que a companhia não naufrague de vez.
Quem “mancha a
imagem” da Petrobras, para usar a mesma expressão empregada pela presidente,
são os cupins que o PT instalou na sua alta direção. Gente como Paulo Roberto
Costa – preso sob a acusação de participar de um esquema que pode ter desviado
R$ 10 bilhões da empresa – ou Nestor Cerveró, premiado pela compra ruinosa de
Pasadena com uma diretoria na BR Distribuidora...
Na entrevista, falando
sobre o Mais Médicos Dilma revelou a opinião que tem sobre os profissionais de saúde
brasileiros: ela prefere os cubanos. Disse que os médicos adestrados na ilha
dos irmãos Castro são mais atenciosos que os locais e que os prefeitos preferem
receber cubanos a brasileiros. Foi duramente criticada, mais uma vez, pela
classe médica.
Sobre o imbróglio
energético, numa declaração quase premonitória, disse que “acabou a moleza”.
Deve ter sido sua forma pouco ortodoxa de avisar a população sobre o tarifaço
que a gestão Dilma gestou e que já começa a ser parido na forma de reajustes gigantescos
das faturas de energia elétrica. A conta já é alta e vai crescer ainda mais.
Fato é que Dilma chega
ao fim de seu governo tocando um samba de uma nota só. A agenda da presidente
da República limita-se a diplomar alunos de ensino técnico formados pelo Pronatec,
a entregar moradias – não raro inacabadas – do Minha Casa Minha Vida e a
presentear prefeitos com migalhas em forma de maquinário. Projetos
estruturantes, grandes reformas, nada.
Dilma Rousseff é
cria de Luiz Inácio Lula da Silva. Faz um governo que, em sua linha geral, dá
continuidade às opções equivocadas tomadas pelo antecessor a partir de 2008.
Revela absoluto despreparo para o cargo para o qual foi eleita em 2010. Lula é
tão responsável quanto ela pelo fiasco a que estamos assistindo. Que o ex-presidente
venha para a disputa. O Brasil não aguenta mais nem um nem outro e dirá “não” a
quem quer que seja do PT.
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