Mais uma vez, já se
perdeu a conta de quantas foram exatamente, a presidente da República ocupou
rede nacional de rádio e TV para fazer proselitismo político. Dilma Rousseff falou
na noite de quarta-feira aos brasileiros como candidata à reeleição e não como
a primeira mandatária do país.
Seu rosário de
promessas não cumpridas é tão extenso, que a reação mais comum a mais um
pronunciamento oficial é a de total descrédito: redução das taxas de juros, hoje
já mais altas que quando ela assumiu a presidência; tarifas de energia baratas,
hoje já sendo reajustadas em dois dígitos; “pactos” que não dão em nada. Etc
etc etc.
São sempre
bem-vindas iniciativas que representem benefício e mais bem-estar aos
brasileiros. Mas elas devem ser verdadeiras e responsáveis. O que a presidente
anunciou na noite de anteontem não é nem uma coisa nem outra. Sua tônica
continua sendo a da mentira. O descompromisso dela e do PT com o futuro do país
continua latente.
Tanto no caso da
correção da tabela de imposto de renda, quanto no reajuste dos benefícios do
Bolsa Família, a proposta eleitoreira de Dilma passa longe de repor o que a inflação
em alta corroeu ao longo do governo dela. Em ambos os casos, apenas para zerar
a defasagem dos últimos três anos, seria preciso dar aumentos duas vezes
maiores.
A presidente e seus
marqueteiros parecem apostar que mentiras repetidas mil vezes acabarão se
tornando verdade. Ludibriam os brasileiros, faltam com a verdade. Dilma continua
devendo aos trabalhadores e também aos assistidos pelo Bolsa Família. Deveria,
com honestidade, admitir isso.
O valor pago pelo Bolsa
Família mantém-se abaixo do definido pela ONU como linha divisória da pobreza
extrema. O critério monetário em si já é reducionista, mas o admitamos. Mesmo assim,
seria necessário pagar pelo menos R$ 83 e não os R$ 70 adotados desde 2011. O valor
reajustado em 10% manter-se-á insuficiente.
Na mesma categoria
da fabulação, encaixam-se a queda de preços de energia e o balanço que a
presidente fez dos “pactos” com os quais tentou se contrapor à justa indignação
dos brasileiros por serviços públicos mais dignos, manifestada nos protestos de
junho do ano passado.
Será que qualquer
cidadão que dependa dos serviços de saúde, educação, segurança ou transporte
prestados pelo governo concordará com o que disse Dilma anteontem? Será que os
consumidores que estão recebendo contas de luz mais altas a partir deste mês e vislumbram
um racionamento de energia no horizonte comungarão da opinião da presidente?
O pronunciamento
oficial por ocasião do 1° de Maio foi um ato de desespero de quem teme ver-se
apeada do poder – e vê isso cada dia mais perto. Dilma e os seus terão todo o
tempo do mundo para exercitar suas táticas de guerrilha: o tempo da propaganda
eleitoral gratuita, a partir de agosto. Lá é o espaço para suas mentiras, não
um espaço institucional como o que ela ocupou anteontem.
O que não se pode
admitir é que, em sua desabalada tentativa de se manter no poder, Dilma e o PT
rifem o futuro do país, que não lhes pertence. Mais do que derrotar o projeto
que eles representam, cabe empenhar-se em impedir que o Brasil não continue a
ser parasitado pelo petismo daqui até o fim do ano. Dilma e o PT passarão, mas
o país que teremos que reconstruir fica.
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