Quanto mais os
candidatos vão ficando conhecidos, menos brasileiros mantêm-se indecisos. Quanto
menos são os indecisos, mais a oposição avança.
O total dos que
pretendiam votar em branco ou anular o voto caiu de 24% para 14% entre abril e
maio. Indecisos passaram de 13% para 10%. Neste meio tempo, o PSDB veiculou sua
bateria de comerciais e seu programa eleitoral na TV. O PT fez o mesmo. O povo
pôde comparar e parece ter feito suas escolhas.
De abril para maio,
todos os principais candidatos cresceram na pesquisa do Ibope. Mas os de
oposição subiram mais. Aécio Neves avançou o dobro de Dilma: subiu de 14% para
20%. A petista passou de 37% para 40%. Com isso, a vantagem da
candidata-presidente sobre os adversários estreitou-se de 13 para 4 pontos percentuais.
Quanto mais a
eleição se aproxima, também mais se solidifica nos eleitores o clamor pela
mudança: 65% dos entrevistados pelo Ibope querem que o próximo presidente mude
tudo ou muita coisa no próximo governo. Neste segmento mudancista, Aécio já
empata tecnicamente com Dilma, destaca O Estado de S. Paulo.
O sentimento de
mudança começa a se espraiar por toda a sociedade, por todas as faixas etárias
e níveis de renda, em todas as regiões do país. Entre os mais pobres, as
intenções de voto em Aécio passaram de 10% para 17%. No estrato de renda acima
de cinco salários mínimos, mantiveram-se no patamar de 25%.
Outro dado corrobora
a constatação de que quem conhece a oposição prefere a oposição. Entre abril e
maio, a taxa de rejeição à candidata-presidente manteve-se estável em 33%. A de
Aécio, depois da veiculação das propagandas no rádio e na TV, caiu de 25% para
20% e a de Eduardo Campos passou de 21% para 13%.
A desaprovação ao
governo Dilma é a mais alta já registrada pelo Ibope. Atingiu 33% e é
estatisticamente igual aos 35% que consideram sua gestão ótima ou boa. Pela
primeira vez desde o início do mandato, a avaliação negativa também supera a regular.
No auge das manifestações de rua de um ano atrás, ruim ou péssimo somavam 31%. Ou
seja, desde então o caldo para o governo só engrossou.
Ainda são poucos os
que realmente estão atentos às eleições, que acontecem daqui a pouco mais de
quatro meses. Segundo o Ibope, 57% dos entrevistados têm pouco ou nenhum
interesse na disputa de outubro. Por enquanto.
À medida que o tempo
for passando, a Copa do Mundo tiver acabado, o sentimento de frustração que provavelmente
advirá em relação ao torneio e seus parcos legados manifeste-se mais forte, a
população naturalmente prestará mais atenção aos candidatos e escolherá quem
encarna melhor o figurino da mudança.
Entre os 27% que
hoje não têm nenhum interesse na eleição, 39% classificam o governo da
presidente Dilma como ruim ou péssimo – mais que o dobro dos que a avaliam
positivamente neste grupo (17%). Será que, quando forem obrigados a decidir-se,
mudarão de opinião? Difícil. Na outra ponta, os 14% que têm muito interesse na
eleição optam preferencialmente por Aécio, com 19% das intenções – a petista
tem 17%.
As pesquisas de
opinião têm deixado claro que os brasileiros estão ávidos por darem novo rumo
ao país, ávidos por virar a página de descaso, descalabro e desvios éticos que marca
os anos recentes. A campanha que se aproxima deve respeitar este sentimento e
apresentar ao eleitor alternativas realistas, e não insistir em fantasmas de
quem está morrendo de medo de ver-se apeado do poder.
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