Nunca antes na
história, tivemos um governo tão pródigo em anunciar, com pompa e circunstância,
obras que jamais se tornam realidade. A estratégia está desgastada pelo uso
intensivo que dela faz o PT. Mas eles insistem. Parafraseando um velho bordão
da TV, vem aí mais um campeão de ineficiência: o PAC 3.
A notícia saiu na
edição d’O Globo deste domingo. De tão inverossímil, parece até escárnio. Mas lá
está escrito que a presidente-candidata preparada para abril o lançamento de
uma terceira etapa do Programa de Aceleração do Crescimento. Mas como, se a
maior parte do que vem sendo prometido pelos governos petistas desde 2007 até
hoje não saiu do papel?
A gestão do PT administra
uma ficção. Onde estão as obras estruturantes que há sete anos são anunciadas pela
propaganda oficial como o passaporte definitivo do país para uma nova era de
prosperidade? Alguém viu, alguém encontrou? Aqui não é necessário gastar muita
saliva e tinta: é só olhar em torno e constatar que as principais obras
prometidas não aconteceram.
Transposição das
águas do rio São Francisco? Até hoje nenhuma gota beneficiou os brasileiros que
convivem com a terrível seca do semiárido nordestino. A obra deveria ter ficado
pronta em 2010, mas até agora nem metade foi feita. O custo já praticamente
dobrou, pulando de R$ 4,5 bilhões para R$ 8,2 bilhões. Nem no atual mandato a
transposição – que já tem muitos trechos em ruínas – será concluída.
Ferrovia Norte-Sul? Prometida
para 2010, tem apenas 700 km dos 4,1 mil km previstos concluídos. Dois anos atrás,
Dilma prometeu
entregar todo o trecho entre Açailândia (MA) e Estrela d'Oeste (SP) até 2014. Nada
disso vai acontecer: a nova previsão de término é setembro de 2016 – e olhe lá.
Assim como a transposição, trechos da Norte-Sul nem foram inaugurados e já se
transformaram em ruína, mato e erosão. Não transportam nada.
Refinaria Abreu e
Lima? O compromisso era inaugurá-la em 2010, mas a previsão atual é terminá-la,
quiçá, em fins deste ano. Será? O custo da refinaria pernambucana partiu de R$
4 bilhões iniciais e já chegou a R$ 35,8 bilhões – incluindo um beiço da
estatal venezuelana PDVSA, que seria responsável por 40% do projeto, mas pulou
fora devido à debacle da economia chavista. Com tudo isso, a Abreu e Lima se transformará
na mais cara refinaria já feita até hoje em todo o mundo.
Os exemplos pontuais
são eloquentes, mas o balanço agregado ajuda a dar contornos definitivos ao
fiasco. Em 2013, o PAC teve o melhor desempenho da era Dilma: dos R$ 53 bilhões
previstos no Orçamento Geral da União para o ano, R$ 16,6 bilhões foram
efetivamente investidos até 31 de dezembro último. Ou seja, a melhor marca não
passa de 31,2% da dotação prevista para o ano, de acordo com o Siafi.
Alguns dos ministérios
que concentram as maiores verbas tiveram execução ainda mais vexatória. A poderosa
pasta dos Transportes investiu R$ 4,6 bilhões dos R$ 14,8 bilhões reservados, acompanhando
a média geral do programa no ano. No entanto, descontada a inflação, no ano
passado o ministério investiu menos do que o gasto em 2012 e bem menos até que
o valor nominal aplicado em 2011.
A contabilidade
oficial exibe números diferentes, bem mais vistosos. O governo afirma que já
fez 67% do que prometeu no PAC 2. Entretanto, a maior parte do valor (exato um
terço do total) vem de financiamentos concedidos a beneficiários do Minha
Casa, Minha Vida. É dinheiro que foi emprestado e terá que ser pago pelos mutuários,
mas o governo petista computa como investimento. O setor privado responde por
outros 20% do total. Assim fica fácil...
Além destas
espertezas, a estratégia petista em torno do PAC envolve outras mandracarias. Obras
anunciadas nas etapas anteriores que não ficam prontas são reempacotadas, ganham
nova roupagem e um prazo elástico para acabar. É a mágica da reciclagem das
promessas.
O PAC lançado em 2007, por exemplo, sumiu do mapa sem apresentar um balanço final de suas “realizações”. Ninguém soube, ninguém viu. Na estratégia petista, o que vale é o espetáculo. Qualquer verdadeiro compromisso com o interesse da população é conto da carochinha.
O PAC lançado em 2007, por exemplo, sumiu do mapa sem apresentar um balanço final de suas “realizações”. Ninguém soube, ninguém viu. Na estratégia petista, o que vale é o espetáculo. Qualquer verdadeiro compromisso com o interesse da população é conto da carochinha.
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