O apagão que ontem
atingiu 11 estados brasileiros é a mais perfeita tradução da atual gestão.
Sintetiza um governo que vive seu lusco-fusco, que se notabiliza por produzir
trevas ao invés de iluminar caminhos. A responsável por este estado de coisas,
desde sua concepção e nascedouro, tem nome e sobrenome: Dilma Rousseff.
O setor elétrico
brasileiro entrou ontem novamente em colapso. Estima-se que até 12 milhões de
pessoas tenham sido afetadas pela falta de luz, que durou até duas horas
durante a tarde. Foi o décimo apagão ocorrido nos três anos de gestão da
presidente – o anterior apagara o Nordeste em agosto passado. Nunca antes na
história, ficamos tanto tempo na escuridão.
O sistema elétrico
nacional vive hoje sob o fio da navalha. Os reservatórios registram níveis
mínimos históricos. O consumo de energia bate recordes sucessivos, mas a oferta
não avança no mesmo compasso. As obras de expansão da geração e da transmissão estão
atrasadas e as empresas do setor, praticamente quebradas. Nunca se queimou
tanto combustível poluente para produzir eletricidade.
O abastecimento
energético nacional está sob ameaça. Segundo cálculos abalizados, diante do
estado atual de coisas, o país corre risco de racionar energia ainda neste ano.
A chance é de 20%, enquanto o máximo aceitável seria 5%, apontou o Valor Econômico em sua edição de ontem. Imagine se a economia estivesse indo
bem?
O governo nega e
tenta tapar o sol com a peneira. Há evidências de sobra de que o suprimento de
energia no país está comprometido. Antes mesmo que o apagão de ontem
acontecesse, a presidente Dilma já coordenava uma operação-abafa para tentar esconder
o risco de racionamento. Até entrevista coletiva já havia sido convocada para negar
a possibilidade. O apagão interrompeu o evento, e acabou sendo a cereja do
bolo.
Nunca antes na história,
uma presidente da República alimentou tamanha irresponsabilidade. Na reunião
que convocara para ontem, Dilma pediu a formação de uma força-tarefa “para
definir medidas que permitam ao governo dizer que está trabalhando para
aumentar a capacidade do sistema”, segundo a Folha de S.Paulo. Mas, no seu décimo-primeiro ano, a gestão petista ainda
fala em “força-tarefa” para resolver problemas que já são evidentes há tanto
tempo? Francamente.
Há fatores cuja
responsabilidade escapa aos mortais, como a falta de chuva. Mas há fatores que
a imprevidência dos mortais colaborara para agravar, e muito. Este é o pior
verão em décadas em termos pluviométricos, mas é o terceiro seguido com chuvas
abaixo da média histórica. E o que fez o governo Dilma diante destes reiterados
alertas? Simplesmente incentivou o aumento do consumo.
O setor elétrico brasileiro
experimenta hoje uma série de desequilíbrios que são fruto direto de medidas
tomadas pelo governo petista. Mais especificamente, são resultado de um modelo
urdido desde que Dilma Rousseff ainda era apenas ministra de Minas e Energia e
achava que sua tarefa era implodir o que existia até então para criar um novo e
redentor sistema. Estamos vendo no que deu.
O modelo gestado por
Dilma no ministério setorial, engordado por ela quando foi ministra-chefe da
Casa Civil e anabolizado quando já ocupava a Presidência da República produz
fiascos em série. Só no ano passado foram 71 apaguinhos, com pelo menos dez
minutos de duração. Na média, os brasileiros ficaram 16,5 horas sem luz em
2013.
Com planejamento
capenga, a expansão do parque gerador para fazer frente ao aumento da demanda
não acontece. Segundo o próprio governo, estão atrasadas 22 das 25
hidrelétricas e 22 das 35 termelétricas atualmente em construção no país. Cerca
de 15% do parque eólico brasileiro está ocioso por falta de conexão ao sistema
interligado.
Com as linhas de
transmissão, a situação não é melhor: os atrasos são, em média, de 13 meses, mas
há projetos cuja demora já alcança quatro anos. Com isso, metade da energia prevista
para ser agregada ao sistema elétrico nacional nos próximos dez anos enfrenta complicações
graves para sair do papel. Ou seja, não só o presente é temerário, como também o
futuro é incerto.
Foi neste setor tão
sensível que Dilma Rousseff resolveu meter sua colher. Produziu estragos difíceis
de mensurar. A truculenta interferência e a quebra de contratos – anunciada em
rede nacional de rádio e televisão em setembro de 2012, sob alegação de reduzir
na marra as tarifas de energia – conduziu o setor para um buraco sem fim. As empresas,
incluindo a Eletrobrás, estão em debacle e os investimentos escasseiam. Não há
luz no fim deste túnel.
O desequilíbrio tem
preço, e alto. Só no ano passado, o Tesouro Nacional teve que despejar
R$ 22,6 bilhões para compensar as empresas do setor elétrico pelas perdas
decorrentes da intervenção patrocinada pelo governo Dilma. Neste ano, a conta
deve ser de mais R$ 18 bilhões. O que o consumidor deixou de pagar, o
contribuinte paga com juros.
Dilma Rousseff é a mãe do que aí está. É a mentora de um
sistema que ameaça entrar em colapso. É a patrocinadora de um modelo pródigo em
produzir apagões, mas incapaz de fornecer energia e luz para que o país avance.
O descalabro que acomete o setor elétrico brasileiro não é ato isolado no currículo
da presidente. O conjunto de sua obra consegue ser ainda pior.
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