Se alguém ainda
tinha alguma dúvida sobre a disposição dos petistas de “fazer o diabo” para
vencer as eleições deste ano, elas se dissiparam todinhas ontem. Num dia e em
cerimônias que deveriam ser norteadas pelo equilíbrio e pelo respeito
institucional, o que o PT mais fez foi campanha eleitoral. Por que esta gente
não desce do palanque e simplesmente governa?
A segunda-feira
marcou o início do ano legislativo no Congresso, ao mesmo tempo em que
coincidiu com a posse de quatro novos ministros de Estado. Situações, portanto,
que exigem ser tratadas com espírito público, equilíbrio republicano, respeito
às instituições – em síntese, com compostura. Mas isso seria demais vindo do
PT. O tom palanqueiro dominou a cena.
A própria presidente
da República cuidou de fornecer a senha, ao trazer para seu discurso na posse
dos novos ministros menções às futuras investidas eleitorais de dois dos auxiliares
de saída. Dilma Rousseff também aproveitou para destacar programas e ações que
considera medalhas eleitorais deixadas pelos ministros-candidatos. Sobre
compromissos com a melhoria dos serviços públicos prestados por seu governo,
nenhuma menção.
Avalizados pela
(ainda) chefe, os ministros de saída pisaram fundo. O mais acintoso foi
Alexandre Padilha, que parece estar aprendendo direitinho com o padrinho Luiz
Inácio Lula da Silva como se faz política sem compromisso com os fatos e com total
irresponsabilidade, tudo embalado em teatro e lágrimas – cuidadosamente, claro,
dirigido pelo marketing.
Ainda na função de
ministro de Estado, Padilha desandou a fazer proselitismo político – algo que
já cometera na rede nacional de rádio e televisão convocada na semana passada
pretensamente para tratar de assunto que só terá início daqui a um mês. Mas
desfaçatez tem limite: falar de “legados malditos” depois que seu partido
completou 11 anos no poder? De quem ele terá herdado estes fardos? Dos quatro ministros
que o antecederam desde 2003, na era PT?
Outro que não se
conteve foi Paulo Bernardo. Na posição de garoto-propaganda da mulher, o
ministro das Comunicações agiu como quem estava em cima de algum palanque da
campanha de Gleisi Hoffmann ao governo do Paraná. A tática foi a mesma: olhar
no retrovisor e comparar laranjas com bananas. Tudo isso, repita-se, 11 anos
depois que seu partido assumiu o poder no país. Por que eles simplesmente não
governam?
É de se perguntar o
que de tão especial fizeram Gleisi e Padilha em suas pastas para autorizar
estas lições de revisionismo histórico. A Casa Civil custou a pôr de pé um
programa de privatizações que o partido no governo passou décadas boicotando e
que, por ora, só ensaia os primeiros passos, sem quaisquer resultados palpáveis
à vista.
Já o Ministério da
Saúde escora-se num programa criado às pressas por birôs de marketing como
resposta às manifestações do ano passado e que, também por ora, mal cumpriu um
terço daquilo a que se propôs e está longe de ser a panaceia para o sofrível
atendimento médico prestado à população brasileira, como a propaganda oficial
tenta nos fazer crer.
Na realidade, em
seus discursos e entrevistas os líderes petistas parecem falar de um outro
país. Não do Brasil que derrete a olhos vistos sob a desconfiança de
investidores e empresários e que a cada dia mina ainda mais a esperança dos
brasileiros num futuro melhor. Não do Brasil em que os cidadãos ainda aguardam
por educação de qualidade, saúde digna, segurança para andar tranquilamente
pelas ruas.
Em termos políticos
e eleitorais, o que se espera de Dilma e dos seus auxiliares é um mínimo de
compostura, um pouco de decência, um pingo de respeito. Mas o que a
candidata-presidente e seus conselheiros oferecem é um completo acinte às
instituições, aos cidadãos brasileiros, aos adversários e à história do país.
Em termos
administrativos, o que se gostaria que a candidata-presidente e sua equipe
fizessem é impedir que o país continue a caminhar para o buraco; é agir para
que a credibilidade e a fé no Brasil sejam retomadas; é atuar para que as
empresas voltem a investir e a gerar renda e emprego; é não impedir os
brasileiros de voltar a sonhar.
Onze anos depois que
o PT assumiu o comando do país, o que se espera do partido que se notabiliza
pelo vale-tudo é que simplesmente governe. Que deixe as eleições para a hora
certa. Que honre o voto daqueles que o colocaram no poder e trate os cidadãos brasileiros
com respeito digno que uma nação como o Brasil merece. Até agora, o que o PT
tem feito é o oposto disso.
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