Pesquisas de opinião
divulgadas neste fim de semana revelam qual o humor atual da população brasileira
em relação ao governo. Em síntese, continua muito forte o sentimento de
mudança, a aprovação da gestão Dilma Rousseff está, na melhor das hipóteses,
estacionada e as esperanças dos cidadãos quanto ao futuro não são nada positivas.
No sábado, em
pesquisa publicada por O Estado de S. Paulo, o Ibope mostrou que a aprovação ao governo Dilma –
ou seja, o percentual de quem considera sua gestão ótima ou boa – caiu quatro
pontos e encontra-se hoje em 39%. Está, portanto, bem abaixo do recorde de 63%,
verificado em março de 2013.
Na outra ponta, ainda
segundo o Ibope, hoje o percentual dos que avaliam o governo Dilma como ruim ou
péssimo subiu também quatro pontos, para 24%. A máxima neste indicador também
ocorreu em julho do ano passado, com 31%.
No rescaldo das movimentações
de rua, a popularidade da presidente caiu à metade e desceu a 31% em julho de
2013. Resumo da ópera: passados sete meses desde os protestos, Dilma recuperou
apenas oito dos 32 pontos que chegou a perder.
O Datafolha, em
pesquisa publicada ontem pela Folha de S.Paulo, também captou a mesma alta na taxa dos que consideram o
governo Dilma ruim ou péssimo: a desaprovação passou de 17% em novembro para
21% agora. Ótimo e bom ficaram estacionados em 41%.
Os movimentos ao
longo dos meses são muito parecidos com os do Ibope. No Datafolha, Dilma desceu
dos 65% de aprovação recorde em março para 30% no finzinho de junho do ano
passado. Ou seja, nestes últimos sete meses recuperou somente 11 dos 35 pontos
que perdeu desde as manifestações de rua.
Cotejadas, as duas
pesquisas parecem indicar que Dilma encontra-se hoje estacionada no que pode
ser o seu teto, na casa em torno dos 40% de aprovação. Interessante notar que
os pontos recuperados pela presidente o foram logo após as manifestações.
Desde
então, houve apenas um soluço positivo – que alguns analistas chamam de “efeito
Papai Noel”, em razão do clima favorável que marca as festas de fim de ano – em
dezembro do ano passado e, agora, nova queda ou estagnação na aprovação.
Um primeiro aspecto
a considerar é que se frustrou a previsão feita pelos gurus do marketing
presidencial que disseram que, em quatro meses, Dilma estaria de volta ao
patamar recorde que exibira antes das manifestações. “Ocorrerá uma antropofagia
de anões. Eles vão se comer, lá embaixo, e ela, sobranceira, vai planar no
Olimpo”, disse
João Santana em outubro passado.
A opinião dos
brasileiros também revela quão desesperançada a população está com o governo
atual. O Datafolha esmiuçou o humor dos entrevistados quanto ao futuro e captou
desejo de mudança em 67% deles. Apenas 26% afirmam que querem que as ações do
governo continuem como estão – nem Lula as suporta mais, como mostra a Folha
hoje...
A perspectiva
econômica é a que inspira mais pessimismo na população. Os que não creem em
melhora na sua própria situação nos próximos meses já são maioria (49% acham
que continuarão como estão ou piorarão). Em relação à condição da economia
brasileira como um todo, 27% acham que vai piorar e 34% apostam que vai
melhorar; para 35% permanecerá tudo como está.
Nada menos que 59% dos
entrevistados pelo Datafolha acreditam que a inflação vai aumentar, com
reflexos diretos no poder de compra dos salários, que tende a diminuir para 31% dos
entrevistados. Já 39% dos 2.614 ouvidos pelo Datafolha também creem que o
desemprego no país vai aumentar.
Tais números indicam
que o desalento também já vai se espraiando pela população. É o contrário do
propagandeado pelo marketing oficial, segundo o qual “a economia vai mal, mas o
povo vai bem”.
Não surpreende que esta insatisfação ainda não se reflita nas
pesquisas de intenção de voto para presidente. Afinal, o que temos hoje é
apenas uma presidente candidata em campanha explícita que seus concorrentes só
poderão fazer a partir de junho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário