Quando assumiu a presidência da República, Dilma Rousseff era praticamente
uma novata. O pouco que tinha realizado na vida pública resumia-se à modelagem
de um novo sistema para o setor elétrico, a gestão do PAC e a presidência do
Conselho de Administração da Petrobras, que exerceu tanto quando foi ministra
de Minas e Energia quanto da Casa Civil do governo Lula. Em todos os casos, fez
lambança.
Nada onde Dilma pôs a mão deu certo. Todas as suas “realizações” estão
desabando, envoltas em críticas severas e suspeitas cabeludas. Seja na desastrosa
compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, seja no desenho imposto ao setor energético,
as digitais da hoje presidente da República anteciparam ruínas. O PAC não passa
de uma peça de propaganda. As investidas da nossa presidente são vergonhosas.
Anteontem, Dilma escreveu de próprio punho – segundo noticiam os jornais
de hoje – uma nota de esclarecimento em que argumenta que, na condição de
presidente do principal órgão de governança da então maior empresa do país,
autorizou, com base em mero resumo “técnica e juridicamente falho” e em
“informações incompletas”, a compra de uma refinaria que hoje não produz uma gota
de óleo e que levou a Petrobras a prejuízo de mais de US$ 1 bilhão.
Dilma, a propalada “gerentona” cantada em verso e prosa pela propaganda
enganosa do PT, não apenas não leu o que assinou. Fez pior: ignorou fartas informações
já disponíveis na ocasião que poderiam ter evitado a equivocada decisão da Petrobras
de comprar uma planta industrial no Texas obsoleta e incapaz até de refinar o
tipo de petróleo (pesado) que o Brasil produz.
Dirigentes da Petrobras ouvidos tanto por O Estado de S. Paulo quanto pela Folha de S.Paulo garantem: todas as informações que Dilma diz desconhecer
estavam integralmente lá, em 2006, à disposição dela e do Conselho de
Administração que ela presidia. Segundo a presidente da República, se tivesse
ciência dos termos reais do negócio, “seguramente” não o teria aprovado. Conta
outra...
Todas as cláusulas draconianas, inclusive as que obrigaram a Petrobras a
comprar a refinaria de Pasadena pagando por ela quase 30 vezes o que haviam gastado
os antigos donos, eram de conhecimento do conselho presidido por Dilma. Além
disso, a chamada “put option”, que obriga sócios em desavença a adquirir a
parte do outro, é praxe no mercado e mesmo na rotina da estatal. Mas Dilma, que
por sete anos ocupou o mais alto cargo de governança da maior empresa
brasileira, simplesmente a ignorava. Diabos, não é ela que sabe tudo?
Também é de estranhar que Dilma tenha se mantido em silêncio todo este
tempo – se é verdade, como ela hoje afirma, que desde que tomara conhecimento
das cláusulas, em 2007, se opusera ao negócio. Lá se vão oito anos desde a
aquisição e só a apuração diligente da imprensa, a cobrança persistente da
oposição e o avanço das investigações por órgãos de fiscalização e controle
competentes forçaram a presidente a finalmente abrir a boca. Dependesse dela e
da Petrobras, o assunto teria sido varrido para debaixo do tapete.
O buraco em que a Petrobras foi metida, do qual Pasadena é infelizmente apenas um grave
exemplo, se soma à balbúrdia em que Dilma transformou nosso setor de energia. As
regras implantadas dez anos atrás e remendadas na marra no ano passado nos
levaram à beira do racionamento, um tarifaço à vista, recursos bilionários do
contribuinte sendo torrados para tapar o rombo que o próprio governo criou,
empresas indo à bancarrota e milhares de empregos destruídos. Um caos que tem
uma única responsável direta: Dilma Rousseff.
A crise da energia já começou, independentemente de haver racionamento ou
não. Ontem, o governo – que antes dizia que o risco era “zero”, depois passou
a considerá-lo “baixíssimo” e posteriormente “baixo” – admitiu que o “sinal amarelo” já acendeu. As chances de faltar energia são crescentes, mas a gestão
petista obviamente vai preferir torrar o dinheiro que houver (e até o que não
houver) e queimar o óleo poluente de que dispuser antes de tomar qualquer
medida mais drástica, que provavelmente terá de vir em 2015.
Já a ficha de realizações da “mãe do PAC” é por demais vaporosa e dispensa
maiores considerações. Tudo somado, temos uma presidente que jamais cumpriu
as promessas de eficiência com as quais foi apresentada aos eleitores em 2010. E
uma agente pública que, quando teve que atuar, tomou as piores decisões, das
maneiras mais irresponsáveis e levianas que se pode imaginar. No bem bolado que
tentou vender aos brasileiros, Dilma Rousseff acabou entrando numa embolada de
onde não sabe como sair.
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