As mulheres têm
participação cada vez mais destacada na vida do país. Há muito tempo, vêm
deixando de ser apenas zelosas mães que cuidam de casa para tomar a frente dos
assuntos da família, da educação dos filhos e assumindo, também, o protagonismo
no mundo do trabalho. É bom que seja assim, mas elas ainda merecem – e precisam
de – muito mais.
Até nos números as
mulheres brasileiras mostram a força de que hoje desfrutam. Elas são maioria na
nossa população: representam 51% do total, segundo o IBGE. Também predominam
entre eleitores, com 52% do total, conforme estatísticas
do Tribunal Superior Eleitoral.
Este poderio
numérico, entretanto, contrasta com uma realidade de desigualdades no mercado
de trabalho, de violência doméstica, de pouca atenção das políticas públicas em
favor da maior emancipação das mulheres na sociedade brasileira atual, principalmente
nas áreas de saúde e educação.
As mulheres
brasileiras ainda buscam uma igualdade não encontrada, e são obrigadas a lidar
com uma situação longe da ideal. Ocupam postos de comando no serviço público e
nas empresas, mas ganham salários menores que os dos homens. A atenção à saúde
não é adequada, levando a um número excessivo de mortes que poderiam ser
evitadas.
Uma das maiores
vergonhas nacionais continua sendo a violência doméstica, chaga ainda não
superada na nossa sociedade. Quase oito anos após a entrada em vigor da lei
Maria da Penha, 700 mil mulheres ainda sofrem agressões no Brasil anualmente,
segundo dados que embasaram o relatório
final da CPI Mista que investigou a violência contra a mulher.
Cerca de 13,5
milhões de mulheres (19% da população feminina acima de 16 anos) já sofreram
algum tipo de agressão. Apenas em 2013, foram registrados 145 mil casos de
violência doméstica e sexual no país. Parceiros ou ex-parceiros são os
principais agressores.
Trata-se de situação
inaceitável que demanda rigor absoluto na aplicação da lei, punições mais
severas aos agressores e implantação de estruturas públicas capazes de prover atenção
mais adequada às vítimas da violência, como centros de referência, delegacias
especializadas, casas de abrigo, juizados específicos e núcleos de defensoria dedicados
ao atendimento à mulher agredida.
Aspecto igualmente
importante repousa na atenção à saúde feminina. As políticas públicas direcionadas
a este público têm se mostrado insuficientes e, em certos aspectos, até
retrocedido, como foi o caso da portaria do Ministério da Saúde editada no fim
de 2013 que excluiu
mulheres de até 49 anos da realização de mamografia pelo SUS, prejudicando
importante ação para prevenção do câncer de mama.
Para completar,
também faltam creches para que as mães deixem seus filhos em segurança e posam
desenvolver uma vida profissional mais digna. Estima-se déficit de 20 mil destas
unidades, consideradas por especialistas verdadeiras “portas de saída” da pobreza, por permitir às mães melhores possibilidades de emprego
e ascensão social.
A implantação de
creches tem sido negligenciada pela gestão Dilma. Na campanha eleitoral, a
presidente prometeu construir 6 mil unidades, número que depois foi ampliado
pelo governo federal para 8,6 mil. Mas, até o mês passado, quando foi divulgado
o nono balanço
do PAC, apenas 233 unidades estavam prontas, o que dá, na melhor das hipóteses,
menos de 4% do prometido.
Há, por fim, a
desigualdade entre mulheres e homens no mercado de trabalho, embora elas
assumam posições cada vez mais altas de comando. Segundo a Pnad,
o rendimento médio feminino equivale a apenas 57% do que ganham os homens. O desemprego
entre elas é 50% superior, na média, à desocupação entre eles.
Ficou no passado o
tempo em que as mulheres eram consideradas meras donas de casa. Seu
protagonismo na sociedade contemporânea as transforma, cada vez mais, nas donas
da casa. Promover a autonomia feminina, garantir seus direitos, proteger-lhes da
violência que ocorre cotidianamente dentro do lar devem ser objetivos centrais
das políticas públicas. Quem sabe assim o Dia Internacional da Mulher possa ser
comemorado com mais dignidade.
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