Aos poucos, o Mais
Médicos vai revelando suas reais feições. Nos últimos dias, o governo petista se
viu obrigado a reajustar o valor pago aos profissionais cubanos, firmou novo
acordo milionário com a Opas e acabou comprovando que, no fim das contas, desde
o início o programa limitou-se a uma mera parceria comercial entre Brasil e
Cuba.
A iniciativa mais
significativa foi oficializada na sexta-feira, véspera de Carnaval. Depois de
muitas críticas, o governo anunciou
que passará a pagar mais aos participantes do programa oriundos da ilha
comandada pelos irmãos Castro. Foi como se admitisse que, até então, explorara
desmesuradamente a mão de obra cubana.
Até agora, os
cubanos recebiam US$ 400 para custear suas despesas no Brasil e tinham mais US$
600 depositados em conta bancária em sua terra natal. Ou seja, enquanto médicos
de outras nacionalidades recebiam R$ 10,4 mil pelo mesmo trabalho, os cubanos
viviam no país com menos de R$ 1 mil.
Tais condições –
injustas, desiguais e desumanas – só vieram a público após a deserção da médica
Ramona Rodriguez, no início de fevereiro. Ele exibiu contrato firmado com uma “sociedade
mercantil” que intermedia a exportação de mão de obra médica cubana para o
resto do mundo. As condições se assemelham a um regime escravocrata.
O caso ganhou forte repercussão
nacional a partir da ação da oposição no Congresso, com ações firmes do PSDB e
do DEM. E acabou forçando o governo brasileiro, muito a contragosto, a tratar os cubanos
com um pouco mais de dignidade.
Agora, os médicos de
Cuba receberão cerca de R$ 3 mil (US$ 1.245), todos pagos no Brasil. A parte do
leão, porém, continuará sendo mandada para financiar a ditadura dos irmãos
Castro, que ficará com os R$ 7,4 mil restantes, descontada a comissão da Opas.
Em um ano, o governo
brasileiro gastará R$ 1,5 bilhão para custear o Mais Médicos, levando em
consideração novo contrato firmado com a Opas divulgado ontem, junto com a
confirmação de que mais 4 mil cubanos serão importados pelo Brasil.
Com isso, o programa
preencherá 13,8 mil vagas – embora, de início, o governo petista tenha anunciado
que atenderia a demanda de 15,5 mil profissionais reportada pelas prefeituras. Destas,
mais de 80% serão ocupadas por cubanos, que somarão 11.400 profissionais.
Passados oito meses
desde o seu início, o Mais Médicos revela-se o que sempre foi: uma parceria
entre o governo brasileiro e a ditadura castrista, sedenta por dinheiro que
reforce suas combalidas finanças.
A Folha de S.Paulo informa em sua edição de hoje que o contingente de médicos a
serem importados da ilha já estava fechado há muito tempo, embora o Ministério
da Saúde insista em dizer que a prioridade sempre foi dada aos brasileiros. O número
de cubanos, porém, mais que dobrou ao longo do tempo.
Em maio do ano
passado, veio a público a primeira notícia de que o Brasil se preparava para
importar 6 mil médicos cubanos, anunciada pelo então chanceler Antonio
Patriota. As tratativas, contudo, vinham de antes: a vinda dos profissionais de
Cuba começara a ser negociada em janeiro de 2012, quando Dilma visitou Havana
pela primeira vez, relatou O Estado de S. Paulo à época.
A vinda de bons
profissionais para atender bem a população brasileira que necessita de cuidados
médicos é sempre bem-vinda. O que não dá para admitir é a falta de transparência
que cerca iniciativas oficiais e, pior ainda, o tratamento acintoso dispensado
pelo governo brasileiro a profissionais importados de Cuba num sistema que mais
lembra o tráfico de escravos do que relações trabalhistas.
O país comemora o
aumento da oferta de médicos a serviço da população. Mas deplora a forma com
que o governo petista lida com o assunto por meio de um programa de claro viés
eleitoral. No fim das contas, o Mais Médicos acabou reduzido a algo que seria
mais apropriado chamar de Mais Cubanos. Quem mais ganhou com ele foi a ditadura
castrista. Terá sido este o objetivo desde o início?
Nenhum comentário:
Postar um comentário