Está cada vez mais
caro sobreviver no Brasil. A inflação não dá trégua; a carga de impostos só
sobe; os desequilíbrios criados pela intervenção excessiva do governo na
economia e pelas soluções artificiais que nada solucionam só pioram a situação.
Desse jeito, o país não para em pé.
A inflação está de
novo em escalada. Os índices de preços sobem justamente quando o governo dizia que cairiam, como mostra o Valor Econômico. Isso não chega a ser novidade: em geral, nos últimos tempos a
economia brasileira tem se comportado sempre de maneira distinta da que os
petistas dizem que ela se comportaria. Percebe-se um traço esquizofrênico na nossa
política econômica.
Em fevereiro, o IPCA
tornou a subir, chegando a 0,69% no mês. Em 12 meses, acumula aumento de 5,68%.
Custos com escolas foram o item que mais pesou no mês passado, mas no horizonte
altista estão os alimentos, cujos preços salgados o consumidor já está sentindo
no bolso. A perspectiva é de que a alta se mantenha neste mês de março.
A seca que drena os
reservatórios e põe o país sob risco de racionamento de energia também está
afetando diretamente a produção de legumes, hortaliças e frutas, cujos preços
estão pela hora da morte. Em média, ficaram 11,4% mais caros em fevereiro, de
acordo com o IBGE.
Um quilo de tomate, que subiu 67% em fevereiro no principal entreposto de São
Paulo, já chega a custar
R$ 20.
A inflação deste
primeiro trimestre deverá ser mais alta do que a dos três meses iniciais de
2013. Mesmo eliminando comportamentos destoantes, como os causados pela falta
de chuvas, os índices de preços estão agora mais elevados do que há um ano. Poderia
ser apenas uma preocupação estatística, mas é bem mais que isso.
Ocorre que, neste
último ano, a taxa básica de juros do país subiu 3,5 pontos percentuais, justamente
para frear os preços. A Selic saiu de 7,25% ao ano em março de 2013 para os
atuais 10,75%. Ou seja, aumentou quase 50% em menos de 12 meses, mas a inflação simplesmente
não saiu do lugar – em alguns aspectos, até piorou.
Não fosse o garroteamento
artificial de preços como o da energia e o da gasolina, a inflação estaria mais
alta. Os preços livres exibem alta de algo como 7% ao ano e os serviços sobem
ainda mais, por volta 8,2%. Preços que o governo controla aumentam em torno de
1,5%, mas este calmante tem limite e já está com prazo de validade vencido.
Não será possível
segurar artificialmente custos em alta por muito mais tempo. Os combustíveis já
iniciaram um processo de correção no ano passado, mas ainda continuam bastante
defasados em relação ao preço que a Petrobras paga para importá-los do exterior
– o que está na raiz do desmonte da nossa maior estatal.
Com a energia, dá-se
o mesmo. O governo tentou derrubar os preços na marra, mas fracassou. Diante de
riscos crescentes de racionamento – de “zero” a chance subiu para “baixíssima”
e ontem escalou mais um degrau para “baixa”
– os custos explodiram. O Tesouro – leia-se os contribuintes – tentou matar a
conta no peito, mas ontem também admitiu
que a repassará para os consumidores a partir de 2015.
Como se não bastasse
este arrazoado de preços em desequilíbrio e em galopada, nossa carga tributária
segue alta e em expansão. Registrará aumento em proporção do PIB nos quatro
anos da atual gestão e em sete dos oito anos em que Guido Mantega responde pela
condução da política econômica do país. É conta que fica mais salgada para ser
paga pelo contribuinte.
Não há menor sombra
de dúvida de que a chamada nova matriz econômica do governo petista fracassou. Na
realidade, ela é a velha diretriz estatista, que a experiência mundial já tinha
varrido para debaixo do tapete, mas gente como a presidente Dilma Rousseff
insistiu em tentar ressuscitar. Fizeram o país de laboratório e a experiência deu
toda errada. Quem paga por isso somos nós.
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