A popularidade da
presidente caiu sete pontos desde novembro, segundo levantamento patrocinado
pela CNI e divulgado ontem pelo Ibope.
Passou de 43% para 36%. Falta pouco para a aprovação ao governo Dilma voltar ao
tamaninho que chegou a ter no auge das manifestações do ano passado e seu pior
momento até agora.
Dos 32 pontos de popularidade que perdeu
ao longo do primeiro semestre de 2013 até o auge das manifestações de rua, Dilma
chegou a recuperar 12, conforme registrou o Ibope em novembro. Mesmo pouco, o alento
durou quase nada. Com os pontos que ela agora tornou a perder, resulta que a
presidente reconquistou apenas cinco dos 32 pontos de sua popularidade avariada.
Não parece exibir fôlego.
Ao mesmo tempo em que
a aprovação cai, o percentual dos que avaliam a gestão da presidente como ruim
ou péssima sobe com força. Hoje, este contingente é quatro vezes maior do que
era há apenas um ano. Vale dizer: em março de 2013, 7% achavam o governo de Dilma
ruim ou péssimo e agora este grupo soma 27%, já se aproximando dos 31% de julho
do ano passado, ponto mais crítico da atual gestão.
Consideradas estas
duas curvas, a presidente está hoje tão mal avaliada quanto estava logo depois
que milhares de brasileiros protestaram nas ruas, no inverno de 2013. Com uma
diferença: o saldo positivo era de 15 pontos em setembro último e agora é de
apenas nove. Não há um estouro de boiada de insatisfação, como aconteceu
naquela ocasião, mas há um mal-estar cada vez mais disseminado.
Parece haver um duto
drenando a popularidade de Dilma e transformando-a diretamente em repulsa. A antiga
aprovação (ótimo+bom) está se convertendo em desaprovação (ruim+péssimo) numa
viagem sem escala pelo patamar de avaliação regular, como costuma acontecer. Enquanto
a aprovação caiu sete pontos, a desaprovação subiu também sete pontos, de 20%
para 27% de novembro para cá. Regular apenas oscilou de 35% para 36%.
A insatisfação ainda
é meio difusa. Mas ganha contornos claros quando se pergunta aos entrevistados como
avaliam o governo em diferentes campos de atuação. E o que ocorre é que, pela
primeira vez em 39 meses de governo, a presidente tem sua gestão reprovada em todas
as nove áreas aferidas pela pesquisa. “O descontentamento aumentou mais
notadamente com relação às políticas econômicas, refletindo a maior preocupação
com relação à inflação e ao desemprego”, destacou o Ibope.
Para cada brasileiro
que aprova a condução da economia pelo governo Dilma, três desaprovam, segundo O Globo. A proporção é bastante próxima disso no que se refere ao combate
à inflação (71% de insatisfação) e maior ainda na política de juros (73%). Nesta
seara, a presidente não terá nenhuma chance de refresco pela frente: ontem, o Banco Central
sinalizou
que conta com inflação maior, crescimento menor e, possivelmente, juros mais
altos no horizonte.
A proporção se
repete na saúde: 77% de desaprovação e somente 21% de aprovação, numa das insatisfações
mais acachapantes entre todas as nove áreas pesquisadas – só não é maior que a
relativa aos impostos. Está aí mais uma prova de que os brasileiros não se
deixam enganar por coelhos tirados da cartola para ludibriar a população, como o programa Mais Médicos. O mesmo acontece na segurança: 76% a 22%. Na educação,
para cada brasileiro que aprova, dois desaprovam.
Até áreas consideradas
caras ao PT estão caindo de podre. A desaprovação já é maior também às
políticas de combate à pobreza – núcleo estratégico do governo entre os mais
pobres e maiores eleitores de Dilma – e de combate ao desemprego, com 57%
desaprovando a atuação da presidente em relação ao assunto e 40% demonstrando
satisfação – percentuais que eram inversos um ano atrás.
A repulsa à
presidente Dilma também começa a se espraiar pelo interior do país, numa
indicação de que a erosão na popularidade dela está mais para voçoroca. Em
cidades com até 20 mil habitantes, o percentual dos que consideram a gestão
atual ótima ou boa caiu de 59% para 44%. Foi a mais intensa queda entre os estratos
pesquisados pelo Ibope.
A população
brasileira quer mudar, como vêm mostrando todas as pesquisas de opinião de
todos os institutos desde fins do ano passado. A novidade, porém, é que a
mudança já está sendo associada a nomes. Segundo outra pesquisa do Ibope Inteligência, Aécio Neves é citado por 18% dos entrevistados como quem tem
mais condições de fazer as transformações que o país necessita. Outros 13%
apontam Marina Silva e 8%, Eduardo Campos. Com Dilma afundando, o caminho está
aberto.
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