Os dados do IBGE
mostraram que a alternativa de levantar o PIB por meio da expansão do consumo,
definitivamente, deixou de funcionar. A demanda das famílias ainda cresce, mas
num ritmo incapaz de contrabalançar a anemia de outras áreas, principalmente os
investimentos – tanto os públicos, quanto os privados.
Há anos ouvem-se clamores
para que o governo realize os investimentos necessários para melhorar as
condições de competitividade do país. Há anos o que se vê, como resposta, é um desempenho
medíocre das gestões petistas neste quesito. Foi assim com Lula, continua sendo
assim com Dilma.
Neste ano, os investimentos
federais correspondem a 0,9% do PIB, menos que o registrado em 2010 (1,2%) e em
2011 (1%). Especificamente em infraestrutura, investe-se hoje menos que na década
de 80 – aquela que era chamada de “perdida” até pouco tempo atrás: segundo a OCDE,
são 0,4% do nosso PIB, menos da metade da média mundial.
A crítica situação atual
dos investimentos representa uma espécie de acerto de contas com os descalabros
em série produzidos ao longo de toda a era petista. O Estado não apenas não fez
a sua parte, como também erodiu as condições para que os empreendedores
privados fossem adiante.
As condições de concorrência
se deterioraram com o aumento da intervenção estatal nas condições de mercado,
marca dos governos petistas. Com os vencedores sendo escolhidos nos gabinetes
brasilienses, investir para produzir mais tornou-se temerário.
Ao mesmo tempo, a
estrutura regulatória – tão cuidadosamente erigida na era Fernando Henrique
Cardoso – foi sendo, dia após dia, implodida. Em toda e qualquer área, passou a
imperar a discricionariedade e o interesse político-partidário. Quem se
aventura a investir num ambiente assim?
Estímulos ao
investimento privado jamais foram adotados. As parcerias público-privadas
continuam engavetadas. Concessões e privatizações demoraram anos para serem
retomadas, levando nossa infraestrutura literalmente para o buraco. Com tanto desincentivo,
não é surpresa que seja tão difícil acreditar na decolagem do Brasil.
Mais alguns números
servem para ilustrar a marcha à ré. Os investimentos em infraestrutura viária feitos
neste ano até agora representam apenas metade do que foi aplicado no mesmo
período de 2011. O Dnit está paralisado, com 55% da malha rodoviária nacional,
ou 33 mil quilômetros de estradas, sem contratos de manutenção e recuperação,
como mostra hoje o Valor
Econômico em manchete.
Outro exemplo: por
absoluta incompetência gerencial, o governo não consegue concluir uma das mais
importantes obras logísticas do país, a ferrovia Norte-Sul. A estatal Valec deixou
vencer contratos com empreiteiras e a obra só ficará pronta no ano que vem, prolongando
sobrecustos de transporte que chegam a R$ 12 bilhões ao ano, informou a Folha
de S.Paulo ontem.
Para piorar, as
intenções de investimento nos próximos quatro anos já diminuíram R$ 35 bilhões,
segundo O
Estado de S.Paulo. As maiores quedas são em siderurgia, celulose,
petroquímica e eletroeletrônicos. Neste ano, os gastos em máquinas e
equipamentos – ou seja, em modernização e aumento de produção – devem cair 11%,
de acordo com a Fiesp.
Se os empresários brasileiros
tiraram o pé do acelerador, os estrangeiros pisaram fundo no freio: investimentos
em carteira caíram de US$ 17,4 bilhões no primeiro quadrimestre de 2011 para
apenas US$ 3,2 bilhões neste ano. O encantamento e a euforia com o país “não
existem mais”, como atestam até aliados importantes do petismo, como o
ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles.
Diante desta
avalanche negativa, as expectativas estão convergindo pesadamente para baixo. Há
pouco, o BC divulgou
que a previsão para o PIB deste ano afundou para 2,72%. Foi a quarta queda
seguida de um prognóstico que não costuma ser alterado tão bruscamente em tão
curto espaço de tempo pelos analistas – há um mês, estava em 3,23%.
Os resultados do primeiro
trimestre do ano não são um ponto fora da curva; o país atravessa um claro
momento de estagnação – para se ter ideia, entre 24 economias emergentes,
estamos apenas em 15° lugar no ranking do crescimento pós-2009. Para este ano, uma
expansão de 2,5% passou a ser tida, majoritariamente, como teto para nosso PIB.
Passou da hora de
recuperar uma agenda de reformas voltada a dar melhores condições de
competitividade à economia brasileira, impulsionando tanto o investimento público
quanto o privado. Há uma lista enorme de medidas modernizantes clamando para
ser implementada. A política do puxadinho, com benesses esparsas, favores
dirigidos, incentivos desconexos, falhou, e só o PT não vê.
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