quarta-feira, 27 de junho de 2012

Petrobras no fundo do poço

A Petrobras tornou-se o retrato mais bem acabado da ineficiência do governo petista. Desde o governo Lula, a maior empresa do país vive uma espiral descendente, vitimada pela manipulação política de seus negócios e de sua gestão. Patrimônio dos brasileiros, a companhia precisa ser, urgentemente, soerguida.

A apresentação do novo plano de negócios da empresa para o período 2012-2016, realizada ontem no Rio, escancarou a forma deletéria com que a Petrobras vem sendo gerida na era petista. É um histórico de metas não cumpridas, atrasos em obras, investimentos frustrados, planejamento inadequado e desperdício de recursos.

A previsão da companhia é investir US$ 236,5 bilhões, ou US$ 47,3 bilhões ao ano, até 2016, o que representa 5% além da estimativa anterior. Entretanto, a produção será menor do que anteriormente se projetava, chegando a 1 milhão de barris menos em alguns períodos de 2017.

“A estatal vinha divulgando metas que sistematicamente descumpria, convivia com falta de planejamento, controles insuficientes e ineficiência operacional. As antigas projeções de produção, consideradas irrealistas pelo mercado e, agora, assumidas pela nova administração, indicou a presidente [Graça Foster], contavam com a sorte para serem atingidas”, resumiu o Valor Econômico.

Segundo Graça Foster, as metas anteriores eram “muito ousadas” e, por isso, foram revistas em direção a algo “mais realista”. Uma coisa é certa: não se estipulam objetivos irrealistas numa empresa do porte da Petrobras inadvertidamente. A realidade é que, na era petista, a empresa foi convertida em peça de campanha publicitária, ao mesmo tempo em que vem sendo carcomida nas entranhas.

Especialmente na gestão Lula, a Petrobras definhou sob enorme ingerência política. Segundo atestam funcionários, a influência de Brasília e dos partidos desceu a níveis de gerências menores, algo nunca visto na história recente da companhia. Além de gerar ineficiência, tamanha manipulação deu origem a vários empreendimentos que agora estão simplesmente naufragando.

Foster admitiu ontem que, desde que o PT assumiu a companhia, a Petrobras jamais cumpriu as metas de produção a que se propôs. Ao mesmo tempo, pôs-se a tocar megaprojetos que primam por atrasos e pela escalada de custos. A lista é longa e vai de refinarias emperradas no Nordeste a sondas que chegam a ultrapassar o cronograma em 864 dias.

Desde que foi lançada, em 2005, a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, por exemplo, já teve seu custo multiplicado por nove, passando de US$ 2,3 bilhões para US$ 20,1 bilhões. No Comperj, no Rio, já foram gastos R$ 2,9 bilhões e não há sequer data para que a obra seja concluída. As refinarias de Maranhão e Ceará foram postas na geladeira, sabe-se lá até quando.

Não é só na gestão de seu plano de investimentos que a Petrobras derrapa. A companhia também se vê constrangida por ter sido convertida em instrumento de controle da inflação pelo PT. Há sete anos, período em que as cotações de petróleo oscilaram loucamente no mundo, o consumidor brasileiro paga, artificialmente, o mesmo preço nos postos.

Mesmo com o reajuste anunciado na semana passada, ainda subsiste uma defasagem em relação ao mercado internacional que está em torno de 7% na gasolina e entre 13% e 18,6% no diesel. A empresa cobra novos aumentos, mas é certo que, se ocorrerem, só virão após as eleições, uma vez que não é mais possível evitar que batam no bolso do consumidor.

Criou-se no país uma cadeia de distorções que torna os combustíveis fósseis mais atraentes que os renováveis e está freando o uso de etanol nos motores brasileiros. Ao mesmo tempo, o país da autoproclamada autossuficiência em petróleo é obrigado a importar 80 mil barris diários de gasolina e óleo diesel. Sem um necessário realinhamento nesta política, o fôlego da Petrobras para investir e reagir continuará curto.

O inferno astral da Petrobras também pode ser dimensionado pela sofrível condição em que ela se encontra no mercado de capitais. Apenas ontem, a empresa perdeu R$ 22,3 bilhões em valor de mercado, com os investidores decepcionados com os rumos da companhia.

Só neste ano, as ações da Petrobras já caíram 15% (preferenciais) e 17,7% (ordinárias), prejudicando também os cerca de 300 mil cotistas que investiram seu FGTS na empresa em 2000. O valor de mercado da companhia caiu ontem para apenas 70% do patrimônio líquido, o que representa o menor nível histórico, segundo a consultoria Economática.

O PT vive dizendo que deu novo ímpeto ao Estado e às empresas públicas desde que chegou ao Planalto. Na realidade, transformou-as em instrumentos a serem manipulados em favor da sua perpetuação no poder. A atuação desastrosa do governo petista à frente da Petrobras e a situação lastimável a que a empresa foi empurrada são mais que suficientes para mostrar o que não deve ser feito.

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