A apresentação do
novo plano de negócios da empresa para o período 2012-2016, realizada ontem no
Rio, escancarou a forma deletéria com que a Petrobras vem sendo gerida na era
petista. É um histórico de metas não cumpridas, atrasos em obras, investimentos
frustrados, planejamento inadequado e desperdício de recursos.
A previsão da
companhia é investir US$ 236,5 bilhões, ou US$ 47,3 bilhões ao ano, até 2016, o
que representa 5% além da estimativa anterior. Entretanto, a produção será
menor do que anteriormente se projetava, chegando a 1 milhão de barris menos em
alguns períodos de 2017.
“A estatal vinha
divulgando metas que sistematicamente descumpria, convivia com falta de
planejamento, controles insuficientes e ineficiência operacional. As antigas
projeções de produção, consideradas irrealistas pelo mercado e, agora,
assumidas pela nova administração, indicou a presidente [Graça Foster],
contavam com a sorte para serem atingidas”, resumiu o Valor
Econômico.
Segundo Graça Foster, as metas anteriores eram “muito ousadas” e, por
isso, foram revistas em direção a algo “mais realista”. Uma coisa é certa: não
se estipulam objetivos irrealistas numa empresa do porte da Petrobras
inadvertidamente. A realidade é que, na era petista, a empresa foi convertida em
peça de campanha publicitária, ao mesmo tempo em que vem sendo carcomida nas
entranhas.
Especialmente na
gestão Lula, a Petrobras definhou sob enorme ingerência política. Segundo atestam
funcionários, a influência de Brasília e dos partidos desceu a níveis de
gerências menores, algo nunca visto na história recente da companhia. Além de
gerar ineficiência, tamanha manipulação deu origem a vários empreendimentos que
agora estão simplesmente naufragando.
Foster admitiu ontem
que, desde que o PT assumiu a companhia, a Petrobras jamais cumpriu as metas de
produção a que se propôs. Ao mesmo tempo, pôs-se a tocar megaprojetos que primam
por atrasos e pela escalada de custos. A lista é longa e vai de refinarias
emperradas no Nordeste a sondas que chegam a ultrapassar o cronograma em 864
dias.
Desde que foi
lançada, em 2005, a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, por exemplo, já teve
seu custo multiplicado por nove, passando de US$ 2,3 bilhões para US$ 20,1
bilhões. No Comperj, no Rio, já foram gastos R$ 2,9 bilhões e não há sequer
data para que a obra seja concluída. As refinarias de Maranhão e Ceará foram
postas na geladeira, sabe-se lá até quando.
Não é só na gestão
de seu plano de investimentos que a Petrobras derrapa. A companhia também se vê
constrangida por ter sido convertida em instrumento de controle da inflação
pelo PT. Há sete anos, período em que as cotações de petróleo oscilaram loucamente
no mundo, o consumidor brasileiro paga, artificialmente, o mesmo preço nos
postos.
Mesmo com o reajuste
anunciado na semana passada, ainda subsiste uma defasagem em relação ao mercado
internacional que está em torno de 7% na gasolina e entre 13% e 18,6% no
diesel. A empresa cobra novos aumentos, mas é certo que, se ocorrerem, só virão
após as eleições, uma vez que não é mais possível evitar que batam no bolso do
consumidor.
Criou-se no país uma
cadeia de distorções que torna os combustíveis fósseis mais atraentes que os renováveis
e está freando o uso de etanol nos motores brasileiros. Ao mesmo tempo, o país
da autoproclamada autossuficiência em petróleo é obrigado a importar 80 mil
barris diários de gasolina e óleo diesel. Sem um necessário realinhamento nesta
política, o fôlego da Petrobras para investir e reagir continuará curto.
O inferno astral da Petrobras
também pode ser dimensionado pela sofrível condição em que ela se encontra no
mercado de capitais. Apenas ontem, a empresa perdeu R$ 22,3 bilhões em valor de
mercado, com os investidores decepcionados com os rumos da companhia.
Só neste ano, as
ações da Petrobras já caíram 15% (preferenciais) e 17,7% (ordinárias),
prejudicando também os cerca de 300 mil cotistas que investiram seu FGTS na
empresa em 2000. O valor de mercado da companhia caiu ontem para apenas 70% do patrimônio
líquido, o que representa o menor nível histórico, segundo a consultoria
Economática.
O PT vive dizendo
que deu novo ímpeto ao Estado e às empresas públicas desde que chegou ao Planalto.
Na realidade, transformou-as em instrumentos a serem manipulados em favor da sua
perpetuação no poder. A atuação desastrosa do governo petista à frente da
Petrobras e a situação lastimável a que a empresa foi empurrada são mais que
suficientes para mostrar o que não deve ser feito.
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