Na taxa acumulada
nos últimos 12 meses, o PIB cresceu apenas 1,9%. Para se ter ideia do que isso
significa, há um ano a economia brasileira rodava à velocidade de 6,3% anuais. Desde
então, foi decaindo progressivamente até chegar agora a menos de um terço do
que era.
Nesta toada, até os
2,7% do pibinho de 2011 começam a parecer uma miragem para este ano. Segundo a LCA
Consultores, ouvida pelo blog Casa
das Caldeiras, do Valor Econômico,
para crescer 3% em 2012, o PIB precisaria avançar 7% ao ano, na média, de agora
até o fim do ano. Não parece nem um pouco crível.
Os resultados do
IBGE vieram recheados de más notícias – vale destacar que apenas as previsões
mais pessimistas esperam um valor tão baixo quanto 0,2% no trimestre. A agricultura
conseguiu sair-se pior que a indústria e foi o setor com maior queda: 7,3%
sobre o trimestre anterior.
Na mesma base de
comparação, os investimentos também caíram 1,8%. Por esta ótica, apenas o
consumo, tanto o do governo quanto o das famílias, cresceu. A taxa de poupança
caiu de 19,5% do PIB no primeiro trimestre de 2011 para 18,7% agora.
No trimestre, o
Brasil saiu-se pior que os Brics, que economias mais maduras como EUA, Japão e
Alemanha e também em relação a alguns países vizinhos, como Chile e México. Só
ganhamos de algumas das economias mais problemáticas do mundo hoje, como Espanha,
Portugal e Itália, mostrou a Agência
Estado.
As perspectivas para
o segundo trimestre também não são boas, a considerar os primeiros resultados
já conhecidos para abril. É o caso, por exemplo, da produção industrial, em
movimento definitivamente ladeira abaixo. Ontem, o IBGE havia mostrado que o
setor encolheu 2,9% em abril na comparação com mesmo mês de 2011.
Curiosamente, no cômputo
do PIB a indústria foi a de melhor desempenho, com alta de 1,7% sobre o
trimestre anterior. Uma das explicações seria o peso da construção nas contas
nacionais, diferentemente da sua participação na produção industrial pesquisada
pelo IBGE, mais calcada nos setores de transformação.
Com todo este
desalento, o único que não demostra preocupação em relação ao comportamento geral
da economia é justamente quem mais deveria estar incomodado com o ritmo
decepcionante: o ministro da Fazenda. Em mais uma de suas previsões alienadas,
Guido Mantega disse
hoje pela manhã que ainda espera uma alta de até 4,5% no ano. Só pode estar
faltando seriedade.
Observe-se o desempenho
de segmentos que ajudam a antever comportamentos futuros da economia, como os
bens de capital – isto é, maquinário usado pelos demais elos da cadeia para expandir
a produção. Eles exibem queda de quase 10% no ano até abril. A produção de bens
duráveis – como carros, eletrodomésticos e celulares, por exemplo – também cai
na mesma proporção.
Por todos estes
sinais, não restam dúvidas de que os impulsos que o governo vem dando à economia
não estão surtindo efeito. Há um problema crônico, que já vem de longa data, mas
que não tem obtido atenção oficial adequada: a repetida baixa da produtividade
industrial. Entre 2000 e 2009, a queda foi de 0,9% ao ano. As condições de
competitividade como um todo também mantêm-se sofríveis.
O governo já tentou
de tudo para “levantar” o PIB – usando uma acepção cara a Mantega. Incentivos
esparsos e fragmentados à indústria, por meio da edição de sete pacotes desde
2008. Desonerações tributárias a conta-gotas, concedidas a quem dispõe de mais
poder de pressão sobre Brasília, além da imposição de barreiras comerciais que
transformaram o Brasil no campeão mundial do protecionismo – como mostra hoje O
Estado de S.Paulo.
Entretanto, aquilo
que cabe estritamente ao governo, ele não faz: pôr em marcha um programa ousado
de investimentos públicos que melhore a competitividade do país e destrave o
ímpeto empreendedor privado. Não há rigorosamente nada sendo executado hoje a
contento pelo poder público federal. Na realidade, os investimentos estão em
queda: -3,5% até abril, como informou
o Tesouro Nacional anteontem.
Com os números
conhecidos hoje, vão se confirmando as previsões mais sombrias para o país neste
ano. Caminhamos para o segundo ano de naufrágio do governo Dilma. É um filme que
se repete, e que ninguém gostaria de assistir de novo. Seria bom a presidente rever,
urgentemente, o rumo que tem dado à gestão da economia. Parece evidente que o atual
não está dando certo.
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