Não deveria causar
surpresa que Lewandowski e Barbosa estejam convergindo a respeito do coração do
processo, ou seja, a origem dos recursos que alimentaram o mensalão. Na realidade,
relator e revisor curvaram-se à acachapante força de Sua Excelência, o fato: criminosamente,
o PT surrupiou os cofres públicos para eternizar-se no poder.
Ontem, Lewandowski
trouxe à luz minúcias a respeito de como o petista Henrique Pizzolato agiu na
diretoria de marketing do Banco do Brasil para antecipar R$ 73,8 milhões do
fundo Visanet – do qual o BB detém 32,3% – às agências de publicidade de Marcos
Valério. Trata-se de dinheiro que, logo em seguida, desaguaria no caixa do
partido e no bolso dos mensaleiros.
A antecipação autorizada
por Pizzolato – que lhe rendeu ontem a condenação por corrupção passiva,
peculato e lavagem de dinheiro pedida pelo ministro revisor – deu-se à revelia
de normas internas do BB e, uma vez auditada internamente, foi considerada
irregular. “Os recursos direcionados ao Visanet, além de serem vinculados do
BB, saíram diretamente dos cofres deste”, disse
Lewandowski.
Como se não
bastasse, mais R$ 2,9 milhões pagos ao BB por veículos de comunicação a título
de bonificação também foram desviados para os mensaleiros. Lewandowski
conseguiu provar que milhares de notas fiscais frias – 41,6 mil, segundo O Globo; 80 mil, de acordo com o Correio
Braziliense – foram emitidas para encobrir as operações, revelando-lhes
o caráter fraudulento.
O rigor demonstrado
até agora por Lewandowski merece celebração. O mesmo se aplica a Joaquim
Barbosa. No início da semana, o ministro relator do processo do mensalão já fizera
“a lição de casa com distinção e louvor, para não dizer à exaustão”, como
comentou O
Estado de S.Paulo ontem, em editorial.
Barbosa esmiuçou o
tortuoso caminho que o dinheiro público percorrera desde os cofres do BB até molhar
as contas do mensalão. Provara, por exemplo, que os tais bônus, que a defesa
dos réus diz pertencer às agências e não aos anunciantes, jamais constaram dos
contratos firmados pelo banco com a SMP&B de Valério.
Ao rigor dos
julgadores opõe-se a pilhéria zombeteira dos réus, talvez confiantes de que não
seriam imputáveis. Só isto pode explicar a forma com que um patrimônio do povo
brasileiro, como o Banco do Brasil, é tratado pela gestão petista – modelo imposto
por Lula, mas inalterado pela presidente Dilma Rousseff.
Recorda Eliane
Cantanhêde como a maior instituição financeira do país foi tomada de assalto logo
no começo do governo do ex-presidente e retalhada entre apaniguados políticos
do PT. Naquele longínquo começo de 2003, 21 dos 33 cargos de cúpula do BB e cinco
de suas sete vice-presidências já haviam sido trocadas e repartidas.
“Instalou-se o reinado
sindical. Os funcionários, desolados, já previam o que vinha por aí: tudo isso
que o julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal mostra ao vivo e em
cores, com enorme clareza”, escreve
a colunista, na Folha de S.Paulo. Ontem,
Lewandowski resumiu bem a situação: era uma “total balbúrdia”.
Só a mesma postura
arrogante e galhofeira pode explicar também como um parlamentar que está
prestes a ser condenado pela mais alta corte brasileira por peculato, lavagem
de dinheiro e corrupção passiva disputa uma das mais ricas prefeituras do país e,
ainda por cima, recebe na TV apoio explícito da ministra do Planejamento. Mas esta
certeza de impunidade que o PT exibe está com os dias contados.
No detalhe dos
fatos, restou clara a consistência dos votos do relator e do revisor do
processo do mensalão. No rigor da análise, ressalta evidente a existência dos
crimes. Na precisão do julgamento, será comprovado que, durante anos, o PT atacou
os cofres públicos para tentar manter-se eternamente no poder. O meu, o seu, o
nosso dinheiro agradecem a punição aos culpados por este assalto.
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