O destino do
deputado petista foi selado ontem com os votos dos ministros Cezar Peluso,
Gilmar Mendes, Marco Aurélio Mello e Celso de Mello. Cunha já foi condenado por
peculato e corrupção passiva, e, dependendo do voto do presidente do STF,
Carlos Ayres Britto, pode ser considerado culpado também por crime de lavagem
de dinheiro.
O ex-presidente da
Câmara dos Deputados no início do governo Lula já tem lugar assegurado no xilindró.
Em sua última participação no Supremo, Peluso sugeriu pena de seis anos de
reclusão para João Paulo Cunha. A sentença pode ficar maior, a depender da
manifestação de Britto nesta tarde. Com isso, o petista terá que cumpri-la em regime
fechado; na melhor das hipóteses, nos próximos anos passará suas noites na prisão.
O parlamentar
petista deve estar assustado. Afinal, ele e o PT apostavam alto na impunidade.
Cunha não apenas lançou-se candidato a prefeito de Osasco, na Grande São Paulo,
como, dez dias atrás, teve Miriam Belchior estrelando seu programa eleitoral. A
ministra do Planejamento foi à TV pedir votos para um mensaleiro condenado pelo
Supremo.
Junto com Henrique
Pizzolato, Marcos Valério e seus dois sócios na SMP&B, João Paulo Cunha cai
levando abaixo consigo também a tese de que o mensalão não passou de mera
manipulação de verbas de caixa dois eleitoral. Foi condenado com o STF reafirmando,
de uma vez por todas, que o esquema de desvio de recursos públicos existiu sim,
não importa o que farsantes tenham tentado afirmar em contrário.
João Paulo é o único
dos 37 réus que disputa – melhor dizendo, disputava – a eleição deste ano. Mas quantos
petistas não concorrem a cargo de prefeito em outubro movidos pela mesma
engrenagem que gerou Cunha e o mensalão? São várias as evidências, os indícios,
as provas de que o esquema continua a se reproduzir.
Vão desde a
participação descarada de ministros em atos de campanha a revelações de que os
cofres do Estado continuam a ser sangrados pelo PT para conquistar votos e,
assim, manter-se no poder. Passam, ainda, pela constatação de que a distribuição
de verbas públicas, que deveria obedecer a preceitos constitucionais, continua
sendo usada pelo governo petista como arma e munição eleitoral.
As palavras
do ministro Celso de Mello, decano do Supremo, sobre esta gente são irretocáveis:
“Agentes públicos que se deixam corromper e particulares que corrompem os
servidores do Estado são corruptos e corruptores, os profanadores da
República, os subversivos da ordem institucional, são eles os delinquentes,
marginais da ética do poder, são os infratores do erário, que trazem consigo a
marca da indignidade, que portam o estigma da desonestidade”.
A definição sobre o destino de João Paulo abre a
possibilidade de o Supremo também condenar todo o núcleo político que operou
freneticamente para assegurar a compra e a manutenção de uma base parlamentar de
apoio ao governo passado. Consideradas culpadas, como se espera, pessoas como
José Dirceu e José Genoino, todo o governo Lula e mesmo o ex-presidente também sofrerão
uma condenação, ainda que apenas moral.
Diante disso, apresenta-se a questão: como alguém cujo governo
está tendo sua lisura cabalmente contestada pela mais alta corte do país apresenta-se
faceiro na TV e no rádio em vários cantos do país para pedir votos a correligionários
do mesmo partido que reconhecidamente assaltou os cofres públicos? Mais: por
que dar votos a quem o maculado Lula está pedindo?
O mesmo PT que os ministros do Supremo estão condenando com
riqueza de provas está nas ruas para tentar ludibriar e conquistar o eleitor. O
mesmo esquema que os magistrados estão desnudando com fartura de detalhes em
Brasília está por trás das campanhas eleitorais petistas ao redor do país. A oportunidade
é única: se o STF já começou a condenar os mensaleiros e a dar à corrupção no Brasil
a punição que ela merece, nas urnas eles também devem ser reprovados.
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