Onde o Estado está
metido em demasia, o país está parado. Já são anos rodando em falso, sem sair
do lugar. Dia após dia, sucedem-se exemplos da ineficácia da gestão pública federal
nas áreas de logística, transportes, energia, saneamento e infraestrutura em
geral. Privatizar mostra-se, na maioria dos casos, a melhor solução. Infelizmente,
o PT demorou demais a admiti-lo, mas antes tarde do que nunca.
Vejamos, por
exemplo, o que acontece nas rodovias brasileiras. Segundo a mais recente edição
da Pesquisa CNT de Rodovias, tida como a melhor referência sobre o assunto, 87%
das rodovias sob exploração privada no país encontram-se em estado “ótimo” ou “bom”.
Nas públicas, só 32% estão nestas condições.
No extremo oposto, somente
1,4% das estradas sob concessão são consideradas “ruins” ou “péssimas”. Em números
absolutos, são 205 km nesta situação. Na malha rodoviária federal, nada menos que
30% das rodovias encontram-se nestas deploráveis condições, o que dá quase 23
mil km praticamente intrafegáveis em todo o país.
Esta é uma realidade
que não vem de agora. Há anos a deterioração da malha rodoviária se acentua a
olhos vistos, sem que os investimentos necessários fossem acelerados. Por anos, as
gestões petistas se recusaram a dar solução adequada ao problema, que só agora passará
a ser enfrentado por meio da concessão de nove trechos, perfazendo 7,5 mil km de
estradas.
A perspectiva é
positiva, mas ainda não passa de profissão de fé. O governo anunciou que
pretende assinar os novos contratos dentro de 13 meses, mas, infelizmente, os
prazos parecem otimistas demais para tantas perguntas sem respostas. Para começar,
das 21 concessões anunciadas nesta semana – 12 são de ferrovias, cujo modelo a
ser adotado é inédito no país – somente duas já contam com estudos de
viabilidade concluídos.
Vale lembrar que, de
2003 a 2012, o governo federal só conseguiu concluir oito concessões
rodoviárias no país, ainda assim deixando um rastro de lambanças em suas
esburacadas pistas: em quatro anos, só 10% dos investimentos previstos no último
lote de estradas privatizadas foram realizados.
Depois de muito
vacilar, o governo também foi capaz de licitar, no início deste ano, a exploração
de três aeroportos. Mas produziu, de novo, incertezas, dada a duvidosa capacidade
dos concessionários vencedores. Planeja, agora, manter-se majoritário nas próximas
concessões aeroportuárias, por meio da Infraero Participações – que será
constituída com ativos dos três aeroportos já licitados e dos dois próximos da fila
(Confins e Galeão), segundo Claudia Safatle, no Valor
Econômico. Trata-se de perspectiva desanimadora.
É lastimável como as
gestões petistas demoram tanto a enxergar o óbvio e insistem tanto em
perseverar no mau caminho. O que vem acontecendo com as companhias estatais
neste ano também serve para ilustrar as deficiências de desempenho do Estado
empreendedor adorado pelos petistas: no primeiro semestre, apenas 20% dos
investimentos previstos por elas, excluídas a Petrobras e suas subsidiárias, foram
efetivados, conforme mostrou o Valor
na segunda-feira.
Oxalá, esta
realidade esteja prestes a mudar. Por hora, o que há é um balaio de boas intenções,
que jogam no lixo da história o dogma ideológico petista, que tanto retrocesso
causou ao país nos últimos anos. Resta esperar para ver se o governo Dilma terá
competência para fazer o que o PT nunca conseguiu. Boas razões para privatizar não
faltam.
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