A delegação
brasileira terminou as Olimpíadas de Londres apenas na 22ª colocação. Foram conquistadas
17 medalhas, sendo três de ouro, cinco de prata e nove de bronze. Em
quantidade, foi a melhor marca da história; em qualidade, a participação do
Brasil ficou bastante aquém do que se projetava. O governo federal esperava entre
18 e 23 medalhas.
Há 16 anos, quando abiscoitou
15 medalhas em Atlanta, o país está estagnado no número de pódios conquistados.
O investimento público para preparar nossos atletas que foram a Londres foi recorde:
atingiu entre R$ 1,85 bilhão, segundo o Correio
Braziliense, e R$ 2,1 bilhões, nos cálculos do UOL.
Na conta, estão incluídos incentivos fiscais, gastos do Ministério do Esporte e
patrocínio de estatais.
Qualquer que seja a
cifra, representa um salto expressivo – entre 50% e 75% – em relação aos dispêndios
por ocasião dos jogos de Pequim, em 2008. É muito dinheiro para uma
contrapartida tão baixa: subir um degrau no quadro geral e trazer apenas duas medalhas,
uma de prata e uma de bronze, a mais – no caso das de ouro, foram duas a menos.
A Folha de S.Paulo
fez outras comparações, nas quais o desempenho brasileiro mostra-se ainda pior.
Em um ranking com a divisão do número de atletas inscritos (258 em 32
modalidades) pelo número de pódios, o Brasil ficaria apenas em 51° lugar entre
os 85 países que ganharam medalhas em Londres.
Pior ainda é a
colocação do Brasil nos rankings de produtividade por tamanho da população e
pelo PIB: no primeiro, o país seria apenas o 68°, e, no segundo, o 70°. Entre
os países que mandaram mais de 200 atletas, só Canadá e Polônia foram menos
premiados que nós.
Para 2016, a meta
oficial é elevar o Brasil pelo menos ao grupo dos dez melhores colocados. Levando-se
em conta o desempenho da Austrália, a décima melhor em Londres com 35 medalhas,
será preciso dobrar a performance brasileira daqui a quatro anos.
Se terá que suar
muito para fazer bonito nas quadras, fora delas o desafio de organizar as Olimpíadas
do Rio com maestria é ainda maior. Para começar, ainda não há sequer um
orçamento fechado com as estimativas de gastos com a organização do evento.
Quanto se
candidatou, em 2007, o Rio apresentou cálculos preliminares prevendo
investimentos de R$ R$ 28,8 bilhões. Deste valor, R$ 23,2 bilhões, para a montagem
da infraestrutura, virão de governos e R$ 5,6 bilhões sairão do Comitê Rio 2016
para operação do evento.
“Os projetos
mudaram. E há uma discussão sobre o que é conta olímpica e política pública. Além
disso, nem todas as obras têm projetos executivos. Somente em 2013 teremos um
orçamento”, adianta
a economista Maria Silvia Bastos Marques, que responde pela Empresa Olímpica
Municipal. As duas principais obras já estão atrasadas: o Parque Olímpico, na
Barra da Tijuca, e o complexo esportivo de Deodoro.
Os organizadores das
Olimpíadas do Rio devem mirar o que está acontecendo nos preparativos para a Copa
do Mundo, a se realizar daqui a menos de dois anos no país, para não repetir
erros. Embora o Brasil tenha sido escolhido há cinco anos para o torneio de
futebol, a maior parte das obras está atrasada, negando à população benefícios
mais duradouros.
Relatório divulgado
na semana passada pelo TCU informa que apenas 5,5% dos desembolsos para obras
de mobilidade urbana – que seriam o principal legado da Copa para a população
dos grandes centros – foram feitos até agora. Dos R$ 9,6 bilhões previstos,
somente R$ 327 milhões foram investidos.
Dificilmente todos os
empreendimentos prometidos para a Copa estarão prontos a tempo e alguns correm risco
até de se tornarem elefantes que se arrastam sem conclusão. O Brasil tem pela frente
o desafio de organizar, dentro dos próximos quatro anos, as duas maiores
competições esportivas do planeta. Fazer bonito em quadra é importante, mas
muito mais é transformar a beleza e a emoção do esporte em vetor para promover mais
qualidade de vida para os brasileiros.
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