Segundo o IBGE,
o setor cresceu 1,8% na comparação com março. Foi mais do que o mais otimista
dos analistas havia previsto. Assim como havia sido registrado na semana
passada no resultado do PIB do primeiro trimestre, novamente a produção de veículos
foi o motor da expansão. Sem os automóveis e caminhões, a alta da indústria teria
sido mais modesta: 0,5%.
Houve alta em todas
as chamadas “categorias de uso”, ou seja, bens de capital, intermediários e
consumo (duráveis e não duráveis). O mais impressionante, e positivo, foi o
desempenho da produção de máquinas e equipamentos, que cresceu 3,2% no mês e 24%
sobre abril de 2012 – só neste ano a alta já é de 15,5%.
Este indicador costuma
sugerir maior disposição dos empresários para investir no aumento da produção. É
um alento num país que precisa, urgentemente, superar suas deficiências e suas
defasagens, ampliar a oferta e, desta maneira, frear a inflação e melhorar suas
condições de competir com o resto do mundo.
Mesmo com a melhora,
o setor industrial brasileiro ainda não voltou aos níveis recordes que atingira
em maio de 2011 – falta avançar mais 2,6%. Há dúvidas, também, se o padrão de
abril irá se repetir ao longo do ano: até agora, a indústria cresceu bastante
em janeiro (2,7%), devolveu tudo em fevereiro (-2,4%), andou de lado em março
(0,8%) e acelerou forte agora.
A perspectiva para
este ano é de uma alta de 2,5%, ainda insuficientes para recompor a queda de
2,6% verificada em 2012. A trajetória ladeira abaixo foi iniciada em 2011,
quando a indústria brasileira só cresceu 0,4%.
Quem sabe os bons ventos
de abril ajudem a reorientar algumas políticas que vêm prejudicando o
desempenho da indústria brasileira nos últimos anos. Em especial, nossa acanhada
e retrógrada política comercial. Até os industriais brasileiros, antes
refratários à maior abertura, estão gritando pela liberalização.
É possível orientar
nossa política externa e nosso comércio internacional de maneira a tirar
benefícios de um mundo que se expande em direção a mais, e não menos, livre-comércio.
Uma das consequências será permitir que nossas indústrias se abasteçam de
insumos e matérias-primas mais baratas vindas do exterior e exportem produtos
de maior tecnologia e valor agregado.
O Brasil, porém, tem
estado na contramão desta salutar tendência: nos últimos dez anos, nossa
diplomacia limitou-se a fechar acordos comerciais apenas com Palestina, Egito e
Israel, além de negociações restritas com Jordânia, Índia e África do Sul. Está
passando da hora de mudar isso.
O governo brasileiro
poderia pôr seriamente sobre a mesa uma proposta de revisão das regras do
Mercosul. O bloco tornou-se uma camisa de força para a ampliação do comércio brasileiro, dada sua pretensão de ser uma (cada vez mais imperfeita) união
aduaneira, em que todos os países-membros são obrigados a adotar tarifas
externas comuns.
Este verdadeiro abraço
de afogados só tem trazido prejuízos aos brasileiros, à nossa economia e, em especial,
à nossa indústria. A relação com a Argentina, em particular, tornou-se uma dor
de cabeça, como demonstra mais uma investida do governo Kirchner contra
uma empresa brasileira, a operadora de ferrovias ALL, agora expropriada no país
vizinho.
As perspectivas positivas
que se abrem para a recuperação da indústria, em especial a de bens de capital,
também poderiam servir para que o governo petista destrave, de uma vez por
todas, seu programa de concessões e privatizações. O país precisa de
investimentos, notadamente em infraestrutura, e ninguém melhor que o capital
privado para sanar esta deficiência.
Numa temporada de
trovoadas, a indústria trouxe um alento. É possível que, por uma série de particularidades,
sua retomada ainda não seja tão exuberante quanto os números de abril sugerem. Trata-se
de um desempenho positivo, mas ainda longe de ter o vigor que o país precisa
para sair do atoleiro em que está metido. Para isso, será preciso fazer muito
mais.
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