A balança comercial
acumula rombo de US$ 5,4 bilhões neste ano até maio, conforme divulgou ontem a Secex.
Trata-se do pior resultado em 20 anos, isto é, desde que a série histórica
passou a ser tabulada pelo governo. Para se ter melhor noção do desastre, um
ano atrás o país exibia superávit acumulado de US$ 6,3 bilhões.
É preciso registrar
que o déficit atual está fortemente influenciado por uma manobra contábil urdida
pelo próprio governo. Para impedir que o superávit de 2012 não caísse mais do
que caiu (35% em relação a 2011), o registro de operações de compra e venda
externa de combustíveis pôde ser postergado.
Como maquiagens nunca
terminam bem, desde janeiro a balança brasileira vem sofrendo impacto de negócios
com petróleo e derivados que, na realidade, aconteceram no ano passado. No
total, US$ 4,6 bilhões foram sendo contabilizados ao longo destes cinco
primeiros meses do ano – o estoque se encerrou em maio.
Mesmo sem estas operações,
a balança brasileira estaria deficitária em US$ 800 milhões. Ou seja, com ou
sem manobras, o país teria produzido seu primeiro resultado negativo para o período
de janeiro a maio desde 2001 e a pior marca desde 1998. O resultado de maio,
embora superavitário (US$ 760 milhões), foi o menor para o mês em 11 anos.
O Brasil sofre a
síndrome da perda de competitividade. Nossas exportações encolhem, ao mesmo
tempo em que as importações não param de subir. O produto nacional não tem
fôlego para concorrer com o que vem de fora. No ano, as exportações caem 2,8%
na comparação com janeiro a maio de 2012; as importações, em contrapartida,
aumentam 9,8%.
Bens made in Brazil estão perdendo espaço no
exterior. O Estado de S.Paulo informa hoje que entre 2008, a partir do início da
crise internacional, e 2011, o país perdeu US$ 5,4 bilhões em vendas para Argentina,
México, Peru, Colômbia, Chile, Equador, Venezuela, Paraguai e Bolívia. De lá
para cá, deve ter ficado sem mais outro naco.
A participação em
mercados mais ricos, como o norte-americano, e mais robustos, como o chinês,
também está em queda. “Nos EUA (tradicional destino de itens manufaturados), a
fatia do país caiu cerca de um terço, para 1,1% de tudo que os americanos
importaram de janeiro a março”, registra a Folha de S.Paulo.
Nos negócios com os
norte-americanos, saímos de um superávit de US$ 5 bilhões em 2002 para um
déficit de US$ 5,6 bilhões em 2012. Já o comércio com os europeus, superavitário ao longo de uma década, passou ao vermelho, numa virada que começou
em 2011 e vem se aprofundando: nossas exportações para lá caíram 7% neste ano até
maio.
O país colhe os
frutos podres de uma opção equivocada – mais uma – adotada em sua política
externa. Presos a ideologias ultrapassadas, os governos petistas desdenharam a
aproximação com nações mais desenvolvidas e orientaram seus esforços para
mercados inexpressivos do mundo em desenvolvimento. Fechamos apenas três acordos
comerciais nos últimos dez anos.
O Brasil fez
justamente o contrário do que estão fazendo nações que estão dando muito mais
certo que nós. É o caso de Chile, Colômbia, México e Peru, que se juntaram num mercado
de US$ 2 trilhões e população de 209 milhões de pessoas em torno da Aliança para
o Pacífico.
O quarteto – cujo
acordo que isenta de tarifas 90% dos produtos comercializados entre si entra em
vigor no fim deste mês – concentra, ainda, 35% do PIB e 49% dos investimentos
diretos estrangeiros da América do Sul. Cada um deles cresceu em 2012 acima de
3,1%, a média do PIB na região e muito mais que nosso pibinho de 0,9%. É de se perguntar:
quem está fazendo a coisa certa?
A atitude dos
governos do PT isolou o Brasil do resto do mundo. Alijou nossas empresas das cadeias
produtivas globais. Apequenou nossa pauta exportadora e empobreceu nosso parque
industrial. O erro perpetrado por Lula e mantido pela presidente Dilma prejudica
a inserção do país no mundo, nos tolhe a competitividade e atrasa nosso
desenvolvimento. O Brasil precisa de mais e não de menos comércio com o mundo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário