É possível que o
pessoal esteja cansado da pasmaceira em que Dilma está afundando o Brasil. No
mandato dela, a nossa média de crescimento é de módico 1,8% ao ano. Só Fernando
Collor de Mello teve dois anos iniciais tão ruins assim; deu no que deu. A
previsão dos analistas para este ano vem caindo há cinco semanas e agora já está
abaixo de 2,5%, um vexame para quem começou o mandato prometendo média de 5%.
Em 2012, o Brasil
ficou na vice-lanterna do ranking de crescimento no continente. A presidente e
os petistas parecem ter gostado da situação: segundo prevê a Cepal, vamos
figurar de novo na rabeira da lista, superando desta vez apenas a Venezuela –
talvez por uma mórbida solidariedade ao chavismo, que agora até mamadeira quer
proibir por lá...
O Brasil governado
por Dilma também é uma jabuticaba no quesito inflação. Crescemos pouco, mas os
preços que pagamos por bens e serviços não param de aumentar. Enquanto vizinhos
como Chile, Paraguai e Peru têm índices de preços subindo ao redor de 2%, nossa
inflação ronda o limite da meta de 6,5% – neste mês, possivelmente arrebentará o
teto.
A carestia é
especialmente dramática para famílias mais pobres. Como elas destinam cerca de
um terço de sua renda para gastos com comida, são afetadas por aumentos maiores
nos itens de alimentação, que sobem 14% em 12 meses. Com isso, apenas a alta de
preços registrada desde meados de 2011 (12%) já foi capaz de fazer 22 milhões
de brasileiros voltarem para a parte de baixo da linha da miséria.
O jeito tem sido
cortar despesas e, com isso, as vendas em supermercados estão simplesmente despencando
– o comércio teve, em abril, o pior desempenho para o mês desde 2003, quando a
comparação é feita com os resultados de um ano antes. O motor do consumo está
rateando e não deve mais embalar o crescimento da economia como um todo.
Com o dólar subindo
como está, muita coisa vai ficar ainda mais cara no país. A moeda americana já
escalou 11,2% desde o início de março, quando atingiu sua cotação mais baixa
neste ano, e bateu ontem novo recorde em quatro anos. Num país que compra todo
tipo de quinquilharia do exterior, a decolagem do dólar vai bater direto no
bolso das pessoas. E vai doer ainda mais.
O Brasil governado
por Dilma também é uma excentricidade em termos de juros. Desde que a Selic
começou a aumentar, estamos entre os cinco únicos países do mundo que elevaram
sua taxa básica neste ano. Nosso juro real (2,1%) agora só perde para o da
China (2,7%) e o da Rússia (2,2%). Falta só um pouquinho para voltarmos à nada
honrosa liderança em que estivemos durante anos, em mais um feito da
presidente.
O governo petista
aposta que este clima ruim se dissipará tão logo comecem as outrora demonizadas
privatizações. Os leilões de concessão de aeroportos, ferrovias e rodovias
tornaram-se a sonhada tábua de salvação do governo Dilma. Mas será que
investidores, que hoje fogem do Brasil, irão se aventurar num cenário de tantas
incertezas? Já o pré-sal virou a caixinha dourada de onde o governo pretende
tirar os bilhões necessários para fechar suas contas neste ano. É o futuro
pagando as faturas do presente.
Mas não é só na
economia que os brasileiros encontram motivos de sobra para estar pessimistas e
indignados com o Brasil. A educação segue sendo uma vergonha nacional. Temos 12,9 milhões de analfabetos com 15 anos
ou mais de idade e 31,5% da população não completou o ensino fundamental, de
acordo com a Pnad
de 2011. Nossa média de estudos é tão ruim quanto a do Suriname, a pior de todo
o continente.
País rico é país bem
educado, menos para o PT. Não se veem razões para otimismo nas ações do governo
Dilma nesta seara. O Plano Nacional de Educação em discussão no Congresso tem
metas tímidas: por exemplo, alfabetizar, até 2020, as crianças até os oito anos
de idade, época da vida em que, atualmente, meninos e meninas mais bem nascidos
já estão noutra, lidando com laptops e computadores e balbuciando o inglês.
O descaso com nossos
brasileirinhos também se manifesta na frustrada promessa de expandir a educação
infantil, com construção de mais de 6 mil creches feita por Dilma em cima de
palanques. Até hoje, só uns 10% disso foi feito, se tanto. Desta maneira,
persiste um triste quadro: temos 11 milhões de crianças com idade entre 0 e 3
anos e, destes, 8 milhões jamais frequentaram uma creche.
Como se percebe, por
onde quer que se olhe, os brasileiros têm motivos às pencas para se indignar
com o que o governo petista lhes oferece. Ninguém deseja que mergulhemos numa
maré insanável de pessimismo, mas o que se espera é que a gestão da presidente
Dilma Rousseff se dê conta de que não conseguirá enganar mais ninguém com seu
mundo de faz-de-conta.
A contrastar com
tudo isso, está o despertar dos brasileiros para esta epopeia de malfeitos,
esta cronologia de descalabros, este desmoronar de esperanças e expectativas.
É, sem dúvida, neste caldo de insatisfação que se inspiram os cerca de 200 mil
brasileiros que foram às ruas em 12 das principais cidades do país ontem. Eles,
e não o governo petista, nos dão razões de sobra para ser otimistas.
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