A petista levou duas
semanas para fazer seu primeiro pronunciamento sobre os protestos que tomaram
ruas, praças e avenidas de todo o país neste mês de junho. Na sexta-feira passada,
convocou rede nacional de rádio e TV apenas para tentar convencer os manifestantes
que seu governo quer o mesmo que as ruas, ou seja, é poder, mas também é
oposição. Puro ilusionismo.
Como seus dez minutos
de fala mostraram-se inócuos para apontar qualquer saída para superar a crise,
a presidente partiu rapidamente para o ato seguinte. Transformou governadores
de estado e prefeitos de 26 capitais em coadjuvantes e supostos signatários de cinco
“pactos” para enfrentar os problemas e responder às manifestações. Pura maldade
e velhacaria.
Em meio aos “pactos”,
Dilma embutiu uma perniciosa, extemporânea e alienada proposta de instalar uma
constituinte para promover uma reforma política – algo que ninguém nas ruas
pedia ou pede.
Foi como se
oferecesse brioches ao povo, que cobra mais decência na gestão pública, menos
corrupção e mais serviços públicos de qualidade. Menos de 24 horas depois, sob
fortes críticas e a constatação de que cometera mais uma bobagem monumental, ela
já havia desistido da proposta.
Nas duas ocasiões em
que tentou agir até agora, Dilma perdeu oportunidade de portar-se como líder da
nação. Tentou ludibriar a confiança dos brasileiros, quando se espera dela credibilidade
e descortino. Tentou manobrar, quando o que se cobra dela é que simplesmente governe
o país. Falhou sempre, redondamente.
Fica cada vez mais
clara sua inaptidão para o cargo que ocupa. Um presidente da República não tem
o direito de errar tanto, vacilar tanto, enganar-se tanto num momento tão grave
quanto o que atravessa o país atualmente.
O vácuo de comando
que Dilma representa acabou abrindo espaço para uma temporada de frenéticas
decisões dos demais poderes, a fim de fazer frente ao clamor das ruas. Há boas
deliberações – como a derrubada da PEC 37, a transformação da corrupção em
crime hediondo, o fim do voto secreto em cassações.
Mas há também outras
preocupantes e perigosas: o Valor Econômico calcula que decisões relativas a saúde, educação e transportes
tomadas nos últimos dias custarão R$ 115 bilhões a mais, por ano, aos cofres públicos.
Tivesse a presidente
– tanto antes quanto agora – assumido seu papel, talvez as respostas estivessem
sendo mais adequadas. Mas, ao invés disso, Dilma gasta tempo e energia
discutindo um esdrúxulo plebiscito sobre temas de menor interesse e de efeito
imediato nulo para a melhoria das condições de vida da população.
Não é, porém, apenas
no furacão da crise que a omissão de Dilma cobra seu preço. A inapetência dela
também está presente na maior parte das reais causas que levaram os brasileiros
a se revoltar como não se via há décadas.
Além da corrupção e
dos maus serviços públicos de saúde, educação, transporte e segurança, os
protestos também decorrem da carestia, do aumento desenfreado dos preços. A inflação
é um dos combustíveis para a insatisfação.
Ocorre que a mesma
escalada que corrói os salários onera o custo das empresas. Há um desequilíbrio
latente que decisões recentes do governo federal geraram, e outras que vêm
sendo tomadas de cambulhada nos últimos dias tendem agora a agravar.
Reajustes tarifários
estão sendo suspensos, desonerações estão sendo distribuídas a bel-prazer, receitas
futuras estão sendo comprometidas no calor da pressão do dia. Por esta razão, já
se teme até pelos leilões de privatização previstos para o segundo semestre –
eles que são apontados como a única tábua de salvação para a economia
brasileira...
De tudo isso, fica a
pergunta: que país o governo da presidente legará às nossas futuras gerações? Em
que caótico estado geral ela está mergulhando o Brasil, de onde, cada vez mais,
fica claro que não consegue tirá-lo? A triste constatação é que, com Dilma
Rousseff, as crises entram no Palácio do Planalto de um tamanho e saem de lá de
outro, bem maior e mais assustador.
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