A Standard &
Poor’s (S&P) anunciou que decidiu colocar a nota dos títulos da dívida
brasileira em perspectiva negativa. É o primeiro passo para cortá-la, o que
pode ocorrer em até dois anos. “Nós poderíamos rebaixar o rating de crédito do
país nos próximos dois anos se continuar o crescimento econômico lento, os
fundamentos fiscais e externos mais fracos e a perda de credibilidade na
política econômica”, informou
a agência.
Notas de crédito
podem parecer algo exótico para cidadãos comuns, mas são termômetro para quem tem
que lidar com dinheiro. A perda de confiança encarece a captação de recursos,
torna os financiamentos mais escassos, reduz a disponibilidade de crédito. O rating
mais baixo enquadra o tomador do dinheiro na categoria de pagador duvidoso. É a
este caminho de dificuldades que a gestão Dilma está nos conduzindo.
O Brasil passou a
gozar de melhor reputação financeira há apenas cinco anos, o que aumentou o
interesse e o ingresso de investimentos estrangeiros no país. Agora, a
perspectiva é inversa e, assim como a S&P, outras agências de classificação
de risco podem fazer o mesmo movimento. E não só quanto ao governo: os ratings da Petrobras
e Eletrobrás também já foram atingidos pela decisão divulgada ontem.
Quando Lula foi
eleito, em 2002, cunhou-se no mercado financeiro a expressão “risco Lula”. Era
o temor de que, uma vez no poder, o PT fizesse o que passara a vida toda pregando:
mudar tudo o que estava aí. Era o que os petistas chamavam de “ruptura
necessária”. Na época, o dólar foi às alturas e a inflação disparou.
Felizmente, um grupo
mais ajuizado fez Lula e o PT converterem-se aos preceitos da responsabilidade,
plasmados na “Carta aos Brasileiros” – que o ex-presidente revelou recentemente
ter assinado muito a contragosto. Foi a decisão mais sábia que o partido jamais
tomou.
Enquanto o PT rezou pela
cartilha herdada do governo do PSDB, baseada em controle rigoroso da inflação,
responsabilidade com as contas públicas e livre flutuação do câmbio, o Brasil
foi bem – ajudado, ainda, por uma onda de prosperidade no mundo sem precedentes
há décadas. Mas foi só o PT fazer o que o PT acredita e defende para o caldo
entornar.
Nos últimos anos, já
a partir do fim do mandato de Lula, o cuidado no trato da coisa pública foi
implodido. O país convive com orçamentos paralelos, contas fictícias, contabilidade
desacreditada e fantasiosa, truques e salamaleques de toda ordem.
Ontem, numa nova
leva de manobras deste tipo, BNDES e Valec receberam novos aportes bilionários
para maquiar o cada vez mais catastrófico resultado fiscal – só para o banco já
foram R$ 310 bilhões desde 2009... Até as receitas do pré-sal, que nem leiloado
foi, e que por lei deveriam ir para educação, já estão entrando na conta para
fechar o superávit deste ano, revela hoje o Valor Econômico. Tudo para permitir que o Estado se agigante.
O controle da
inflação foi abandonado pela falácia de que precinhos um pouquinho mais altos
não doem, numa imitação barata dos modelos argentino e venezuelano de eficiência
e rigor. Dilma passará seus quatro anos de mandato sem cumprir uma vezinha
sequer as metas do Copom – desde 2009, aliás, não passamos nem perto. A
presidente parece que não fazia ideia, mas com isso derrubou o consumo – motor da
economia havia 38 trimestres – e inviabilizou investimentos.
O descontrole de
preços segue tão persistente e disseminado que o Banco Central avisou, por meio
da ata divulgada ontem, que provavelmente terá que continuar elevando os juros.
Também na política monetária, o Brasil de Dilma é uma autêntica jabuticaba:
entre 90 países, estamos entre os cinco que aumentaram suas taxas neste ano –
nossos companheiros nesta façanha são Egito, Gâmbia, Gana e Tunísia. Com a nova
alta da taxa básica, prevista para julho, voltaremos ao topo dos rankings
mundiais de juros reais.
O desarranjo conflui
para um desempenho geral pífio na economia. Pelas previsões atuais, o Brasil será
o país com o segundo pior crescimento na América do Sul, atrás apenas da
Venezuela. Segurar a lanterna já se tornou um hábito no governo de Dilma – no ano
passado, só ganhamos do Paraguai, que agora nos deixou para trás e deve liderar
a expansão no continente.
Um conjunto tão
vistoso não poderia passar incólume. Quem tem dinheiro aqui já começa a ficar
muito ressabiado e a pôr as barbas de molho: no último mês, o custo de proteção
contra um calote da dívida brasileira registrou a maior alta entre as
principais economias do mundo, diz o Valor.
Dilma Rousseff chegou
ao Planalto apresentada pelo PT como diligente gerente. Passados pouco mais de
dois anos, mostra-se uma catastrófica governante. Sua gestão é grotesca, caótica,
irresponsável, perdulária.
Se o temor quanto a Lula acabou mostrando-se, em boa
medida, infundado, a ameaça de a atual presidente nos levar para o buraco vai
se tornando cada dia mais presente. O “risco Dilma” entrou no radar do mundo e
todos querem distância dele.
Nenhum comentário:
Postar um comentário