O resultado oficial do PIB no segundo trimestre só será
conhecido daqui a 15 dias. Mas ontem o Banco Central divulgou
sua prévia do indicador, com alta de 0,9% entre abril e junho. Na aparência é
um bom resultado, mas na essência não.
O chamado IBC-Br quase nunca coincide com as estatísticas do
IBGE. A realidade tende, infelizmente, a decepcionar. No primeiro trimestre,
por exemplo, para o BC a economia brasileira havia acrescido 1,1%, mas o resultado
oficial foi de módico 0,6% no período. Quem sabe agora melhore...
Qualquer que seja o número definitivo, porém, uma coisa é
certa: terá sido o pico do crescimento econômico do país neste ano. Já estamos em
franco descenso, tropeçando ladeira abaixo. E o pior é que, pelo que dizem
alguns analistas, o fundo do poço ainda não chegou.
Lembra aquele “pibão grandão” que Dilma Rousseff prometeu
para o Brasil em 2013? Esqueça. Neste ano, até vamos conseguir crescer mais que
o 0,9% de 2012, mas será muito menos do que conseguirão alcançar países com
natureza econômica parecida com a nossa, como os vizinhos latino-americanos. No
continente, apenas a Venezuela e o El Salvador irão tão mal quanto nós.
O Brasil está descolado do resto do mundo. Para baixo. Há,
não se pode negar, um retrocesso disseminado nas perspectivas mundiais, mas ele
é muito menos severo no geral do que aqui. Com Dilma no comando, afundamos
feio.
Quem sabe a presidente não nos entrega o “pibão grandão” em 2014?
Jamais. O ano que vem pode ser ainda pior que o atual. Há dois meses, o Boletim
Focus do BC apontava previsão de uma expansão média de 3,5%, percentual que
agora já caiu para 2,5%, numa deterioração rápida como há muito não se via.
“Ainda há a perspectiva de que novas revisões para baixo
virão. Além disso, entre os economistas já há quem vislumbre expansão de apenas
1% na economia brasileira em 2014, percentual inferior ao piso das estimativas
para 2013, de 1,7%”, alerta o Valor Econômico em sua edição de hoje.
Segundo a FGV,
o país corre risco até de afundar numa recessão, numa probabilidade que chega a
40%. Longe, portanto, de ser pequena. Há todo um caldo desfavorável, a começar
pela desconfiança generalizada de empresários e consumidores, que trava
qualquer reativação de ânimo na economia: hoje o nível é tão baixo quanto o de
quatro anos atrás, no auge da crise mundial.
Há, também, um desarranjo latente nas condições macroeconômicas.
O governo federal não tem o menor controle sobre suas despesas e vive de
remendos para fechar as contas. Os investimentos públicos não decolam: dos R$ 49
bilhões de aumento de gastos não financeiros no primeiro semestre, só R$ 300
milhões tiveram este destino.
A inflação só se mantém confinada aos limites da meta porque
um monte de tarifas públicas está sendo maquiado e represado. Mas a carestia não
terá refresco com o dólar, que continua escalando e ontem atingiu a maior cotação
em mais de quatro anos. O céu é o limite.
O lucro das empresas brasileiras está estacionado. E, para
completar, o programa de privatizações que a gestão petista alçou à condição de
tábua de salvação do governo Dilma ainda suscita dúvidas entre empresários, que
estão querendo distância da insegurança que vigora no Brasil.
Se somarmos tudo, vamos ver que estamos vivendo uma espécie
de “risco Dilma”. Há uma mistura de desconfiança, perda de credibilidade,
incerteza quanto ao futuro, repulsa a um histórico de improvisos e um temor crescente
quanto à possibilidade de uma estagnação mais assombrosa. A receita da
presidente não deu certo. O “pibão” deu em pibinho.
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