Os maus negócios da Petrobras vêm se dando em suas operações
de venda de combustíveis, como relata o Valor Econômico em sua edição de hoje. Desde que o PT assumiu o comando do
país, as refinarias da companhia venderam R$ 1,15 trilhão em combustíveis e não
ganharam nadinha com isso. Pelo contrário: as operações causaram perda de R$
663 milhões à empresa no período.
A situação agravou-se nos últimos dois anos e meio. De janeiro
de 2003 a junho último, a Petrobras vendeu R$ 540 bilhões em combustíveis e
obteve prejuízo de R$ 39,6 bilhões com a operação. O rombo anulou os lucros
alcançados pela empresa com a comercialização de derivados nos oito anos
anteriores.
A razão desta desastrosa trajetória empresarial é conhecida:
a política adotada pelo governo federal em relação ao preço dos combustíveis
vendidos no país. Para evitar uma disparada ainda maior da inflação, os valores
cobrados dos consumidores ficaram longos períodos praticamente congelados,
obrigando a Petrobras a matar as perdas no peito.
É incrível como uma empresa petrolífera é forçada a atuar por
anos a fio sem poder lucrar com seu principal negócio, ou seja, vender os combustíveis
que produz e refina. Mas é isso o que está ocorrendo no país na era petista. Não
fossem os ganhos obtidos com a área de exploração e produção de petróleo, a Petrobras
provavelmente teria naufragado de vez.
Atualmente, os preços dos combustíveis praticados no Brasil
estão defasados cerca de 30% em relação ao mercado internacional. Com a escalada
recente do dólar, a situação agravou-se e a companhia passou a acumular perdas
mensais de R$ 700 milhões. A possibilidade de conceder novo reajuste passou a
ser considerada pelo governo.
Por vários outros aspectos, a estatal não passará incólume
pela experiência de gestão levada a cabo pelos petistas. Eles foram os
primeiros depois de Fernando Collor a levar a empresa a produzir menos petróleo,
quebrando uma série ascendente que vinha desde a gestão Fernando Henrique. Sem falar
também no primeiro prejuízo trimestral contabilizado neste século, registrado
no segundo trimestre do ano passado.
Desde o início de 2010, a Petrobras perdeu praticamente
metade de seu valor de mercado. Quase US$ 100 bilhões evaporaram ao longo do
período, à medida que foi ficando evidente que a companhia terá dificuldades
crescentes para honrar seus compromissos, principalmente os do pré-sal. Boa parte
do dinheiro injetado pelos acionistas na operação de capitalização, em 2010, simplesmente
evaporou.
A interferência da política federal nos preços praticados
pela Petrobrás também causa outro indesejável efeito indireto: deprime a produção
brasileira de etanol. Como o combustível renovável concorre diretamente com os
fósseis, o valor cobrado por estes limita o praticado sobre aquele. Como consequência,
o setor agoniza.
Nas duas últimas safras, a produção nacional de etanol caiu
15%, levando dezenas de usinas a fechar as portas e a demitir mais de 18 mil
trabalhadores. O Brasil, que figurava como provável maior potência produtora e exportadora
de combustível limpo e renovável do mundo, hoje chega a importar álcool dos
Estados Unidos...
Ao mesmo tempo, a política de subsídio aos preços da
gasolina resulta em aumento explosivo do consumo deste combustível,
contribuindo para piorar as nossas condições ambientais. No ano passado, enquanto
o consumo total de combustíveis cresceu 6% no país, o de gasolina aumentou 12%
e o do etanol caiu 9,6%. Nos dois últimos anos, a frota de veículos flex que
usam etanol caiu à metade.
Usar uma empresa como a Petrobras como instrumento de
manipulação de mercado só serve para produzir desequilíbrios e ineficiências. A
estatal é um patrimônio do povo brasileiro que o governo petista está
dilapidando, ao mesmo tempo em que coloca o país na contramão do que o mundo cada
vez mais pratica em relação ao desenvolvimento sustentável. É um mau negócio,
em todos os aspectos.
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